DECRETO N. 13.535 – DE 9 DE ABRIL DE 1919
Approva o regulamento de tiro para a artilharia de campanha
O Vice-Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil, em exercicio, usando da attribuição que lhe confere o art. 48, n. 1, da Constituição, resolve approvar o regulamento de tiro de artilharia, que com este baixa, organizado pelo Estado-Maior, como revisão e unificação do regulamento de tiro de artilharia de 1914 com seu complemento de 1916 e assignado pelo general de brigada Alberto Cardoso de Aguiar, ministro de Estado da Guerra.
Rio de Janeiro, 9 de abril de 1919, 98º da Independencia e 31º da Republica.
DELFIM MOREIRA DA COSTA RIBEIRO.
Alberto Cardoso de Aguiar.
Regulamento de tiro para a artilharia de campanha
PRELIMINAR
1. O fogo da artilharia de campanha deve abrir o caminho da victoria. Por isso, o principal para elle é atirar bem a tempo da posição apropriada, contra o objectivo conveniente.
2. São condições essenciaes á boa execução do tiro:
Exacto conhecimento do material;
Segurança e uniformidade no serviço das peças;
Perfeita harmonia de todos os orgãos do serviço;
Rigorosa disciplina de fogo;
Judiciosa conducção do fogo.
Essas condições só podem ser preenchidas mediante interrupto exercicio durante todo o anno.
3. Para se obter no tiro o rendimento maximo de uma bateria é imprescindivelI que o funccionamento combinado de todos os seus orgãos – officiaes, inferiores e artilheiros – se realize com unidade e sem difficuldades. Só deste modo a bateria poderá ser manejada pelo capitão como uma arma única.
4. As regras de tiro consideram apenas as situações mais frequentes no combate. Em casos especiaes deve-se agir segundo o espirito do regulamento, sem acanhado apego á sua lettra. E’ preciso tirar inteiro partido de toda indicação colhida durante o tiro, afim de obter-se prompta efficacia.
5. Todos os commandantes teem o dever de assegurar a interpretação do espirito do regulamento e o exercicio sobre todas as suas partes.
PARTE I
Noções sobre o tiro
I – GENERALIDADE E DEFINIÇÕES
6. Chama-se trajectoria o caminho que o projectil percorre no ar.
7. Influem sobre a fórma da trajectoria:
a) a direcção e a velocidade do projectil ao sahir da bocca da peça;
b) a acção da gravidade;
c) a resistencia do ar;
d) a rotação do projectil em torno de seu eixo longitudinal.
Si obedecesse unicamente á direcção e velocidade iniciaes, o projectil seguiria em linha recta com velocidade constante.
Si a estas duas influencias se juntasse apenas a da gravidade, elle descreveria uma linha curva, cujo ponto mais alto ficaria no meio e cujas metades teriam a mesma fórma.
A resistencia do ar, retardando o movimento do projectil para a frente, modifica a fórma da trajectoria de tal modo que o ponto mais alto fica mais perto do fim, e que a curvatura torna-se tanto mais forte quanto maior a distancia percorrida.
A rotação do projectil em torno de seu eixo longitudinal, determinada pelo raiamento da alma, tem por fim impedir que elle se volte no ar, isto é, assegurar-lhe a conservação da ponta para a frente. Como effeito dessa rotação dá-se uma derivação do projectil para o mesmo lado do sentido de raiamento.
8. Linha de sitio é a recta que une a bocca da peça ao ponto que se quer attingir no objectivo ou em sua cobertura.
Linha de risada é a que une a origem da visada ao ponto de risada, que póde ser um ponto do proprio objectivo, um ponto de pontaria ou de referencia, a luneta de bateria, a luneta de uma peça. No primeiro caso a pontaria é directa, nos demais indirecta.
Linha de tiro é o prolongamento do eixo da alma (OT, fig. 1).
Plano de tiro é o plano vertical que contém a linha de tiro.
Plano de risada é o plano vertical que contém a linha de visada.
Angulo de sitio é o angulo que a linha de sitio fórma com um plano horizontal.
Angulo de tiro é o angulo que a linha de tiro forma com a linha de sitio (TOS). Vem a ser a alça dada á peça para que a trajectoria corresponda á desejada distancia, sobre a linha de sitio. (*)
Angulo de elevação é o que forma a linha de tiro com um plano horizontal (TON). E’ igual ao angulo de tiro mais o de sitio com seu signal.
Angulo de risada ou deriva é o angulo formado pelo plano de visada com o plano de tiro.
9. Ponto de quéda do projectil é aquelle em que a trajectoria encontra a linha de sitio (S).
CLBR Vol. 2 Ano 1919 Pág. 280 Figuras 1 e 2.
Ponto de chegada é aquelle em que a trajectoria encontra o terreno.
Ponto de impacto é aquelle em que a trajectoria encontra o objectivo.
Alcance da trajectoria é a distancia da bocca da peça ao ponto de queda (OB, OC, fig. 2).
Angulo de quéda é o que forma com a linha de sitio a tangente á trajectoria no ponto de quéda.
10. Velocidade inicial é a que o projectil tem ao sair da bocca. E’ expressa pelo numero de metros que elle percorre em um segundo si a conservasse.
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(*) O angulo de tiro é pois independente do angulo de sitio, pois é, qualquer que seja a linha de sitio, para alcançar sobre ella a mesma distancia, alça-se do mesmo angulo a linha de tiro.
A velocidade inicial é a maior, o angulo de tiro o menor, a trajectoria a menos curva, o angulo de quéda o menor, tudo para o mesmo alcance, quando se emprega a carga de projecção completa: tiro rasante.
Quanto menor a carga de projecção tanto menor a velocidade inicial, tanto maior tem que ser o angulo de tiro para o mesmo alcance; por conseguinte, trajectoria tanto mais curva, angulo de quéda tanto maior: tiro curvo.
A velocidade restante em um ponto qualquer da trajectoria exprime-se pelo numero de metros que o projectil percorreria em um segundo se conservasse a velocidade de que está animado nesse ponto.
Com a mesma carga de projecção ella diminue á medida que o espaço percorrido augmenta. A’s distancias muito grandes – no tiro curvo do obuz, mesmo ás distancias médias – ella torna a crescer porque a acceleração produzida pela gravidade na quéda do projectil é maior do que o regulamento causado pela resistencia do ar.
11. Vertice da trajectoria é o seu ponto mais elevado acima da linha de sitio.
CLBR Vol. 2 Ano 1919 Pág. 281 Figura 3.
Elle fica mais proximo do ponto de quéda do que da bocca da peça.
Ordenado de um ponto qualquer da trajectoria é a perpendicular que vai delle á linha de sitio.
Flecha é a ordenada maxima, que é a do vertice da trajectoria.
Ramo ascendente da trajectoria é a parte desta anterior ao vertice. A parte posterior é o ramo descendente. Este é menor e mais curvo do que aquelle. O angulo de quéda é maior do que o angulo de tiro.
12. Zona rasada é a extensão do terreno na qual a trajectoria não se eleva a altura maior do que a do objectivo considerado.
Zona perigosa é a extensão limitada nas mesmas condições sobre a linha de sitio.
Zona batida é a extensão do terreno coberta pela chegada dos projectis inteiros, halins ou estilhaços.
13. Linha de cobertura é a que une a crista da cobertura ou da mascara á bocca da peça (PM, fig. 3).
Angulo de cobertura é o que forma a linha de cobertura com o plano horizontal (HPM).
Linha de desenfiamento de uma cobertura ou mascara em relação a uma posição inimiga é a linha que passa por essa posição e pela crista da cobertura ou da mascara (ON).
Angulo de desenfiamento é o que a linha de desenfiamento forma com a de cobertura (PMN). A grandeza do desenfiamento mede-se pela distancia vertical do solo á linha de desenfiamento. Consideram-se tres zonas de desenfiamento, segundo sua grandeza: zona de pequeno desenfiamento, comprehendendo o do material (1m,40), o do homem a pé (1m,65) e o do cavalleiro (2m,50); zona de desenfiamento meio, entre o do cavalleiro e o dos clarões (este ultimo de quatro metros); zona de grande desenfiamento – maior que o dos clarões.
14. Espaço morto de uma linha de fogo é a distancia além da crista da cobertura ou mascara que não póde ser batida porque o tiro incidiria na massa cobridora.
Alça mínima é a somma do espaço morto com o espaço immediato (distancia da linha de fogo á crista cobridora).
II – PROBLEMAS A RESOLVER COM AUXILIO DA TABELLA DE TIRO
15. Calcular uma ordenada. Sejam: d a distancia de um objectivo, a a distancia do ponto cuja ordenada se procura na trajectoria correspondente, d e a os ângulos de tiro para essas distancias. Na tabella de tiro ha uma collumna que dá para as diversas distancias o deslocamento vertical do ponto de impacto para cada millesimo de augmento no angulo de tiro (approximadamente d/1000). Ora, com o angulo de tiro a attingir-se-ia a distancia a, isto é, o pé da ordenada procurada; augmentando esse angulo de tiro até attingir a ter-se-ia levantado esse ponto de (d – a) a/1000 ou pela tabella, (d – a) na, sendo na o numero lido na columna citada e na linha correspondente á distancia a.
Exemplo: alça 3.600m; qual a ordenada da trajectoria a 800m da peça?
d = 137; a = 16; d - a = 121;
na = 0,8
y = 0,8 X 121 = 96m,8
16. Determinar a abcissa do vertice. Ella é dada pela distancia em que a somma do angulo de tiro com o de queda é igual ao angulo de tiro da trajectoria considerada.
Exemplo: alça 3.800m: a que distancia da peça fica o vértice da trajectoria?
A tabella de tiro dá para 3.800m o angulo de tiro 149, Procura-se então a partir de 1.900, pois que o vértice só póde estar na segunda metade do alcance, a distancia para a qual a somma do angulo de tiro com o de queda dê esse valor.
Acha-se para a distancia 2.100 o angulo de tiro = 69 e o angulo de queda q = 88, isto é, + q = 148. Portanto, 2,100m é abcissa procurada.
17. Determinar a zona perigosa. Pela definição (12) vimos que ella depende do objectivo considerado, isto é, ha uma zona perigosa para o cavalleiro, outra para o homem em pé, de joelhos, etc. Para os ângulos de queda até 200 millesimo tem-se uma appoximação sufficiente para a zona perigosa pela formula
Z = 1000h
q,
Sendo h a altura do objectivo.
Exemplo: a 2.000m qual é a zona perigosa para o material de artilharia?
h = 1m,40; a tabella dá q = 82; portanto Z = 1400 = 17m
82
18. A zona desenfiada do tiro atrás de uma altura ou mascara resistente póde calentada pela mesma formula.
Exemplo: uma crista situada 12m acima da linha de sitio de uma bateria inimiga deita distante 2.400m, até onde desenfia aos tiros dessa bateria?
Z = 12000 = 109m,
110
isto é, até 100m atrás da crista a bateria inimiga não poderá lançar tiros perculentes.
Para o tiro com sht, será preciso augmentar o angulo de queda de metade da abertura do cone de arrebentamento. Pela tabella de tiro podemos tomar para a distancia 2.400 esse angulo igual a 20 gráos; metade 10º ou 180 millesimos; será, pois,
Z = 12000 = 40m,
290
isto é, a referida crista só desenfiaria aos batins até 40m de distancia de seu pé.
19. O espaço morto determina-se com um sitometro luneta de bateria estacionado na crista ou na posição de tiro. Mede-se o angulo de cobertura (13) e delle substrahe-se com seu signal o angulo de sitio da bateria, isto é, do objectivo em relação á bateria. Tomando-se essa differença como angulo de tiro, o espaço morto é dado pela distancia correspondente indicada na tabella de tiro.
Exemplo: angulo de cobertura da bateria 30 millesimos; angulo de sitio da bateria 194, isto é, – 6; differença 30 – ( – 6) = 36; alça correspondente indicada na tabella = 1.450, que é o espaço morto para aquelle angulo de sitio.
20. Relação entre o angulo de desenfiamento n, a grandeza do desenfiamento h e a distancia da bateria á crista d’
d’ = 1000h h = nd’ .
n 1000
A primeira fórmula resolve o seguinte problema: a que distancia da crista deve ficar a bateria para ter tal desenfiamento em relação a tal posição inimiga?
A segunda resolve este outro: que desenfiamento tem a bateria a tal distancia da crista em relação a tal posição?
Exemplo do 1º caso: Uma cobertura dá um angulo de desenfiamento de 125 millesimos em relação a um determinado objectivo: a que distancia da crista cessa o desenfiamento do cavalleiro?
Tem-se n = 125; h = 2m,50, portanto
d' = 2500 = 20m.
125
Exemplo do 2º caso: Si nas mesmas condições acima figuradas a bateria avançasse até 12m da crista que desenfiamento teria?
n = 125; d’ = 12
portanto h = 125 X 12 = 1500 = 1m,50.
1000 1000
21. Posição limite de uma bateria atrás de uma cobertura para bater até determinado ponto. Em outras palavras: até onde póde a bateria approximar-se da crista da cobertura para que seu espaço morto não exceda de tanto?
Procura-se na tabella o angulo de tiro E correspondente á distancia E (espaço morto); seja Sb o angulo de sitio (estimado) do ponto do terreno situado á distancia E da crista, em relação á bateria. Faça-se a somma algébrica
E X Sb.
Esta somma é o angulo de cobertura (13) para a posição limite.
1º caso. A luneta de bateria ou outro sitometro póde ser assentado na crista. Orienta-se a ocultar como para observar o inimigo, volta-se a objectiva par trás e dá-se ao reflector a deriva vertical negativa E + Sb.
O ponto onde a linha de visada encontrar o terreno (em rigor, um auxiliar visado em uma parte do corpo que fique na mesma altura que a objectiva) dará a posição limite. Desde que a bateria não a ultrapasse, sue espaço morto não excederá de E.
Exemplo: a bateria deve tomar uma posição coberta de onde possa bater o inimigo ainda mesmo quando este chegar a uma linha do terreno que fica a 500m da crista. E = 500, E = 8.
Seja Sb = 198, isto é, - 2.
E + Sb = 6.
Põe-se o reflector a 194 e procede-se como acima foi indicado.
2º caso. Não se póde ir á crista; é preciso da própria encosta de cobertura determinar a posição limite da bateria.
Procura-se por tentativas uma posição que dê para angulo de cobertura o valor E + Sb.
No mesmo exemplo acima figurado ter-se-hia que procurar uma posição onde a luneta de bateria, com a objectiva a 0m,90, do solo desse a crista o angulo de sitio 206.
III – FUNCCIONAMENTO E EFFEITOS DOS PROJECTIS
22. Quando em um projectil atirado com espoleta de tempo (et.) a combustão do mixto da espoleta dura mais que convém á respectiva trajectoria, obtem-se um ponto de arrebentamento baixo (b) ou abaixo do objectivo (ab) ou por percussão (+ ou -).
Si a combustão termina mais cedo do que convém, o ponto de arrebentamento é alto (a).
23. A distancia do ponto de arrebentamento á linha de sitio chama-se altura de arrebentamento: ao objectivo, distancia de arrebentamento.
24. Os batins e os estilhaços projectam-se segundo um cone cujo vértice no ponto de arrebentamento e cujo eixo é o prolongamento da trajectoria do projectil inteiro . A abertura desse cone depende da velocidade restante no momento em que o projectil arrebenta, tanto de translação como de rotação , do effeito da carga de arrebentamento e da natureza dos batins.
O cone é tanto menos aberto quanto maior a velocidade retante e menor a produzida pela carga de arrebentamento; inversamente, tanto mais aberto quanto menor a velocidade restante e maior a produzida pela carga de arrebentamento.
25. As tabellas de tiro dão os valores para a abertura do cone de arrebentamento. Alguns batins e estilhaços são projectados fóra desse cone assim definido. No sh, os batins espalham-se quasi uniformemente dentro do cone.
Na gr, cujo grande cone de arrebentamento a forma apropriada ao emprego contra tropas abrigadas atrás de coberturas, ha um cone central quasi vasio.
26. No shp, os estilhaços são projectados para a frente directa e obliquamente; na grp, também para os lados e na gr. Do obuz até mesmo para a rectaguarda.
27. O effeito dos projectis no tiro percutente depende muito da natureza do solo; o terreno duro e plano favorece a efficacia, molle e accidentado a prejudica. Só se póde contar com bom effeito si a percussão se der nas immediações do objectivo. A efficacia do shp, só é boa a pequenas distancias; a de grp, é quasi independente da distancia. No canhão a efficacia da grp, é muito superior á do shp, contra as guarnições protegidas pelos escudos das peças e contra tropas occultas em mattas altas.
28. Para a demolição de objectivos resistentes serve qualquer dos projectis em tiro percutente, sendo que o do obuz é muito mais efficaz que o do canhão. Com este se podem destruir obras communs de alvenaria; si fôr maior a resistência é preferível o sh, á gr, porque o arrebentamento desta, sendo mais prompto , impede uma penetração mais profunda. A maxima efficacia é produzida pela granada do obuz atirada com retardo.
29. No interior de edifícios as destruições e os effeitos sobre a guarnição são maiores com o gr, do que com o sh.; o projectil do obuz é superior ao do canhão. Em condições favoráveis póde-se contar com o effeito incendiário de qualquer dos projectis.
30. Para atravessar coberturas horizontaes é necessario o tiro curvo com angulo de queda de mais de 26º, o que só se obtem com a alça superior a 2.000m. no tiro curvo c. r. a granada do obuz é capaz de atravessar a cobertura de quaesquer abrigos de campanha.
31. No tiro de tempo a efficacia depende, além da grandeza do cone de arrebentamento, da altura e da distancia de arrebentamento, também da velocidade restante do projectil e da acceleração produzida nos batins e estilhaços pela carga de arrebentamento, bem como do numero e grandeza destes. Além disso, também influe o angulo de queda; quanto maior elle fôr, tanto maior a probabilidade de attingir o pessoal atrás de abrigos. A’ medida que os batins e estilhaços se afastam do ponto de arrebatamento vão se dispersando, a densidade diminue e com ella a probabilidade de ferir um objectivo de determinada grandeza; também diminue a força de penetração.
32. A’s distancias principaes de combate (até 3.500m) a efficacia do sh, é boa desde que as alturas de arrebentamento sejam normaes e as instancias de arrebentamento de – 15c até – 30m.
A distancias menores ou contra objectivos de maior superfície exposta, ainda se obtem efficacia sufficiente mesmo com distancias de arrebentamentos maiores. Contra objectivos de pequena superfície exposta convém as pequenas distancias de arrebentamento, com altura correspondente. O sólo duro e horizontal, ou em declive descendente, augmenta a efficacia pelos ricochetes; o mesmo não acontece no terreno frouxo e ascendente.
33. A consideravel profundidade da zona batida e o grande numero de balins tornam o cht. Especialmente apto para bater quaesquer objectivos vivos, desde que não estejam atrás ou debaixo de coberturas ou em mattas altas. Mesmo contra as partes menos protegidas da guarnição de baterias de escudos elle dá bastante efficacia.
Mais de 80 % dos ferimentos occasionados em homens pelos balins ou estilhaços, com os pontos de arrebentamento nas condições referidas, põem-nos fóra de combate. Contra cavallos, ás distancias normaes de combate, principalmente com distancias de arrebentamentos inferiores a 100m, a penetração dos balins é tal que os ferimentos nos ossos ou nas partes molles de orgãos importantes acarretam quasi sempre a incapacidade immediata para o serviço.
34. Contra objectivos terrestres a grt. age principalmente pela parte do cone de arrebentamento dirigida directamente para baixo. A dispersão em profundidade é muito pequena, de sorte que só ha efficacia na gr. do canhão, si o ponto de arrebentamento fôr a quem do objectivo, muito perto delle; na do obuz igualmente, ou acima ou pouco além.
Contra objectivos aereos é de esperar boa efficacia da grt. do obuz desde que o arrebentamento se dê perto do objectivo, acima ou abaixo, além ou a quem, mesmo ao lado.
35. A dispersão em largura é muito maior na grt. do obuz do que na do canhão, permittindo bater grandes frentes, até duplas da bateria.
A granada tempo do obuz torna-o portanto apropriado do tiro contra objectivos cobertos cuja frente não se tenha conseguido ficar bem.
Em geral, no canhão 75 % e no obuz 80 % dos estilhaços da granada põem os feridos fóra de combate.
36. No tiro de tempo póde-se, baseado na dispersão do projectil, obter rapidamente a efficacia sem ser indispensavel conhecer desde logo a distancia a que se acha o objectivo. Basta para isso determinar um espaço de certa profundidade onde elle esteja comprehendido (garfo). Uma vez isto conseguido, atirar-se com differentes alças nesse espaço e assim tem-se probabilidade de attingir o objectivo pelo menos com uma dellas. Proseguindo o tiro trata-se de descobrir qual a mais efficaz dentre essas alças (alça favoravel) ou, pelo menos, eliminar as inefficazes.
No tiro de percussão procura-se logo obter a distancia média, pois só haverá efficacia si os tiros cahirem nas immediações do objectivo.
IV – DISPERSÕES
37. Algumas das causas que influem na fórma da trajectoria podem variar de tiro para tiro. Por esta razão os projectis atirados por uma mesma peça, com a mesma elevação (8), a mesma deriva e a mesma carga de projecção não descrevem trajectorias coincidentes. Si são lançados em percussão não alcançam o mesmo ponto, mas grupam-se em torno de um ponto médio de impacto, sobre uma superficie cuja arca depende da justeza da peça, da igualdade da munição e das condições atmosphericas. A densidade dos impactos decresce do ponto médio para o perimetro dessa superficie de dispersão. Toma-se para medida da dispersão em cada sentido o lado correspondente do rectangulo que abrange a metade central dos impactos. Diz-se: dispersão média em largura e em altura, em largura e em profundidade, conforme se tratar de objectivos verticaes ou horizontaes.
Assim, um objectivo cujas dimensões sejam as da dispersão média, desde que seu centro coincida com o ponto médio de impacto, será attingido por 25 % de todos os impactos. Si, em condições identicas, as dimensões são quadruplas da dispersão média, o objectivo apanha todos os tiros.
38. Tambem os pontos de arrebentamento dos projectis atirados com et. em igualdade de todas as condições apresentam uma dispersão segundo as tres dimensões e grupam-se em torno de um ponto médio, cujas coordenadas no plano de tiro, dão a altura média e a distancia média de arrebentamento. A’s causas de dispersão dos tiros de percussão accresce neste caso a desigual combustão do mixto das espoletas.
A dispersão dos arrebentamentos em distancia depende principalmente da espoleta e a dispersão em altura, além disso, é influenciada pela dispersão da trajectoria; por isso ambas essas dispersões são em geral maiores do que as do tiro de percussão.
A dispersão em largura é a mesma no tiro de tempo e no de percussão.
Da dispersão das alturas de arrebentamento conclue-se que, mesmo com a altura média norma, póde-se obter excepcionalmente tiros percutentes e nas grandes distancias arrebentamentos altos. Igualmente se conclue da dispersão das distancias de arrebentamento, que, com uma distancia média de arrebentamento correspondente a uma altura normal, póde haver arrebentamentos além do objectivo.
39. As tabellas de tiro dão as dispersões médias obtidas em condições médias com uma só peça. Esses valores são apenas approximações, e na bateria inteira elles tornam-se consideravelmente maiores.
V – CORRECÇÕES
40. Desloca-se o ponto médio de impacto no sentido da profundidade ou da altura por meio de variações da alça, no minimo de 25m.
Da mesma fórma se faz avançar ou recuar o ponto médio de arrebentamento no material ou processo de tiro em que a espoleta é graduada em concordancia com a alça.
41. A situação do ponto médio de arrebentamento depende do angulo de sitio, da alça e da duração de queima da espoleta. Tanto a trajectoria como a queima são influenciadas pelas condições atmosphericas (pressão barometrica, temperatura e humidade do ar, vento) que podem agir no mesmo sentido ou em sentidos oppostos.
Por isso muitas vezes aquelles dous elementos não guardam a relação conveniente.
Como, em geral, o alcance é mais fortemente influenciado do que a duração da queima, segue-se que no inverno geralmente em consequencia da reducção do alcance, obteem-se muitos pontos de arrebentamento baixos ou até por percussão, ao passo que no verão, augmentando o alcance, predominam os arrebentamentos altos.
Em zona muito elevada póde a diminuta pressão barometrica retardar a quima do mixto da espoleta a ponto de predominarem os arrebentamentos percutentes, mesmo no verão.
Vento no sentido do tiro ou em contrario alonga ou encurta a trajectoria e retarda ou accelera a queima da espoleta. Essa discordancia entre o alcance e a queima, causada pelas condições atmosphericas, augmenta com a distancia; ás pequenas distancias póde-se desprezal-a.
Na pontaria indirecta os erros no angulo de sitio podem causar identica discordancia.
42. Corrige-se a altura média de arrebentamento alterando o corrector. Póde-se obter o mesmo effeito na portaria indirecta mediante modificação no angulo de sitio; na pontaria directa dando uma deriva vertical ao reflector em lugar de apontar com elle a zero.
Do emprego de qualquer destes dous processos resulta uma mudança na trajectoria, levantamento ou abaixamento, por conseguinte modificação no alcance, sem todavia avançar nem recuar sensivelmente o ponto de arrebentamento, pois que a espoleta continúa com a graduação correspondente á trajectoria anterior. Aquella variação do alcance vae de 15 a 40m, conforme a alça, para cada millesimo do angulo de sitio ou de inclinação do reflector (V. tabellas de tiro).
Com systema de corrector o effeito é outro: conserva-se a trajectoria e sobre ella se faz avançar ou recuar, isto é, baixar ou levantar o ponto de arrebentamento, dando á espoleta uma graduação maior ou menor do que a da alça (fig. 4).
43. No caso da pontaria indirecta corrige-se a situação lateral do ponto médio de impacto ou de arrebentamento alterando a deriva.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 290 Figuras.
Vento lateral desloca o projectil tanto mais quanto maior sua intensidade ou a de sua componente perpendicular ao plano de tiro e quanto maior a duração do trajecto.
O desnivelamento de eixo das rodas dá logar a um desvio do projectil para o lado da roda mais baixa. O material dotado de nivel do eixo das rodas com encaixe da alça movel em relação ao supporte permitte, dentro dos limites desse nivel, corrigir esse desvio sem trabalho de sapa.
PARTE II
Regras de tiro
PREPARAÇÃO DO TIRO
44. Para a prompta abertura do fogo, assim como para que o tiro de regulação seja feito com exactidão e rapidez, é de maxima importancia que o commandante da bateria prepare cuidadosamente seu tiro.
Essa preparação comprehende a observação da zona attribuida, o reconhecimento do objectivo, a determinação da situação das peças, a escolha do posto de observação e dos processos de pontaria e de tiro e a determinação dos elementos iniciaes de tiro.
45. O commandante da bateria precisa permanentemente, para auxilial-o, de um esclarecedor de objectivo que será, em regra, um sargento, servente da luneta.
A missão do esclarecedor de objectivo consiste em observar a zona attribuida á bateria, e participar ao respectivo commandante o apparecimento de novos objectivos e as mudanças na disposição das tropas amigas ou inimigas.
E’ recommendavel que o commandante da bateria tenha um official junto a si no observatorio, sobretudo si este ficar muito distante da bateria.
Este official tem o dever de acompanhar o tiro da bateria; si, por deficiencia de cobertura, elle não puder observar pessoalmente, o commandante da bateria mantel-o-ha ao corrente da situação para que fique em condições de subsituil-o quando vier a faltar ou quizer fazer-se render, por exemplo, em um combate de longa duração.
46. O reconhecimento do objectivo consiste em verificar sua natureza e extensão, escolher o ponto de regulação do tiro e avaliar a distancia, servindo-se de indicações fornecidas
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Nota – E’ essencial ter bem presente que: 1º, a modificação da altura de arrebentamento pelo angulo de sitio não corrige sensivelmente a distancia de arrebentamento; esta é principalmente modificada pela alça; 2º, a altura de arrebentamento (grandeza angular), com o mesmo sitio e o mesmo corrector é sensivelmente independente da alça; 3º, afastada a possibilidade de grande erro de sitio e de alça, o ponto de arrebentamento só é convenientemente deslocado em altura e em distancia pelo corrector.
Em outras palavras: no tiro de tempo o angulo de sitio só influe na altura de arrebentamento, a alça só influe na distancia de arrebentamento, só o corrector influe concomitantemente na altura e na distancia.
Pela carta, telemtro, tiros anteriores, ou participações de aviadores e de esclarecedores de objectivo. Além disso é preciso examinar si o terreno junto do objectivo lhe offerece cobertura, si difficulta a observação e si apresenta pontos de pontaria ou pontos notaveis que sirvam para designação do objectivo.
Si antes do inicio do tiro o reconhecimento do objectivo mão conduzir á plena clareza, deve-se continual-o durante o durante o fogo, mediante providencias especiaes (tiros illuminativos (*) observadores auxiliares, carta).
47. Para regular o tiro escolhe-se a parte do objectivo ou de sua cobertura que melhor se preste á observação.
Segundo as circumstancias – convirá regular o tiro sobre um ponto do terreno ao qual se possa referir o objectivo, ponto que póde mesmo esta situado atrás delle, especialmente quando o objectivo fôr coberto.
No caso de vento lateral regula-se tiro sobre um ponto do objectivo proximo da extremidade situada mais para o vento. (Vd. 58, § 2º.)
Quando varias baterias tenham de atirar simullaneamente contra o mesmo objectivo, seus commandantes devem escolher ponto de regulação afastados o mais possivel uns dos outros.
48. O capitão escolhe seu posto de observação de maneira que, utilizando abrigos naturaes ou artificiaes, possa observar bem e ver toda a zona que lhe foi attribuida. A situação mais favoravel será a que, além disso, lhe permittir das directamente suas vozes de commando á bateria e tel-a sob suas vistas. (**)
A escada-observatorio torna-o mais independente do terreno na escolha de seu posto de observação e lhe faculta, muitas vezes mesmo no tiro mascarado, ficar nas immediações da bateria.
Um observatorio fóra do alcance da voz difficulta a conducção do fogo e diminue a influencia pessoal do chefe sobre sua bateria, mas permitte muitas vezes melhor aproveitamento do terreno para installação das peças.
O commandante da bateria deve assegurar a tempo a transmissão dos commandos e ordens, seja por telephone, signaleiros ou cadeia de posto intermediario. E’ necessario dispo esse serviço de modo que haja prompta substituição quando fallar o processo empregado.
49. O capitão que decidir o seguinte:
Como fazer a primeira pontaria em direcção;
Como, na pontaria directa, assegurar na bateria a exacta e rapida apprehensão do objectivo e do ponto de regulação;
Si, na pontaria indirecta, deve empregar um ponto de pontaria collectiva ou apontar as peças pela luneta de bateria ou por pontaria reciproca;
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(*) Vd. N. 70.
(**) Isso não importa em aconselhar a preferencia systematica por essa especie de posição.
Quaes as medidas a tomar concernentes á repartição do fogo, e especialmente no caso de um objectivo de frente maior que a da bateria, se deve desde logo batel-o em toda a sua extensão ou por partes:
Qual a especie de projectil e de seu funccionamento a empregar;
Como que secção ou peça romper o fogo;
Qual a deriva contra o vento;
Qual o corrector correspondente ao estado atmospherico do dia;
Si é ou não necessario enviar um observador auxiliar.
No caso de posição coberta o commandante de bacteria deve, se dispuzer de tempo antes do rompimento do fogo, determinar a alça minima por meio da luneta; de qualquer modo, receberá sobre isso informação da bateria, cujo chefe de peça teem o dever de determinar seu espaço morto antes da abertura do fogo.
50. A pontaria directa só deve ser empregada contra objectivos bem visiceis aos apontadores e que possam com facilidade ser indicados precisamente, assim como contra objectivo em movimento aos quase possam os apontadores acompanhar com a pontaria.
Forá dessas condições, a primeira pontaria em direcção deve ser obtida pelo emprego de um ponto de pontaria collectiva, ou da luneta de bateria, ou ainda da pontaria reciproca sobre uma peça base; emprega-se qualquer desses processos tanto em posição coberta como descoberta. O ponto de pontaria collectiva deve ser bem visivel e de facil apprehensão, de sorte a evitar-se confusão.
51. No commando do angulo de sitio é preciso levar em conta a diferença de nivel entre a posição das peças e a da luneta de batera. (Vd. R. E. ª ).
52. Todos os preparativos para o tiro devem ser executados com pleno aproveitamento da cobertura proporcionada pelo terreno e muito cuidado em não denunciar a posição Deve-se Ter bem em vista essas considerações nas operações com a com a luneta de bateria, emquanto se apontam as peças, no estabelecimento da ligação (por telephone ou signaleiros) e na installação do observatorio, que póde deixar de ser no mesmo logar onde se estacionou a luneta para dar a primeira pontaria em direcção.
53. Para que a preparação do tiro esteja terminada, tanto quanto for possivel, ao chegar a bateria á posição devem ser dadas em primeiro logar aquellas ordens cuja execução demande mais tempo.
A OBSERVAÇÃO
54. E’ condição fundamental para a efficacia uma observação exacta do tiro quanto á distancia e direcção, e além disso, no tiro de tempo, quanto á altura do arrebentamento.
55. A observação é feita com a luneta de bateria, como o binoculo munido de escala micrometrica, ou, excepcionalmente, a olho nú.
56. os arrebentamentos por percussão produzem geralmente nuvens de fuma escuras, de fórma irregular, que se espalham no chão.
57. os arrebentamentos no ar dão em geral nuvens redondas, claras, densas, ás vezes alongadas para baixo. Si um projectil arrebenta muito perto do chão, a fórma e a côr da nuvem de fumo soffrem maior ou menor influencia do sólo, e então ser difficil distinguir si o projectil arrehentou no ar ou por percussão.
58. Geralmente se deve tratar de referir a nuvem de arrebentamento ao objectivo, logo que ella se forme ou pouco depois, sobretudo quando o vento sopra no sentido do tiro ou no opposto.
Sendo lateral o vento, convém acompanhar a nevem de fumo durante algum tempo afim de referil-a tambem a outras partes do objectivo.
Uma observação demorada póde, quando haja vente no sentido do tiro, ou no contrario, proporcionar indicações sobre a distancia de arrebentamento, si a nuvem de fumo for impellida para o outro lado do objectivo.
59. em geral, só se poderá reconhecer si um tiro foi longo ou curto quando tenha havido arrebentamento por percussão, ou tão baixo que se possa referir ao objectivo a nuvem de fumo no momento de sua producção ou logo depois (arrebentamentos observaveis).
60. Si a nuvem cobre total ou parcialmente o objectivo, o tiro é curto; si ao contrario, ella é total ou parcialmente occultar pelo objectivo, o tiro é longo. Apparecendo a nuvem primeiro na frente (atrás) do objectivo, e logo depois atrás (na frente), o tiro é junto ao alvo.
61. Quando o objectivo tem côr semelhante á da nuvem de arrebentamento, póde facilmente um tiro longo dar a impressão de Ter sido curto: a nuvem parece occutar o objectivo, mas o que realmente se dá é que este se destaca menos sobre a fumaça do que sobre o fundo natural.
62. A situação dos tiros em relação ao objectivo tambem póde ser indicada pelo effeito obtido, pela quéda dos estilhaços e pela sombra da nuvem de arrebentamento.
A quéda de estilhaços sómente atrás do objectivo não constitue garantia de que o arrebentamento tambem se tenha dado atrás delle.
63. Só se reconhecem os impactos por seu effeito no objectivo. Na guerra será isso possivel com mais frequencia do que na paz.
64. No tiro de percursão contra os objectivos situados em terrenos ascendentes os tiros curtos parecem abaixo e os longos acima do objectivo. Em taes condições, um tiro observado perto do alvo, acima ou abaixo, póde significar que a alça ainda está muito longa ou muito curta.
65. Tambem se aproveitam para a observação os tiros de grande desvio lateral, especialmente os de percussão, quando sua situação puder ser referida ao objectivo.
66. Um observador em posição afastada do plano de tiro póde do desvio lateral apparente deduzir si o tiro curto ou longo.
Assim, para um observador situado á direita do plano de tiro, os tiros curtos, em boa direcção, parecem desciados á esquerda e os longos á direita.
67. Em termo muito frouxo ou pantanoso desapparecem muitas vezes, em parte ou totalmente as das granadas c. r, (*)
68. A’s vezes, em terreno accidentado, os tiros percutentes escapam completamente á vista, ou só algum tempo depois da quéda suas nuvens de fumo tornam-se visiveis, de modo que, não raro, são inuteis á observação. Isto acontece tambem quando os arrebentamentos, no tiro do tempo, se produzem abaixo do objectivo; mas suas consequencias são menos desvantajosas á observação, porque as nuvens de fumo, visiveis mais cedo do que no primeiro caso, apresentam-se por conseguinte mais densas.
69. observação duvidosa durante a formação do garfo dá logar a providencias variaveis com a causa. Si os tiros de percussão desapparecerem totalmente, seja porque o terreno os occulte ou porque penetrem no solo, deve-se modificar a alça; si o mesmo acontece no tiro de tempo, levantam-se os pontos de arrehentamento. Uma vez observados arrebentamentos excessivamente altos é preciso baixal-os. Si ha um desvio lateral dos tiros, rectifica-se a apprehensão do objectivo ou commanda-se uma correcção de deriva sufficientemente, atira-se com toda a bateria, isto é, por grupo de tiros, com o fogo concentrado.
Si cahem tiros de outras baterias na mesma zona do objectivo, facilita-se a observação empregando grupos de tiros commandados em momento opportuno. Em certas circumstancias convirá mudar de ponto de regulação ou, para examinar a direcção dos tiros, levantar energicamente se poderão obviar observações duvidosas empregando o fogo por peça, commando com opportunidade.
70. Acontece que objectivo difficeis de achar só se tornam visiveis graças a um tiro longo. Póde ser conveniente procural-os variando a direcção dos tiros e a altura dos pontos de arrebentamento. A’s vezes são de vantagem para isso os grupos de tiros, com o fogo repartido. (Tiros illuminativos.)
71. O commandante de bateria póde, em sua observação fazer-se coadjuvar por observadores auxiliares, cujo emprego se recommenda toda a vez que elle de seu posto veja mal o objectivo. No tiro contra objectivos cobertos taes auxiliares
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(*) Com retardo
podem prestar bons serviços desde que achem uma posição elevada da qual lhes seja possivel observar o proprio objectivo. Segundo as circumstancias, emprega-se-os com vantagem no tiro contra balões captivos.
Para esse serviço devem ser designados officaes, excepcionalmente sargentos. Sempre que possivel, serão ligados á sua tropa por meio de telephone. Além disso e preciso trazel-os sempre ao corrente dos objectivos sobre que se vae atirar. A posição em que elles se installam dependendo da situação tactica e do terreno, deve ser escolhida de modo a permittir boa observação sem attrahir a attenção do inimigo. Não se deve receitar envial-os a grande distancia da posição de fogo.
Em certas circumstancias, nomeadamente na defenciva e no alaque preparado, devem ser organizados postos especiaes de observação.
A missão dos observadores auxiliares consiste em fornecer indicações sobre o objectivo a repartição do fogo, a formação do garfo, e as distancias de arrebentamento, assim como sobre o apparecimento de novos objectivos.
Podem ter grande valor as informações obtidas por balões captivos ou dirigiveis e por aeroplanos.
APRECIAÇÃO DAS ALTURAS E DAS DISTANCIAS DE ARREBENTAMENTO
72. as alturas de arrebentamento são julgadas per comparação com a escala micrometrica vertical da luneta ou do binoculo. A observação deve der referida á base do objectivo ou á crista de sua cobertura.
Muitas vezes será conveniente determinar no fundo da paizagem o traço das visadas que passam quatro millesimos acima da base do objectivo ou da crista cobridora, para facilitar assim a comparação a olho nú das alturas dos tiros isolados ou da altura predominante dos pontos de arrebentamento no fogo por grupo de tiros ou por salva.
73. Altura «normal» (n) de arrebentamento é a que fica entre dous e quatro millesimos no canhão entre quatro e seis no obuz. (*).
Forá desses limites, o arrebentamento que se dá acima é «alto» (a) e o que fica abaixo denomina-se «baixo» (b). Os pontos de arrebentamento abaixo da base ou da crista chamam-se «abaixo do objectivo« (ab).
74. Nos quatro arrebentamentos de um grupo de tiros ou de uma salva acontecerá muitas vezes apresentar-se ao lado dos n, um arrebentamento a ou b, por percusão, ou ainda ab. (*)
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(*) A pequenas distancias os arrebentamentos grupam-se mais no limite inferior: a grandes, no superior.
(*) Se excepcionalmente fôr impossivel o emprego da escala micrometrica na observação, pode-se-há considerar as alturas de arrebentamentos como normaes, desde que se observem arrebentamentos por percussão em numero que não exceda de 1:4 tiros.
75. Ao passo que um arrebentamente no ar assignala o termo da queima da espoleta segundo a graduação dada, um arrebentamento por percussão só em casos especiaes permittirá ajuizar do corrector relativamente á trajectoria.
Sabe-se que a maxima efficacia no tiro de tempo se obtem quando, supposta normal a altura de arrebentamento, a trajectoria do projectil inteiro é, o eixo do cone de arrbentamento passa pelo objectivo.
Assim sendo, no systema de corrector os tiros percutentes, longos ou curtos, devem determinar, além do augmento do corrector, a modificação da alça – salvo se houver duvida quanto ao angulo de sitio – porque taes tiros provam que a trajectoria do projectil inteiro não passa no objectivo.
Só se o ponto de queda fôr junto ao alvo (60), aquem ou além, dever-se-há conservar a alça e augmentar o corrector.
Nos tiros percutentes longos, quando o terreno atraz do objectivo é sensivelmente ascendente em relação á linha de sitio, não prevalece a regra acima (augmentar o corrector e diminuir a alça): diminue-se a alça e conserva-se o corrector.
Em tal caso bem póde ser que o tiro longo não tenha arrebentado no ar por haver o projectil encontrado e terreno antes de attingir a distancia de arrebentamento. Em outras palavras, em taes terrenos um tiro longo percutente póde ter logar não obstante o corrector ser o do garfo.
76. O «corrector de regulação» é aquelle que dá logar a pontos de arrebentamentos em sua maioria observaveis, (59) taes como se os necessita para a regulação do tiro (procura do garfo e da altura de arrebentamento). Este corrector é o que dá arrebentamentos baixos ou no maximo metade por percussão e a outra metade baixos ou normaes. Elle esclarece sobre a graduação a empregar para que no tiro de efficacia se obtenham os arrebentamentos convenientes (n).
A pequenas distancias são em grande numero observaveis os pontos de arrebentamento obtidos com o corrector de regulação. A’ medida que a distancia augmenta torna-se menor o numero de arrebentamentos no ar susceptiveis de observação, de sorte que a grandes distancias tem que basear-se a observação que a grandes distancias tem que basear-se a observação principalmente nos arrebentamentos por percussão.
77. As distancias de arrebentamento serão bôas e se dirá a alça favoravel quando, com alturas normaes de arrebentamento, no fogo por grupo de tiros ou por peça sob uma mesma alça, se obtiverem:
com sht.. para quatro tiros, no maximo um longo, podendo todavia, este limite excepcionalmente ser excedido na continuação do tiro, desde que a alça já tenha sido reconhecida favoravel;
com grt.. cerca de metade longos e metade curtos. No sh. póde ser julgada favoravel uma alça que, tendo dado só arrebentamentos curtos, augmentada de 50 metros, der mais de 1/4 de arrebentamentos longos.
Excepcionalmente se póde reconhecer que a alça é favoravel pela observação do effeito produzido, ou notando que a massa de estilhaços ou balins caiu junto do objectivo, aquem e além.
78. As distancias de arrebentamento, portanto as alças, são desfavoraveis: no tiro de sht.. quando fôr excessivo o numero de arrebentamentos longos (mais de 1:4), ou quando a alça, augmentada de 50 metros, der os arrebentamentos todos ainda curtos; no tiro de grt., quando os pontos de arrebentamentos forem todos curtos ou todos longos.
79. A grandeza da distancia de arrebentamento só póde ser avaliada quando se observa de um logar afastado do plano de tiro e se atira á risca, isto é, na direcção precisa do ponto ao qual se refere a observação.
ESPECIES E VELOCIDADE DE FOGO
80. No tiro de tempo faz-se a regulação com uma secção no tiro percutente só com uma peça, sempre a mesma, até a completa formação do garfo correspondente.
81. Só se começa o fogo quando toda a bateria estiver prompta para atirar, mas si a situação tactica impõe apressar a abertura do fogo, rompe-se-o, mesmo que não esteja prompta toda a bateria em consequencia de quaesquer difficuldades na tomada de posição ou delonga na transmissão de deriva a todas as peças.
82. O fogo em grupos de tiros é empregado no caso em que se pretende rapido effeito, ou para aproveitar certos instantes favoraveis quando a situação de combate muda rapidamente. Nas grandes unidades de artilharia esta especie de fogo permitte distingir facilmente os tiros de cada bateria a apresenta um quadro nítido da zona que ella bate com seus fogos.
Além disso, facilita a observação das alturas de arrebentamento, e, sem prejuizo da segura conducção do fogo, torna possivel grande rapidez de tiro.
Entretanto, esta especie de fogo póde conduzir a exagerado consumo de munição, pelo que só se deve empregal-a durante pouco tempo.
83. O fogo por salva facilita a observação de cada tiro. E’ indicado seu emprego no tiro de efficacia quando o commandante da bateria precisa verificar ou corrigir a repartição do fogo, e quando se tenha que bater ininterruptamente um objectivo sem grande gasto de munição.
84. O fogo por peça, a commando do capitão, permitte a este, determinando o momento de cada disparo, aproveitar os instantes favoraveis á observação quando esta é difficil, ou, si ella é facil, augmentar a velocidade do fogo sem que, pela rapida successão dos tiros, fique impedido de intercalar as correcções necessarias.
85. O fogo rapido proporciona inteira utilização da potencia de fogo da bateria, torna, porém, difficil a conducção do fogo e exige muita munição. Por isso só é recommendavel seu emprego em caso de perigo imminente, fortes baixas de pessoal e perda de peças.
86. Excepcionalmente póde tornar-se util uma divisão passageira dos fogos da bateria contra objectivos diversos. Faz-se isto especialmente quando se quer antes de uma mudança de objectivo regular com uma secção o tiro contra o novo, continuando, porém, com a outra a bater o objectivo antigo.
87. A velocidade de fogo no tiro de regulação depende da necessidade de observar os tiros e fazer as correcções devidas: Resolução prompta e rapido commando do capitão devem apressar a regulação do tiro.
88. A velocidade de fogo no tiro de efficacia depende em primeira linha da situação tactica.
Só quando determinadas com segurança as bases para o tiro de efficacia póde ser admissivel um augmento da velocidade de fogo, o qual se obtem: pelo commando de um maior numero de grupos de tiros e sua rapida sucessão – em caso de necessidade sem esperar a observação, – por pausas curtas no fogo por salva ou pelo fogo rapido.
« A rapidez de fogo nunca deve prejudicar a exactidão do serviço da peça, principalmente a precisão na pontaria e na graduação da espoleta.»
Tendo em vista o consumo de munição, pelo qual, em primeiro logar, é responsavel o commandante da bateria, o augmento da velocidade de fogo só é, em regra, admissivel durante pouco tempo.
A melhor maneira de se conciliarem as condições tacticas e a necessaria economia de munição consiste no emprego opportuno e alternado do fogo lento, rapido, e das pausas.
89. A velocidade de fogo de uma secção ou de uma peça que se tenha separado para desempenhar missões especiaes deve ser, conforme as circumstancias, muito augmentada, sobretudo quando se quizer occultar ao inimigo o diminuto numero de peças. Muitas vezes será tambem recommendavel, no tiro de efficacia, empregar varias vezes de seguida a mesma alça para dar a impressão do fogo de uma bateria em grupos de tiros.
ESCOLHA DA ESPECIE DE PROJECTIL E DE FUNCCIONAMENTO DA ESPOLETA
90. Contra alvos vivos empregam-se em geral tiros de tempo; contra obstaculos, os de percussão.
91. Alvos vivos desabrigados devem ser combatidos a shrapnell-tempo (sht.); na falta deste, a granada-percussão (grp.). Contra alvos aereos o projectil apropriado é o sht., e contra balões especialmente a grt. do obuz.
92. Si os alvos vivos utilizam cobertura (escudos, ondulações do terreno, fossos, caminhos excavados, aterros, muros, etc.), emprega-se sht. ou grt., segundo o gráo de desenfiamento que o abrigo offerece.
Contra baterias apanhadas em accionamento (mettendo ou tirando armões), ou contra observatorios em via de installação promette o mais rapido successo o fogo a sht., executado com vivacidade.
Contra o pessoal das baterias em acção ou vigilancia e contra observatorios abrigados é o fogo com grt. o indicado.
O obuz desprovido de granada com espoleta de duplo effeito emprega a grp. nos casos em que é indicada para o canhão a grt.
Contra baterias bem visiveis não muito distantes, recommenda-se o tiro percutente com qualquer das especies de projectil, podendo-se contar com a demolição do material desde que convenha o grande consumo de munição que isso póde exigir. Contra os abrigos da fortificação de campanha emprega-se a granada c. r. do obuz de campanha.
Contra tropas que occupam bosques ou mattas de arvores grossas e altas os tiros de percussão, especialmente com granada, dão o melhor resultado.
93. Até que ponto se podem fazer tiros de tempo por cima das tropas amigas, sem perigo para estas, depende da distancia, do terreno e das condições de observação. Quando a infantaria amiga avança contra um objectivo que está sendo batido pela artilharia, esta póde sem risco de attigil-a continuar o fogo até que aquella se approxime cerca de 300 metros. Desde que essa distancia diminua, ou que se não possam observar com preccisão as nuvens de arrebentamento ou a quéda dos estilhaços ou balins no solo, deve cessar o tiro de tempo. Então, segundo o caso, póde-se continuar o fogo empregando o tiro de percussão, ou o de tempo alongando a alça, para bater os reforços, ou mesmo sómente o terreno atraz da linha inimiga, para difficultar seu reforçamento.
O TIRO
94. O fim que se tem em vista no tiro é produzir effeito no objectivo com a maior brevidade possivel e augmental-o, segundo o tempo e a munição disponiveis, talvez até a completa destruição.
95. O tiro de regulação precede o de efficacia e só deixa de ser executado a distancias de 600 metros e inferiores ou contra objectivos instataneos quando existem dados sobre a distancia. Como objectivos instantaneos entendem-se os que só por pouco tempo podem ser batidos com probabilidades de exito.
Excepcionalmente, quando se impuzer a passagem do tiro de tempo ao de percussão, ou vice-versa, contra o mesmo objecitvo, si já estiver achada a alça favoravel continuar-se-há em tiro de efficacia; caso não exista ainda aquelle dado será necessario completar a regulação (Vd. 97).
96. O tiro de regulação comprehende a determinação da alça e da direcção, e, além disso, no tiro de tempo, a do corrector.
97. O tiro de regulação deve ser de tempo ou de percussão, tal como tenha de ser o de efficacia.
DETERMINAÇÃO DO CORRECTOR E DA ALÇA EM TIRO DE TEMPO
98. O objectivo ficará comprehendido entre duas alças (garfo) das quaes, uma tenha dado um tiro curto (limite curto do garfo) e a outra (limite longo do garfo) um tiro longo.
99. Inicia-se o fogo com uma secção, á distancia medida, estimada ou transmittida.
100. E’ preciso esforçar-se por observar ambos os tiros. Havendo falha ou atrazo no disparo de uma das peças, ou sendo duvidosa a observação de um dos tiros, basêa-se em um só tiro a correcção a seguir.
101. Para que se obtenha desde logo o corrector do garfo (76) procura-se corrigir antes do inicio do tiro, mediante alteração do corrector, a discordancia que for de esperar entre a alça e o tempo de queima da espoleta.
102. Obtendo-se arrrebentamentos observaveis (59) conserva-se o corrector.
Si, em consequencia do augmento de um ponto no corrector, se obteem ambos, os arrebentamentos altos, o anterior será o corrector do garfo, embora tenha dado ambos os tiros percutentes.
Si, em consequencia da diminuição de um ponto no corrector – commandada em vista de dois arrebentamentos anteriores altos – se obterem ambos os tiros percutentes, toma-se este menor para corrector do garfo.
Uma vez achado o corrector do garfo, aproveitam-se mesmo os tiros percutentes para a determinação da alça. Havendo difficuldade em distinguir si um arrebentamento observado foi baixo ou percutente (57) deve-se consideral-o desta ultima especie.
103. Si, excepcionalmente convier á observação, póde ser diminuido o corrector do garfo afim de dar os tiros pela maior parte percutentes. Com esse corrector tambem se podem aproveitar todos os tiros percutentes para a determinação do garfo (75).
104. Sendo os tiros observados aquem (além do objectivo, augmenta-se (diminue-se a alça até que elle fique comprehendido entre tiros longos e curtos). As correcções da alça devem ser fortes, em geral não inferiores a 200 metros; mas é preciso aproveitar qualquer elemento que permitta abreviar a regulação.
105. Quando se tenha de atirar por cima de tropas amigas que se achem nas proximidades do objectivo, deve o tiro começar com uma alça superior á distancia estimada, formando-se o garfo por diminuições successivas da alça.
106. Contra objectivos fixos forma-se em geral um garfo de 100 metros, contra objectivos em movimento de 100 metros a 400 metros.
107. Si, com o corrector do garfo, uma alça dá um tiro junto ao objectivo, ou um tiro longo e outro curto, considerando se terminada a regulação, tomando essa alça como o limite curto do garfo.
No caso de objectivos em movimento, observando-se que a distancia de um tiro curto ao objectivo não é maior do que a grandeza do garfo que se tenciona formar (pouco aquem), toma-se a alça correspondente como limite curto do garfo.
108. Si as difficuldades de observação retardam a formação do garfo desejado e os meios indicados no n. 69 não produzem resultado, adopta-se um garfo mais largo.
DETERMINAÇÃO DA ALÇA EM TIRO PERCUTENTE
109. A determinação do garfo é feita com uma só peça, de accôrdo com os principios dos ns. 98, 104, 105, 107 e 108.
Conta objectivos fixos deve-se procurar um garfo de 50 metros, contra objectivos em movimentos, de 100 a 400 metros.
DIRECÇÃO DA PONTARIA E REPARTIÇÃO DO FOGO
110. A direcção da pontaria deve ser a mais favoravel á observação – no tiro de regulação; á producção de effeito – no tiro de efficacia.
111. Quando o tiro de efficacia fôr de tempo, ou de percução excepcionalmente empregado contra alvos vivos, ou ainda tiro curvo de percussão (obuz) basta que os tiros repartam igualmente sobre a frente do objectivo.
Quando o tiro de efficacia fôr de percussão, dirigido contra canhões de escudos ou percutente e rasante contra outros objectivos resistentes só se póde obter effeito attingindo precisamente o desejado ponto de impacto (tiro á risca).
112. Os observatorios inimigos só podem ser contemplados na repartição do fogo quando situados approximadamente á mesma distancia que as peças e não muito afastados lateralmente. De outro modo devem ser convenientemente batidos á parte.
113. O commandante da bateria tem que eliminar a influencia do vento lateral ou do movimento transversal do objectivo, commandando antes do inicio do tiro uma deriva correspondente para toda a bateria.
114. Si no inicio do tiro observam-se fortes erros de direcção, é preciso, no caso de pontaria directa, corrigir a apprehensão do objectivo; tratando-se, porém, de pontaria indirecta, deve-se commandar immediatamente a necessaria alteração da deriva e não perder tempo com a verificação da pontaria.
115. E' principio fundamental repartir logo o fogo sobre todo o objectivo (69) .
Na pontaria directa cada peça bate a porção do objectivo que lhe fica em frente. Si for necessario, o fogo póde ser cruzado por secções á ordem do commandante da bateria, ou por peças á ordem do commandante de secção.
O capitão deve, o mais cedo possivel dar as necessarias indicações á bateria: mesmo que ainda não tenha reconhecido completamente a extensão do objectivo, cumpre-lhe prescrever como terá de ser repartido o fogo. Em caso de objectivos difficeis elle deve durante o tiro de regulação tirar partido de todas as circumstancias para, em alta voz, esclarecer a bateria sobre a extensão delles. Não sendo isso possivel, mandará um «indicador de objectivo» percorrer a bateria.
Na pontaria indirecta, a bateria fica com trajectorias parallelas, isto é, com os planos de tiro repartidos sobre uma frente igual á sua, quer se tenha empregado a pontaria reciproca sobre uma peça-base, quer a pontaria reciproca de todas as peças sobre a luneta de bateria. No emprego ou ponto de pontaria collectiva, segundo o processo regulamentar, tambem fica estabelecido o parallelismo, cumprindo ao subalterno mais antigo que estiver na linha de fogo determinar e commandar o escalonamento das derivas na fórma do R. E. A.
Em qualquer desses processos de pontaria indirecta, quando o feixe dos planos de tiro tenha de ser repartido sobre uma frente maior ou menor do que a da bateria, bastará, commandar um escalonamento additivo ou subtractivo (*) igual ao terço da differença de frente. (**)
Si de antemão se sabe que existe tal differença, deve-se corrigil-a, isto é, fechar ou abrir o feixe de trajetorias antes do rompimento do fogo. (***)
116. Nos objectivos de frente muito extensa, procede-se ao fraccionamento desta e successivamente se batem essas fracções. Si, porém, a frente do objectivo não exceder de 250 millesimos (140 no obuz e no canhão de montanha) attribuir-se-ha um quarto da frente a cada peça, que tratará então de cobrir seu sector mudando a direcção mediante deslocamento pelo volante de direcção (tiro ceifante, vd. R. E. A.). Este
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(*) Quando a peça-base for a extrema esse escalonamento obedecerá ao sentido inverso, isto é, será, subtractivo se a frente a bater for maior que a da bateria; additivo, se for menor.
(**) Quando o objectivo é uma linha (em logar de pontos separados que exijam o tiro á risca) é preciso na medição da frente do feixe tomar como limites os centros dos quartos extremos.
(***) No emprego do ponto de pontaria collectiva pelo processo do R. E. A. evita-se tambem o cruzamento das trajectorias, o que é vantajoso para o manejo do feixe no caso de qualquer mudança de objectivo.
processo tem sobre o primeiro principio de permittir que se bata toda a frente do objectivo sem necessidade de desancorar o reparo.
117. Si na pontaria indireta a regulação for feita com uma peça ou com uma secção sobre um ponto do objectivo que na repartição do fogo não lhe corresponda, deve-se, ao passar ao tiro com toda a bateria commandar uma correcção de deriva.
118. Si durante o tiro é necessario fazer correcções de deriva para toda a bateria. O capitão commanda «mais tanto» (menos tanto). Si a correcção deve ser só para uma peça, elle commanda, «tal peça – mais (menos) tanto»; si o desvio observado dá logar á supposição de que houve erro do apontador, o commandante da bateria avisa o commandante da secção respectiva da seguinte fórma: «Tiro de tal peça tantos millesimos á direita (esquerda)». O commandante da secção examinadora então rapidamente a pontaria dessa peça, e, não encontrada erro, commanda-lhe uma deriva correspondente.
119. A intervenção do commandante de bateria não dispensa o commandante de secção, na portaria directa, de fiscalizar e corrigir a direcção da pontaria.
Para, isso, no tiro de suas peças, elle tem que observar os desvios em direcção.
120. A grandeza da correcção a commandar depende da do desvio millesimal em relação ao ponto de impacto pretendido.
Uma correcção forte de mais é em geral menos prejudicada que uma fraca de mais.
121. Ao commandante de bateria cumpre vigiar constantemente a boa repartição do fogo.
122. No caso de mudança de objectivo, em pontaria directa – o capitão commanda uma indicação do novo objectivo; sendo, porém, essa indicação difficil, póde ser conveniente acompanhal-a da distancia angular lateral do novo ao antigo objectivo (vd. R. E. A.); em pontaria indirecta – a regra é commandar uma correcção de deriva; si a distancia angular não for medida de uma estação proxima á bateria, será preciso levar em conta as paralexes dos dous objectivos em relação á linha bateria – estação, como na determinação da deriva-base quando se emprega um ponto de pontaria collectiva. (*)
Tanto na pontaria directa como na indirecta, desde que pela mudança de direcção a obliquidade dos planos de tiro sobre a linha das peças se approxime de 600 millesimos, deve-se mudar a frente da bateria sobre uma peça do meio.
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(*) O processo mais simples consiste então em operar em relação ao novo objectivo como se não houvesse ainda feixe organizado. Esta operação é levada sómente até ser achada a deriva inicial ou a deriva lida; a differença entre ella e a correspondente do objectivo anterior dá em grandeza e em sentido o deslocamento a fazer no feixe.
TIRO DE EFFICACIA COM ESPOLETA EM TEMPO
123. O tiro de efficacia contra objectivos fixos consiste no fogo por grupos de tiros, ou por salvas, com alças successivas de 50 em 50 metros no sh., de 25 em 25 metros na gr.
124. O tiro de efficacia com sht. começa com uma alça de 50 metros abaixo do limite curto do garfo: na granada começa no proprio limite (alça-base do tiro de efficacia). Deve-se ao mesmo tempo, iniciando o tiro de efficacia, levantar os pontos de arrebentamento á altura «normal», para o que bastará, em geral, augmentar de duas divisões a graduação do corrector (até 4 no obuz).
No corrente do tiro é preciso manter essa altura normal.
125. As calças a empregar no tiro de efficacia são, a partir da base, tres de 50 em 50 metros no shrapnell, portanto até o meio do garfo de 100 metros e cinco de 25 em 25 metros na granada, isto é, até o limite superior do garfo de 100 metros.
126. Fazendo-se a correcção das alturas de arrebentamento pelo sitometro, em vez do corrector, a alça-base é inferior ao limite curto do garfo: no shrapnell, de, 100 metros e na granada, de 25 metros. As tres alças a empregar no tiro de efficacia com shrapnell vão até só o limite curto do garfo; na granada ellas vão até 25 metros abaixo do limite superior do garfo.
127. Não é obrigatorio começar o tiro de efficacia com a alça-base. Uma vez durante o tiro de regulação se tenha logrado fazer uma observação segura sobre a situação do objectivo no garfo poder-se-ha, particularmente a pequenas distancias, por uma outra das alças de efficacia.
128. Si em logar do garfo de 100 metros se o tiver mais largo, augmentar-se-ha correspondentemente o numero das alças de efficacia.
129. Contra objectivos cobertos o numero das alças depende da profundidade da zona a bater. Desde que, em virtude de um reconhecimento se esteja informado approximadamente sobre a distancia do objectivo á sua crista cobridora, escolhem-se as alças de accôrdo com essa indicação. Caso falte essa informação, deve-se bater atraz da crista cobridora uma profundidade cujos limites serão muitas vezes indicados por accidentes do terreno (outra elevação, matta, etc.) ou estimados com auxilio da carta. Será então preciso ponderar si o decorrente consumo de munição encontra justificativa na situação tactica. Sendo grande a profundidade a bater progressivamente, commandar-se-ha primeiro alças de 100 em 100 metros, empregando depois as intermediarias.
Qualquer indicação que no correr desse tiro se offereça sobre a situação do objectivo deve ser approveitada para reduzir o numero das alças. Suppondo-se o objectivo situado muito abaixo da crista cobridora, poder-se-ha diminuir o angulo de sitio para evitar que todo os tiros lhe passem por cima. Ao mesmo tempo se augmentará então a alça, e o corrector será conservado ou augmentado.
130. Toda alça que pela observação se reconhecer desfavoravel deve ser eliminada (78).
Si no tiro com granada se observar que duas alças differentes de 25 metros dão só arrebentamentos curtos (longos) ao lado de arrebentamentos de distancia duvidosa, isto é, que se não reconheça si foram curtos ou longos, deve-se eliminar a menor (maior) dellas.
131. Cada alça eliminada póde ser substituida na série das alças de efficacia por outra abaixo ou acima, desde que isso não seja contraindicado pela observação das alças restantes. Si assim a alça-base ficar deslocada de mais de 100 metros, sem se obter segurança de que estão certos os limites das alças de efficacia, deve-se formar novamente o garfo.
132. Estando seguramente reconhecido que uma alça dá distancias de arrebentamento favoraveis (77) passa-se, no fogo com shrapnell, a atirar com essa alça unica até que a observação justifique o emprego de outras. No tiro de efficacia com granada deve-se, ao lado da alça reconhecida favoravel, atirar tambem com as duas que, lhe são visinhas, 25 metros acima e 25 abaixo.
133. Si com arrebentamentos normaes não se consegue determinar os limites da série de alças de efficacia, deve-se, fazer um exame, baixando provisoriamente os pontos de arrebentamento; o resultado só será seguro quando se verificarem, pelo menos, duas alças.
134. O tiro de efficacia contra objectivos em movimento deve ser feito por grupos de tiros. A primeira alça a empregar depende da observação das que constituem o grafo, bem como da velocidade do objectivo e direcção de seu movimento. As modificações na alça serão feita de accôrdo com os resultados observados.
As mais das vezes o exito será obtido pela marcha energica das alças sobre o objectivo.
135. Contra objectivos distantes até cerca de 600 metros rompe-se o fogo por grupos de tiros empregando a alça correspondente á distancia estimada, e o corrector de efficacia.
As modificações da alça decorrem da observação e tambem da direcção e velocidade do objectivo.
136. Contra objectivos que se acham á distancia de 200 metros ou menor emprega-se o fogo rapido com a «alça zero» e a espoleta graduada como estiver, quer se trate do canhão, que do obuz.
TIRO DE EFFICACIA COM ESPOLETA EM PERCUSSÃO
137. O tiro de efficacia contra objectivos fixos começa, segundo a observação, no meio ou em um dos limites do garfo de 50 metros, por grupos de tiros por salva ou por peça. O tiro por cima de infantaria amiga proxima ao objectivo começa pela alça longa do garfo.
138. Fazem-se na alça correcções de 50 ou 25 metros até que os tiros se repartam approximadamente com igualdade aquem e além do objectivo. (Alça favoravel.)
Essa alça favoravel será então a unica empregada até que a observação indique sua modificação.
139. Si na procura da alça favoravel si fôr conduzido a sahir dos limites do garfo, de uma grandeza igual á deste, deve-se formal-o de novo.
140. Para o tiro curvo do obuz procura-se em geral o garfo de 200 metros em tiro rasante. Inicia-se no meio deste garfo o tiro curvo e forma-se outro de 50 metros. O tiro de efficacia obedece á regra supra (137). Uma vez achada a alça favoravel, passa-se ao tiro c. r., si fôr o caso.
Quando se tem uma indicação sufficiente sobre a distancia póde-se prescindir do tiro rasante preliminar.
Póde ser necessario augmentar a alça para attingir coberturas situadas atrás da primeira linha.
141. Quando se quizer bater com tiros percutentes objectivos de grande profundidade, como tropas em povoações ou bosques, empregam-se alças variando de 50 em 50 metros.
142. No tiro de efficacia contra objectivos moveis, procede-se como no n. 134; contra objectivos distantes cerca de 600 metros, como no n. 135.
TIRO CONTRA OBJECTIVOS INSTANTANEOS
143. Contra objectivos instantaneos é recommendavel formar um garfo largo e passar ao tiro de efficacia empregando, rapidamente, grupos de tiros com alças de 100 em 100 ou de 200 em 200 metros sem esperar a observação.
A escolha da primeira dessas alças depende da observação feita sobre as que deram o garfo; em geral, será preciso quebrar de accôrdo com o n. 121.
Havendo elementos para uma segura avaliação de distancia, póde ser dispensada a formação do garfo.
144. Sendo duvidoso que haja tempo de formar um garfo porque talvez desappareça o objectivo aos primeiros tiros, emprega-se o sht. Em grupos de tiros com alças escalonadas de 150 metros ou menos, por secção ou por peça, segundo os dados que se tiver sobre a distancia. (Fogo escalonado.)
E’ necessario que os grupos de tiros se succedam rapidamente, sem esperar que se os possa observar.
A posição do corrector deve ser escolhida de modo a evitar os arrebentamentos altos ou por percussão.
TIROS CONTRA BALÕES CAPTIVOS
145. E’ da maxima importancia atirar á risca.
146. Para a regulação deve-se obter os arrebentamentos tanto quanto possivel na linha de visada, para a efficacia, em altura normal acima della.
147. O garfo é determinado por grupos de tiros com sht.
148. em regra, começa-se o fogo com a maior graduação da alça, afim de se verificar si realmente o balão está ao alcance.
149. O fogo continúa segundo as regras do tiro com sht, contra objectivos fixos.
150. Havendo uma indicação sobre a distancia, fornecida por exemplo, por um telemetro, pode-se-há obter rapida efficacia empregando a regra para o caso de objectivos instantaneos (144).
151. Si, apezar de bem situados os arrebentamentos em direcção e em altura, não se obtem effeito, forma-se de novo o garfo.
152. Póde ser vantajoso o emprego de observadores lateraes.
TIRO CONTRA BALÕES DIRIGIVEIS E AEROPLANOS
153. Decisão rapida, commandos rapidos, prompto aproveitamento das observações, correcções energicas e serventes habeis das peças e do telemetro, que trabalhem com rapidez, são condições preliminares de successo.
154. Os pontos de arrebentamento devem ser situados, no tiro de granada na linha de visada, no tiro de sht, em altura normal acima della.
155. E’ de especial importancia atirar á risca. Para compensar o vento lateral e o movimento do objectivo em direcção transversal deve-se commandar uma contra-deriva correspondente. Deve-se tambem, antes de abrir o fogo, levar em conta o movimento ascendente ou descendente do objectivo, por meio de uma deriva vertical.
156. Como os dirigiveis e aeroplanos podem executar frequentes mudanças na altura e na direcção do vôo, hão de ser necessarias durante o tiro modificações de corrector e de derivas.
157. Basea-se o tiro na distancia medida pelo telemetro. Commanda-se um grupo de tiros escalonados de 150 metros por peça, para obter assim uma indicação sobre o corrector e a deriva. Si já era conhecida a direcção do movimento do objectivo, deve fazer-se a conveniente diminuição (augmento) da distancia.
158. O tiro prosegue em grupos escalonados de 150 metros. A alça deve ser a ultima medida, diminuida (augmentada) do dobro do espaço percorrido pelo objectivo em meio minuto quando se approxima (afasta) da bateria.
Como se deva contar com o movimento muito rapido do objectivo, a alça deve ser commandada logo após o primeiro grupo de tiros, sem esperar a observação. Continua-se o fogo de accôrdo com as observações medições de modo que se obtenham tiros aquem e além do objectivo: para isso póde ser necessario corrigir energicamente a alça.
159. Não se dispondo de telemetro, ou faltando tempo para a medição, commandam-se logo varios grupos de tiros escalonados, escolhendo a alça e a grandeza do escalonamento de modo que o objectivo fique entre as alças empregadas.
As modificações da alça obedecerão á observação dos tiros assim como á velocidade e direcção do movimento do objectivo.
160. Os dirigiveis e aeroplanos que pretenderem, pelo lançamento de explosivos, destruir, pontos, hangars, etc., teem que préviamente aproar por algum tempo em menor altura e em direcção constante ao seu objectivo. Contra elles escolhe-se a alça de modo que os tiros caiam aquem, e mantem-se fogo rapido, corrigindo sómente a altura e a direcção dos arrebentamentos.
Si a observação ou o telemetro indicar que o objectivo transpoz essa zona de fogo, diminue-se energicamente a alça e repete-se o processo. Um observador auxiliar póde neste caso prestar bons serviços.
TIRO Á NOITE
161. Uma vez que se disponha de holophote para illuminar o campo de tiro, póde-se, dentro do alcance de seu feixe de luz, bater objectivos de qualquer especie como si fosse dia. Muitas vezes convirá empregar o processo indicado contra objectivos instantaneos, afim de se tirar partido de pequenos periodos de illuminação intermittente.
Si forem postos holophotes especialmente á disposição de unidades de artilharia, serão collocados de preferencia em pontos elevados, ao lado e adeante da linha de fogo.
Caso não fiquem ao alcance da voz, será preciso ligal-os pelo telephone, afim de que se possa commandar convenientemente o feixe de luz.
Pelo empregado de dois holophotes póde-se augmentar a intensidade da illuminação ou a área illuminada; tambem é vantajoso empregar um delles na procura de objectivos e o outro em manter illuminado o objectivo sobre o qual se atira.
162. Para atirar contra holophotes emprega-se o processo indicado contra balões captivos.
163. Não se dispondo de holophotes é preciso fazer o possivel por ultimar a preparação do tiro ainda de dia. O processo de tiro consiste no emprego de alças sucessivas cujo numero depende do gráo de precisão dos dados e da profundida da zona a bater.
Obtem-se a mais segura preparação do tiro quando se póde ainda de dia occupar a posição com a bateria, ou pelo menos com alguma peça.
Não sendo isso possivel recorre-se á luneta de bateria para a pontaria em direcção e para a determinação do angulo de sitio.
164. A regulação do tiro ainda de dia é o melhor meio para se determinar a alça e o corretor para o tiro de efficacia á noite. Si isso não for possivel será necessario tira da carta ou do telemetro a indicação para as alças do tiro de efficacia. A regulação das alturas de arrebentamento póde ser feita de noite com sufficiente precisão desde que tenha sido possivel apontar convenientemente de dia a luneta de bateria.
165. Para poder tomar a direcção sobre diversos objectivos ou zonas é preciso fixar de dia a direcção das peças ou da luneta de bateria sobre um ponto principal de orientação (175); feito isto medem-se as distancias e frentes millesimaes correspondentes. Havendo peças na posição convém examinar essas derivas mediante tiros de prova. Esses dados registram-se em um croquis ou em um esboço plammetrico, onde se designam objectivos e zonas por meio de lettras de pronuncia inconfundivel; ajuntam-se-lhes as alças, sitios e corretor. Esses desenhos devem ser reproduzidos afim de serem fornecidos aos commandantes de artilharia, a partir dos de bateria.
Tambem se fornecem exemplares aos observadores auxiliares para que façam suas participações de accôrdo com o croquis ou esboço, por meio do telephone ou de signaes luminosos.
166. Na posição escolhida de dia devem-se assignalar; a linha de fogo por uma fita branca (por exemplo) e o logar de cada peça por outra, curta, transversal.
167. Si não for possivel a preparação do tiro ainda de dia, elle só será exequivel á noite contra objectivos illuminados.
Para isso é imprescindivel um observador auxiliar lateral, que fará as indicações necessarias á formação de um garfo largo. Obtido este, passa-se ao tiro progressivo de 100 em 100 metros, eliminando ou adoptando as alças segundo as indicações do observador auxiliar.
TIRO DE GRUPO
168. As funcções de commandante de grupo no que diz respeito ao tiro são principalmente de dominio da tactica; só excepcionalmente elle intervirá no processo de tiro das baterias. Mediante ordens concernentes á especie da posição e ao rompimento do fogo, e pela designação dos objectivos ou zonas, elle exerce decisiva influencia sobre as condições da actividade de tiro de suas baterias.
Elle orienta os commandantes de bateria sobre a situação tactica e as missões do grupo, bem como sobre o resultado de seu reconhecimento.
Quanto mais radicaes forem essas instrucções, tanto mais poderá o commandante de grupo contar com a acertada iniciativa dos commandantes de bateria, uma vez que, por qualquer circumstancia, venha a faltar sua direcção no fogo.
169. O commandante de grupo deve tomar disposições sobre a observação da zona de combate ou de vigilancia a si attribuida, de tal modo que esteja sempre informado da situação do combate. Só assim ficará elle em estado de dirigir, no ambito de sua missão, o fogo de suas baterias no momento asado, contra os objectivos convenientes.
Caso o commandante do regimento não tenha ordenado a ligação com a primeira linha de combate, é o do grupo o responsavel por seu estabelecimento.
170. A expedição de observadores auxiliares (71) caberá quasi sempre ao commandante de grupo, que póde, mais cedo do que os commandantes de bateria, julgar da necessidade e possibilidade de tal medida.
171. As difficuldades da direcção do fogo no grupo devem ser vencidas:
a) pela conveniente escolha dos observatorios;
b) por judiciosas medidas para designação dos objectivos;
c) pelo estabelecimento opportuno das necessarias ligações.
172. Os principios segundo os quaes deve ser feita a escolha dos observatorios dos capitães estão indicados no n. 48. Na escolha do observatorio do commandante de grupo ha varias considerações oppostas, pelo que só de cada caso particular depende a preponderancia de uma dellas. Antes de tudo, é preciso ter sobre o terreno do combate uma vista de conjuncto tão extensa quanto possivel; em seguida, é de especial importancia que para a direcção do fogo sejam proporcionadas condições vantajosas ás ligações. E’ sempre para desejar que o commandante de grupo fique tão perto pelo menos de uma bateria, que tenha segura influencia immediata sobre seu commandante, afim de poder, sem perda de tempo dirigir o fogo dessa bateria contra objectivos instantaneos, etc.
173. Um observatorio na linha de fogo ou proximo a ella expõe o commandante de grupo directamente ás influencias da luta e lhe difficulta não só abranger com a vista sua propria tropa mas tambem, em geral, a observação do campo de combate; torna-lhes facil, porém, dar directamente ordens, á voz, a um ou outro commandante de bateria. Um observatorio afastado evita, em geral, os inconvenientes acima apontados, mas obriga ao emprego do telephone ou de outro qualquer meio de communicação, difficultando e tornando morosa a transmissão de ordens. Si elle fica muito afastado lateralmente, difficulta ao commandante de grupo designar os objectivos ás suas baterias e verificar si foram por estas bem apprehendidos.
Segundo o resultado de seu reconhecimento, o commandante de grupo decide até que ponto deixará aos commandantes de bateria liberdade na escolha de seus postos de observação, ou si lh’os designará precisamente. Todavia as considerações concernentes á conducçção do fogo da bateria derem sempre preterir as relativas á direcção dos fogos do grupo.
174. Si os observatorios dos capitães não podem ficar situados de modo que estes se communiquem á voz com suas baterias, e sendo necessario o emprego do telephone, poderá ser vantajoso approximar taes observatorios entre si, ao alcance da voz. Este caso requer porém o maior cuidado no mascaramento dos observatorios.
E’ preciso que o commandante de grupo saiba qual a parte da zona de combate visivel de cada observatorio, afim de que possa fazer uma conveniente repartição dos objectivos.
175. E’ sempre importante tomar medidas especiaes, para a designação dos objectivos, as quaes se tornam indispensaveis quando a direcção do fogo no grupo se faz por meio de telephone.
Em muitos casos bastará a designação de um «ponto principal de orientação», um ponto notavel do campo de objectivos, visivel para todos os commandantes de bateria, e que esteja situado, tanto quanto possivel, á mesma distancia que os primeiros objectivos a combater. Quando fôr de esperar que se apresentem objectivos em distancias e direcções muito differentes, ou quando a zona de combate ou de observação fôr muito larga, convirá estabelecer diversos pontos principaes de orientação. Isto feito, para designar um objectivo, bastará indicar sua distancia angular lateral em relação ao ponto de orientação, (medida com a luneta de bateria ou binoculo munido de escala micrometrica) e sua distancia (medida ou estimada) á posição de fogo.
176. Estando os observatorios muito longe nas dos outros haverá differenças entre as distancias millesimaes transmittidas pelo commandante do grupo e as lidas pelos commandantes de bateria em seus postos de observação, sobretudo, si nenhum dos pontos principaes de orientação estiver em situação favoravel á mudança de objectivo. Então, será preferivel attribuir á bateria mais proxima os novos objectivos que surgirem e que devam ser promptamente batidos.
Quanto mais afastada estiver uma bateria do observatorio do commandante de grupo tanto maior liberdade deve dar-se ao respectivo capitão, segundo as circumstancias, mesmo na escolha dos objectivos. As baterias destacadas a grande distancia só indicações geraes pódem ser dadas sobre sua conducta.
177. Si houver tempo disponivel, por exemplo, no caso de defesa ou ataque preparado, fazem-se croquis ou esboços planimetricos ou perspectivos, nos quaes se indicam por lettras de pronuncia inconfundivel os pontos mais importantes do terreno, e entregam-se cópias delles aos commandantes de bateria e aos observatorios auxiliares, o que poderá facilitar a conducção do fogo.
178. Os telephonistas das baterias e do grupo são, principalmente, destinados a assegurar as ligações dentro do grupo e não devem ser distrahidos desta funcção. Entretanto, póde tornar-se necessaria a ligação do grupo aos chefes superiores da artilharia, aos observadores lateraes e ás patrulhas enviadas á primeira linha, de combate: isto exige economia no emprego do telephone.
179. E’ preciso pensar no estabelecimento prévio das ligações. Havendo perigo de que estas sejam destruidas pelas baterias ao occuparem a posição, convirá muitas vezes estabelecel-as depois de concluida a occupação.
180. Fiscalizando a execução do tiro das baterias, o commandante de grupo abster-se-ha de intervir inutilmente. Uma vez, forçado a intervir no processo de tiro, as baterias devem ser levadas a corrigir os erros observados, dando-se-lhes ordens que excluam toda duvida. O commandante de grupo deve lembrar-se de que assume com isso a responsabilidade do tiro da bateria.
181. Durante a regulação o papel do commandante de grupo limita-se a rectificar a falsa apprehensão dos objectivos e a tomar as medidas necessarias para que as baterias não se perturbem mutuamente.
Não é possivel acompanhar a regulação simultanea de varias baterias; comtudo, é recommendavel que o commandante de grupo acompanhe a regulação de uma dellas, desde que isso seja compativel com suas outras occupações.
182. No correr do tiro o commandante do grupo tem que formar juizo sobre a acção de suas baterias e constatar o effeito produzido nos diversos objectivos.
Elle velará para que as baterias adaptem a especie, duração e velocidade de seu fogo á natureza e importancia tactica do objectivo. E’ seu dever mandar informações ao commandante do regimento sobre a efficacia obtida.
183. O tiro de regulação feito simultaneamente por varias baterias sobre uma zona estreita raramente traz vantagens: ao contrario, em geral dá logar a perturbação mutua, conduzindo a um falso garfo.
Os escudos tornam as baterias capazes de calar-se sob o fogo inimigo até que outra bateria tenha achado os elementos para o tiro de efficacia contra o objectivo commum.
184. As difficuldades de observação resultantes da quéda dos tiros de varias baterias em uma zona estreita devem ser evitadas mediante acertada escolha dos pontos de regulação e attenção das baterias umas ás outras ao darem fogo. Si necessario, o commandante do grupo designa, respectivamente, os pontos de regulação e dispõe a ordem em que as baterias devem atirar.
185. Em regra, é o commandante do grupo quem ordena a mudança de objectivo. Para isto mede-se a deriva do novo objectivo ou em relação a um dos pontos principaes de orientação ou em relação ao objectivo anterior, conforme a direcção em que elle se apresentar.
186. Sendo frequente, essa mudança prejudicada a efficacia; por isso, as baterias não devem ser desviadas de seus objectivos antes de preenchida a missão anterior. Si os capitães mudam de objectivo por iniciativa propria, deve o commandante de grupo velar por que o novo objectivo não attraia maior numero de baterias que o necessario; segundo as circumstancias, elle ordenará immediatamente que algumas baterias voltem ao objectivo primitivo ou se calem.
187. Para concentrar os fogos de varias baterias sobre um objectivo estreito é de necessidade primordial dar-lhes seguros elementos para o tiro de efficacia. Raramente será possivel obter esses elementos contra um objectivo já mantido sob fogo intenso, só se tornando então praticavel a transmissão de taes elementos de uma outra bateria, quando se achem estas a igual distancia do objectivo ou quando se puder fazer cessar momentaneamente do fogo da bateria empenhada no tiro de efficacia. Não parecendo isso possivel, far-se-ha augmentar a velocidade de fogo de uma bateria que será abundantemente provida de munição, de preferencia a ordenar a concentração dos fogos.
Uma vez que se tenha de concentrar em um ponto os fogos de grande numero de baterias, tomar-se-hão com antecedencia as medidas preparatorias (determinação da distancia e da direcção).
188. O commandante de grupo deve estar sempre informado sobre a munição existente e providenciar para que suas baterias sejam providas a tempo, em quantidade e especie, dos projectis necessarios ao cumprimento de sua missão.
PARTE III
Exercicios de tiro
I – TIRO SIMULADO
1. Na bateria
189. A completa instrucção da bateria no tiro simulado constitue uma preparação indispensavel para o tiro real.
Nenhum official ou sargento poderá commandar bateria em exercicios de tiro real, sem que haja revelado aproveitamento na resolução de themas de tiro simulado.
Quanto aos officiaes, os commandantes de grupo e as autoridades superiores avaliarão esse aproveitamento pelos boletins de tiro dos exercicios quinzenaes de que trata o numero 193, onde se reflectirão forçosamente os resultados do estudo individual e dos exercicios feitos nas baterias (195).
190. Logo que os artilheiros estejam senhores de suas funcções na escola de peça, iniciam-se os exercicios de tiro simulado sobre themas variados. (Vd. R. E. A., Parte 1ª, escola da peça e escola de bateria.)
191. Devem merecer especial cuidado os exercicios referentes á preparação do tiro (44 a 53).
As difficuldades do reconhecimento, apprehensão e mudança de objectivos, a influencia do terreno sobre as diversas posições cobertas e descobertas e a da situação dos observatorios, as perturbações na transmissão de ordens, tudo isso deve ser evidenciado nos exercicios, durante os quaes se ensinarão os meios de vencer essas difficuldades e de remediar essas perturbações.
E’ necessario aproveitar todas as occasiões, procurar mesmo situações as mais diversas, para exercicio de escolha e installação de observatorios (entrincheiral-os, mascaral-os, installar habilmente a escada-observatorio, a viatura-observatorio, os escudos portateis associados a trabalhos de terra, construir abrigos para o pessoal de sequito do commandante da bateria, utilizar edificações, arvores, etc.).
Para verificar si um observatorio está bem installado convém que elle seja examinado do lado em que se suppõe o inimigo.
Além disso é preciso ensinar a installação de observatorios simulados.
192. Os escudos das peças difficultam a pontaria directa. Assim, só se poderá tirar todo o partido das vantagens que elle offerece (maior presteza na abertura do fogo e facilidade de bater os objectivos que se movam com rapidez), si a instrucção respectiva tiver sido cuidadosa.
193. Mediante exercicios de tiro simulado, baseado o desenvolvimento de cada thema em suppostas observações dos tiros, póde-se, sem consumo de munição, adquirir pratica dos processos de tiro do regulamento. Portanto, deve-se. (189).
Durante o periodo de instrucção dos recrutas deve haver uma vez por quinzena, em cada grupo, com o material de uma bateria um exercicio de tiro simulado para todos os officiaes da unidade, completadas as guarnições pelo pessoal antigo das baterias.
Além destes, convém fazer exercicios identicos, sem material, para officiaes e sargentos (estes na bateria).
As observações hypotheticas (196), que devem ser dadas pelo director do exercicio, e as vozes de commando serão registradas por dous sargentos em um quadro negro afim de servirem de base á critica respectiva que será feita por aquelle director á luz dos preceitos regulamentares, logo após cada thema ou série de themas correlatos.
Os officiaes que tiverem resolvido thema nesses exercicios apresentarão no dia seguinte o boletim de tiro ao commandante do grupo em duas vias; este submetterá os boletins dos officiaes subalternos das baterias á critica escripta dos respectivos capitães. Nesses boletins é geralmente dispensado o summario (265); em vez delle se faz então uma exposição do tiro (274). No caso de ter sido um dos capitães o director do exercicio (194) cumpre a este fazer critica. Em qualquer caso o commandante do grupo tambem escreverá sua critica nesses boletins e os remetterá até o dia 4 de cada mez ao respectivo commandante de brigada, nos grupos incorporados, por intermedio do commandante do regimento, que poderá tambem critical-os e dizer sobre as criticas anteriores. Uma das vias fica na brigada, a outra, com a critica do commandante desta unidade, volta ao commandante do grupo, pelos mesmos tramites, e este dá conhecimento das criticas a todos os seus officiaes, e lhes restitue os respectivos boletins.
194. Ao commandante do grupo compete dirigir taes exercicios de bateria (193) ou préviamente designar algumas vezes um capitão para isso, assim como limitar o assumpto do exercicio seguinte, do que dará conhecimento a todos os officiaes.
Um meio muito recommendavel para estimular o interesse com que todos devem acompanhar o tiro simulado consiste em substituir no decurso do thema o official que estiver commandando a bateria. Isto tem cabimento sobretudo quando ha reincidencia em um mesmo erro.
195. Aos commandantes de bateria cabe instruir seus officiaes e sargentos na conducção do fogo de uma bateria, graduando os themas pelo adeantamento de cada um. Pouco a pouco elles augmentarão as exigencias e desenvolverão as difficuldades inherentes ao tiro real. E’ preciso, porém, pautar os themas pela simplicidade, consoante a guerra, evitando figurar circumstancias de rebuscada complicação.
196. As observações imaginarias, sempre que possivel, não devem ser dadas directamente taes como terão de ser lançadas no boletim de tiro e sim como no caso real appareceriam á vista, isto é, em referencia á topographia do campo de tiro.
197. Em todos os exercicios é preciso exigir a execução conforme a realidade: toda a guarnição da bateria, subalternos inclusive, deve occupar a posição e conservar a attitude que teria na guerra. Os commandantes de bateria poderão excepcionalmente dispensar esta exigencia.
198. Com esses exercicios os officiaes aprendem a tomar rapidamente suas resoluções decorrentes da observação, transformal-as promptamente em commandos certos, transmittidos á bateria de maneira conveniente e clara.
Todo official deve estar senhor da linguagem regulamentar dos commandos. A sequencia normal dos commandos tem a vantagem de evitar malentendidos e omissões; tem especial valor nos casos em que ella corresponde á sequencia necessaria das operações dos serventes.
199. Os commandos devem ser bem accentuados e emittidos com a elevação de voz bastante para que sejam seguramente entendidos, tomando-se em conta a direcção e a intensidade do vento.
Os commandos longos devem ser incalados de pausas.
Em geral resultam erros, maior atrazo e perda de calma mandando-se ficar sem effeito (ultima fórma!) os commandos de numeros. E’ preferivel deixar executar-se esses commandos errados e, em seguida, eliminar o erro por um novo commando.
200. No tiro simulado tambem se deve fazer exercicio de recepção dos commandos pelo subalterno da secção mais proxima do commandante da bateria e transmissão certa ao outro.
E dever de que emitte ou transmitte um commando certificar-se de sua exacta recepção.
E’ preciso evitar que uma voz de commando coincida com um tiro.
201. No caso da pontaria directa a designação do objectivo deve ser clara, inconfundivel e curta. Si não for possivel uma designação sem longas explicações deve-se recorrer a um ponto de pontaria facil de designar.
Os objectivos são indicados pelas expressões “em frente”, “á direita”, “á esquerda” referidos á linha de tiro da bateria. Recorrendo-se a numeros ordinaes é preciso dizer si a contagem começa da direita ou da esquerda.
202. Quando o commandante de bateria não estiver a distancia que lhe permitta commandar á voz, recorrerá, de preferencia, á communicação telephonica. Torna-se então da maxima importancia o fraccionamento conveniente dos commandos longos.
Todos os officiaes e sargentos devem saber utilizar-se do telephone e dos seus accessorios, assim como corrigir as perturbações mais frequentes na ligação. Os telephonistas recebem instrucções especial detalhada. E’ preciso exercital-os bem na installação da linha, adaptando-a ao terreno e escolhendo a direcção de menor transito de cavalleiros e viaturas.
203. Convém que simultaneamente com a ligação telephonica seja disposto outro meio de communicação – signaleiros, estafetas a pé ou a cavallo, cadeia de transmissão (repetidores) – para substituir promptamente aquella, no caso de interrupção. (48, fim.)
204. Quanto mais extensa a cadeia de transmissão tanto maior o risco de chegarem os commandos á bateria errados ou incompletos.
Tanto os repetidores como os signaleiros deve ficar desenfiados á vista do inimigo, empregando-se o trabalho de sapa, si for necessario.
205. A não ser para as distancias maiores que 500m, os signaleiros só devem ser empregados para transmittir as alterações dos elementos de tiro, pois, mandando-se escriptos os commandos iniciaes para a abertura do fogo, por intermedio de uma estafeta a pé ou a cavallo (conforme a distancia) torna-se a respectiva transmissão mais rapida e garante-se a sua fidelidade.
206. O official subalterno mais graduado ou mais antigo deve acompanhar com especial attenção as séries de commandos transmittidos á bateria por esses meios indirectos, cumprindo-lhe pedir repetição de algum elemento no qual lhe pareça ter havido engano.
Para verificação ulterior todos os commandos devem ser registrados tanto na estação transmissora como na receptora.
207. No caso de pontaria indirecta devem ser objecto de frequentes exercicios as mudanças de objectivo, conservadas mediante alteração da deriva, mas tambem podem ser feitas reapontando a bateria. O primeiro processo é mais rapido. Não esquecer o novo angulo de sitio! (R.E.A.)
208. E’ preciso aproveitar todas as occasiões para exercicio de reconhecimento de objectivos installados consoante á realidade e ao mesmo tempo verificar como o resultado desse reconhecimento poderia ser utilisado para a preparação do tiro ou sua execução.
2. NO GRUPO
209. Terminado o periodo de instrucção dos recrutas iniciam-se os exercicios de tiro simulado de grupo que terão logar uma vez por semana. Convém começar pelos exercicios de quadros, isto é, sem as peças mas com todo o material de preparação do tiro (luneta de bateria, viatura-observatorio, telephone) e o pessoal respectivo, bem como os chefes de peça e o pessoal necessario ao serviço de ligação.
Passado o periodo da escola de baterias os exercicios de tiro simulado de grupo (de quadros ou com material) tornam-se mais frequentes.
Além disso, a partir dessa época haverá nos regimentos uma vez por mez, um exercicio de grupo completo, com assistencia de todos os officiaes do regimento.
210. Estes exercicios de grupo completo serão dirigidos pelo commandante do regimento, que deverá algumas vezes delegar essa funcção ao fiscal ou a um dos commandantes de grupo.
Os outros exercicios de tiro simulado de grupo serão dirigidos pelo proprio commandante da unidade; elle deve algumas vezes designar um dos capitães para commandar o grupo.
Cada exercicio de tiro simulado de grupo completo (209) será objecto de um relatorio de tiro (267), segundo o modelo 2, destinado ao commandante da brigada, com as mesmas formalidades do n. 193.
211. Tem muita importancia a conveniente divisão das funcções no commando do grupo. Na preparação do tiro e na direcção dos fogos cabe-lhe principalmente:
Observação do campo de combate e reconhecimento dos objectivos;
installação de observatorio;
estabelecimento das ligações para transmissão de ordens e repartições;
fiscalização dessa transmissão, assim como recepção e expedição de ordens e participações.
Um official do commando do grupo deve ser incumbido de manter-se sempre ao par da munição ainda existente na linha de fogo e do lembrar opportunamente as providencias para o remuniciamento. Para isso elle pedirá informações aos commandantes de bacteria, que devem dal-as em vista do consumo correspondente ao fogo simulado.
212. Os exercicios devem basear-se nas indicações dos ns. 168 a 188.
E’ preciso imprimir-lhes variedade pela mudança dos themas. Convém limitar cada exercicio a uma determinada phase de combate e pratical-a a fundo.
213. E’ necessario exigir rigorosamente que todos os que tomam parte no exercicio se conduzam como si realmente estivessem deante do inimigo, sem excepção mesmo do commandante do grupo que, entretanto, póde momentaneamente infringir esta regra quando isso for necessario á instrucção.
214. Deve tambem no grupo dar especial importancia aos exercicios de preparação do tiro.
O estabelecimento das ligações demanda séria reflexão, pois é necessario parcimonia no emprego dos respectivos meios, especialmente material telephonico. E’ recommendavel attribuir a inspecção desse serviço a um official do commando do grupo.
Da mesma fórma a escolha e a installação dos observatorios devem ser objecto de meticuloso exercicio.
E’ preciso figurar casos em que o commandante do grupo determina a cada commandante de bateria o local onde deve installar seu observatorio e casos em que o deixa á sua escolha.
Pelo segundo processo elle terá frequentemente de dar indicações mais detalhadas sobre a zona que a bateria deve dominar ou sobre as missões que provavelmente lhe serão dadas no correr do combate.
Constituem tambem objecto de exercicio as participações ao commandante do grupo, alludidas na Segunda parte do n. 174, as quaes podem ser feitas assignalando-se na carta a zona visivel, ou mediante croquis ou esboço especial, ou ainda verbalmente por intermedio de um official ou sargento que será bem orientado sobre o caso.
No tiro a parte principal da funcção do commandante de grupo é a direcção tactica dos fogos. (168.)
Suas difficuldades, principalmente quando o observatorio estiver distante dos das baterias, só mediante continuados exercicios podem ser superadas.
215. Deve-se frequentemente fazer exercicios de designação dos objectivos pela sua deriva em relação a um ponto principal de orientação (175) ou a um outro ponto bem reconhecivel no terreno ou ao objectivo anterior. Além da deriva, é preciso dar a distancia do novo objectivo.
II – TIRO REAL
Generalidades
216. O tiro real é o coroamento da instrucção de tiro. Quanto mais esmerados tiverem sido os exercicios de tiro simulado, quanto mais bem dirigido o tiro real, tanto mais instructivo será elle, tanto mais seguramente preencherá seu fim.
Em primeira linha a instrucção de tiro real tem logar annualmente durante a campanha de tiro. Fóra desse periodo, mas sem prejuizo delle, poderá haver exercicios especiaes de tiro real, uma vez passada a época da escola de recrutas. Além disso haverá um exercicio de tiro real antes do exame de recrutas.
217. Dada a decisiva importancia do tiro real para o valor da arma, é preciso por todos os meios fazer que a artilharia de campanha, para realizar seus exercicios de maneira proveitosa, disponha de tempo, espaço e munição, agindo tanto quanto possivel como si estivesse em combate, e execute uma boa figuração e installação dos objectivos.
218. Durante os periodos de tiro real a artilharia não póde ser distrahida para nenhum outro exercicio ou serviço. Nas proprias baterias, as horas que não forem empregadas no tiro só serão approveitadas para exercicios que com elle entendam directamente.
219. E’ preciso chamar a attenção do pessoal para as peculiaridades do tiro real, mostrando a razão de certas exigencias regulamentares do serviço da peça e ensinar a vencer as difficuldades e perturbações que surgem no tiro.
Especies de tiro real
220. No tiro real distinguem-se o tiro de ensaio e o tiro de combate.
O exercicios de que trata o final do n. 216 (tiro de recrutas) é de tiro de ensaio, de bateria (235 a 242).
Os exercicios da campanha de tiro são – de combate – na bateria, grupo, etc., e – de ensaio – no grupo, etc.
Os exercicios de tiro especiaes podem ser de qualquer das especies.
Logar e tempo
221. Os exercicios de tiro real fazem-se no logar préviamente escolhido pelo commandante da brigada ou pelos commandantes de corpos de artilharia, com approvação do inspector de região.
As datas dos exercicios de tiro serão fixadas, ao mais tardar: a do tiro de ensaio, peculiar ao periodo de instrucção dos recrutas (216 a 220), na primeira semana do ultimo mez desse periodo; a do inicio da campanha de tiro – na Segunda quinzena do periodo de instrucção de bateria; as dos tiros especiaes – com um mez de antecedencia.
A campanha de tiro terá logar geralmente antes da época das manobras annuaes. Tanto os exercicios desta campanha como os especies só podem ter logar depois do periodo de instrucção de bateria.
Principios para a organização e execução dos exercicios de tiro real
222. O commandante do regimento é o director de tiro nos exercicios de regimento e de grupo, devendo algumas vezes delegar essa funcção, naquelles, ao fiscal, e nestes, ao fiscal ou a um major.
Os exercicios de tiro de combate de bateria são dirigidos pelo commandante de grupo, podendo elle delegar esse funcção a um dos capitães quando tiver sido designado um subalterno para commandar a bateria durante o exercicio.
Nos tiros de ensaio de bateria será sempre director o seu proprio capitão.
223. O commandante do regimento estabelece as condições a que devem obedecer os exercicios de tiro. Além disso compete-lhe determinar:
a) numero e especie (220) dos exercicios de tiro, por bateria, grupo e regimento;
b) munição para os exercicios de bateria e de grupo;
c) as baterias em que devem fazer exercicios de tiro como subalterno e como commandante o secretario, os ajudantes e demais capitães e tenentes que estejam em funcções interinas fóra das baterias;
d) os dias em que o fiscal commandará o regimento;
e) a distribuição dos dias, horas e posições de tiro pelos grupos;
f) especie das posições e dos objectivos e suas distancias approximadamente, attendendo quanto possivel aos desejos dos commandantes de grupo.
224. Dentro de quinze dias após a fixação da data dos exercicios de tiro real (221) deve o commandante do corpo publicar em ordem do dia o respectivo programma detalhado, com excepção dos objectivos e distancias respectivas para os tiros de combate. Uma cópia desse programma será remettida ao commandante da brigada e outra ao da divisão. Este publical-o-ha resumidamente, para conhecimento dos officiaes das outras armas, que poderão, quando os respectivos commandantes julgarem conveniente, assistir aos exercicios de tiro de artilharia.
Os dias, horas e posições para cada unidade, em geral, só podem ser fixados precisamente depois de estar a tropa no campo de tiro.
Afim de que todos os Officiaes da arma possam assistir aos exercicios das diversas unidades, devem reunir-se a companha de tiro todos os corpos da brigada de artilharia, ou, quando por motivos imperiosos isso não fór possivel, pelos menos todas as baterias do mesmo regimento ou grupo independente.
A duração da campanha será calculada sobre as seguintes bases:
Haverá para cada grupo, no minimo, tres dias de tiro combate de bateria e dous dias de tiro de ensaio de grupo.
Quando estiverem reunidos diversos grupos para a campanha devem os dias de exercicio ser alternado entre elles e podem os tiros de combate de bateria ter logar simultaneamente em dous grupos, desde que o permitta o espaço (posições e campos de tiro) sem risco da segurança (279 a 492).
Um dos tiros do ensaio de grupo deve ser intercalado entre os de combate de bateria.
O ultimo dos exercicios de combate de cada bateria será de inspecção de tiro, realizado com assistencia de todos generaes da divisão e do inspector da arma.
225. Nos exercicios de tiro de um anno não é possivel proporcionar a todas as baterias o tiro em todas as circumstancias e contra todas as especies do objectivos. Cumpre ao commandante de corpo distribuir assumptos differentes entre as baterias, além dos que não de ser communs a todas.
Os objectivos mais frequentes na guerra devem ser objecto mais repetido de exercicio.
A tropa deve aprender a agir com igual presteza e segurança indistintamente nas posições cobertas e descoberta.
Facilmente se é induzido a dedicar mais tempo e cuidado aos exercicios de tiro em, posição coberta porque exigem uma preparação mais complicada; mas é preciso não esquece que só o exercicio póde desenvolver o rapido golpe de vista, a resolução prompta e a rigorosa disciplina de fogo, condições tão necessarias ao tiro por pontaria directa (192).
226. E preciso parcimonia no consumo de munição. Por isso, em geral será necessario contental-se com a execução da primeira parte do tiro, a mais difficil e a mais instructiva – o tiro de regulação – consagrando poucos projectis ao tiro de efficacia. Para mostrar á tropa o resultado de um tiro de efficacia demorado, basta prolongar cada anno em um dos tiros de ensaio um qualquer dos tiros de efficacia de uma bateria de cada grupo, dotando-a, da necessaria munição.
No tiro de efficacia contra objectivos cobertos póde-se pela situação do primeiro grupo de tiros e a informação do commandante da bateria sobre os projectados limites de seu tiro progressivo, inferior si o objectivo seria attingido.
O calculo de munição para cada bateria será feito sobre a seguinte base para cada thema:
percussão – 10 tiros.
sht. – 14 “
grt. – 18 “
Compreende-se pois, que segundo os themas as baterias terão dotação differente. Além disso, a dotação de cada bateria depende do numero de seus officiaes e sargentos que tenham de resolver themas de tiro (189). Os de igual funcção receberão igual numero de themas. Os capitães deverão receber na companha de tiro pelo menos seis themas.
228. O commandante do grupo determinará como será aproveitada a munição que se conseguir economizar nessa dotação.
229. E’ preciso aproveitar os exercicios de tiro para realizar reconhecimento de objectivos difficeis, bem como para a execução de croquis ou esboços simples e claros, planumetricos um perspectivos, levantados de pontos seguros, escolhidos de accôrdo com a situação tactica; deve-se tambem aperfeiçoar a instrucção dos observadores auxiliares e esclarecedores de objectivos. Esses exercicios, assim como os de patrulhas de officiaes, poderão ser feitos por officiaes e sargentos das baterias que não tenham de tomar parte no tiro, mas em ligação com o thema de tiro.,
230. Em todos os tiros de bateria devem tomar parte as 4 v. p.com as 4 v. m. e a viatura-observatorio.
231. A figuração dos objectivos obedecerá ás disposições para construcção de alvos de artilharia (annexo).
Para representar as difficuldades que surgem na guerra é preciso installar os objectivos de modo a mão serem descobertos com muita facilidade; a isto attende-se-há mesmo nos tiros de ensaio.
Os objectivos só devem ser abatidos a distancias em que apparecceriam em combate. A disposição e a extensão dos objectos devem corresponder approximadamente á realidade e é installados de maneira tacticamente certa.
232. Para mudar o aspecto do terreno, quando se não possa variar de campo de tiro, convém figurar perfis de casas, de arvores isoladas, cercas, muros, etc., de madeiras, ramagens, etc., e mudar frequentemente a collocação desses accidentes simulados. Dispositivos identicos na propria posição de fogo permittem a variedade nas hypotheses do tiro.
233. Para cada dia de exercicio de tiro o commandante do grupo numeará um official subalterno encarregado da installação dos objectivos dos accidentes de que trata o n. 232. Esse official entende-se-ha previamente com o director de exercicio.
234 Um factor decisivo na utilidade dos exercicios de tiro real é a conducta do director.
Elle deve examinar antes do tiro si a installação dos objectos obedece ás prescripções regulamentares e si corresponde aos themas que projectou. Deve ainda reconhecer bem a situação e o aspecto dos objectos, vistos da posição de fogo.
Pessoalmente ou por intermedio de um ajudante official de ordens ou agente de ligação ele fará ao commandante da tropa, no local de reunião designado, communicação curta, simples e clara da situação tactica. A missão elle a dará ao commandante da unidade, em geral não na posição de tiro, mas no logar e modo correspondentes á situação tactica.
Na solução do thema o director sómente poderá intervir quando as condições de segurança o exigirem (287).
No intuito de obviar ulteriores difficuldades em uma mudança de objectivo o director deve designar não só o primeiro a ser batido, mas tambem exigir que uma certa zona do terreno possa ser attingido pelos fogos da bateria sem mudança da posição e de observatorio. Isso não impede que se formulem situações tacticas exigindo mudanças de posição, como acontece, p. ex., em perseguição ou retirada e nos combate do vanguarda, retaguarda, ou flanco-guarda, exercicios estes aliás de grande utilidade.
O director póde dar ao commandante do tiro participações reaes ou por elle imaginadas, croquis ou esboços procedentes de observadores aereos, de patrulhas de officiaes, esclarecedores de objectivo.
Os objectivos podem mesmo ser definido sómente por esses meios, isto é, sem explicações directas.
As participações de procedencia imaginaria só devem conter indicações que um serviço real de esclarecimento poderá ter proporcionado.
O director deve acompanhar attentamente o tiro para que cada momento possa ter sobre elle um juizo formado. Só assim será possivel tirar inteiro partido do dispendio de munição para a instrucção dos officiaes e da tropa.
Havendo observadores juntos aos objectivos o director, em ligação telephonica com elles, poderá nos tiros de ensaio esclarecer duvidas de observação na bateria.
Si o commandante do tiro commette erros evidentes o director póde algumas vezes deixar proseguir o fogo para mostrar praticamente as suas más consequencias, o que em geral será conseguido ao cabo de poucos disparos. Comtudo é preciso absolutamente cohibir o consumo inutil de munição, quer substituindo o commandante, quer mudando a missão ou mandando cessar o fogo.
Sempre que estiver resolvido um thema, isto é, realizado o fim que se pretendia, deve cessar o fogo.
São necessarias boas providencias do director para assegurar o apparecimento opportuno dos objectivos e a observação dos tiros junto a elles.
TIRO DE ENSAIO
1. Na bateria
235. Os tiros de ensaio na bateria constituem a escola preparatoriado tiro de combate. Nelles se desenvolve a instrucção da bateria nas peças sob as condições peculiares ao tiro real e se preparam os officiaes, sargentos e praças para a execução do tiro como na guerra, ensinando-se além disso aos officiaes e a alguns sargentos a coducção do fogo de uma bateria.
236. O commandante da bateria é o director (234) desses exercicios e como tal terá inteira liberdade. Deve algumas vezes (227, fim) accumular esta funcção com a de commandante do tiro.
O conhecimento prévio do assumpto dos themas permitte-lhe preparar a bateria nesse sentido.
237. O numero de themas de tiro de ensaio para cada bateria, que deve ser reduzido ao minimo indispensavel será fixado pelo commandante do corpo: elle depende do numero de officiaes e sargentos que tenham de commandar o tiro. Para isso os commandantes de bateria apresentarão, independente de ordem especial, na primeira semana do ultimo mez do periodo de instrucção de recrutas uma relação na qual só podem ser incluidos os officiaes subalternos que tenham tomado parte nos exercicios de tiro simulado e os dous sargentos de mais aproveitamento em taes exercicios (195) .
238. A occupação da posição deve ter logar conforme a realidade da guerra, mas não é necessario haver dependencia tactica entre os diversos themas de tiro.
239. Os exercicios abrangem a regulação em direcção alcance e altura de arrebentamento, contra diversos objectivos em circumstancias variadas, passagem ao tiro de efficacia, diversas maneiras de mudar de objectivo, cerrar e abrir o feixe de trajectorias, mudanças de posição.
Devem se repetir as explicações sobre as mudanças de corrector, de angulo de sitio e de deriva vertical na pontaria directa, sobre a altura e distancia de arrebentamento, o resultado de não se haver eliminado o desnivelamento das rodas de erros na graduação da espoleta, etc.
240. E' preciso associar ao tiro os exercicios de reconhecimento de objectivo e de observação dos tiros.
Sendo «condição fundamental para a efficacia uma observação exacta do tiro» (R. T. 54 ) cumpre aproveitar todo ensejo para a acquisição da pratica respectiva: todos os officiaes devem assistir aos tiros de ensaio de cada bateria de seu grupo e apresentar ao commandante deste, logo após o exercicio, o boletim de suas observações (mod. 3).
241. O commandante da bateria póde, quando julgar conveniente, interromper o fogo para dar ao pessoal explicações em ligação immediata com os tiros observados, mostrar os erros e suas causas.
Convém incumbir um official ou sargento de fiscalizar as guarnições, afim de descobrir defeitos ou lacunas da instrucção.
242. O tiro de ensaio só preencherá seu fim assim exposto se as baterias dispuzerem do tempo necessario que, entretanto, não deverá exceder de tres dias para cada grupo. Em um mesmo dia póde haver exercicio successivamente para as baterias do grupo, cada uma resolvendo a seguir dous ou mais themas.
2. No grupo
243. O tiro de ensaio no grupo constitue um de gráo entre os exercicios de tiro simulado (209 a 215) e os de tiro de combate no grupo. Elle serve para pôr á prova a conveniencia das disposições concernentes á preparação do tiro, bem como das medidas para a conducção do fogo e sua execução. Tambem proporciona anseio para exercicios de ligação entre os observatorios. E’ vantajoso que tambem o commandante do grupo receba, pelo telephone, do commando do regimento (supposto), ordens referentes ao thema.
Em regra tratar-se-há de verificar como as baterias apprehenderam os objectivos ou zonas a ellas attribuidas e si estão reguladas em direcção. Para isto bastam poucos tiros. A construcção dos objectivos tambem póde ser bem rudimentar, sendo ás vezes sufficiente designar como taes certos pontos do terreno.
Estes exercicios podem ser executados á maneira dos de quadros (209), representada cada bateria por uma secção ou uma peça, mas geralmente constituir-se-ha o grupo completo, tanto quanto seus proprios recursos o permittem. Em qualquer caso não se podem dispensar os quadros completos (officiaes e auxiliares do commando bem como os serviços accessorios.
TIRO DE COMBATE
1. Generalidade
244. Os exercicios de tiro de combate são os mais importantes da instrucção de tiro. Ahi os officiaes e praças devem aprender a applicar em circumstancia que se approximem o mais possivel das da guerra tudo quando foi objecto de instrucção anterior.
245. Ao iniciar-se um exercicio, tanto, os commandantes como a tropa devem estar ao corrente da situação tactica geral; mas o thema propriamente só lhes será dado no momento em que tiverem de resolvel-o.
Segundo o caso a situação particular sob a fórma de ordem ou de informação, na qual se baseará a solução do thema, póde ser dada pelo director, no papel de commandante geral da tropa, commandante da artilharia, official de ordens etc., a pé ou a cavallo, em marcha ou em estação.
246. O director do exercicio póde permittir ou ordenar a exploração do campo de objectivo, pelo commandante da unidade ou por patrulhas de official ou por esclarecimento de objectivo, tanto quanto isto seria admissivel na realidade da guerra. Segundo a situação tactica formulada. Cumpre-lhe então velar por que, no tempo de duração e no terreno esse serviço corresponda ao caso real, assim como por que os esclarecedores não se exponham ao fogo de sua bateria ou de outras.
247. A determinação de novas missões durante o fogo, o desapparecimento do objectivo hostilizado e o apparecimento do outros tornam possivel figurar a mutação das phases do combate.
Para exercicios no serviço de ligação como na guerra o director póde fazer transmittir suas ordens ao commandante do tiro tambem por meio de telephone, signaleiros, etc.
As baixas simuladas de officiaes e praças, as hypotheses verosimeis que exijam reparações no material ou trabalhos de sapa constituem difficuldades difficuldades que no caso real perturbariam o tiro, pelo que é muito conveniente exercitar a tropa em superal-as.
248. Todos os commandantes de aritlharia, a partir dos de bateria devem aprender a economizar munição e a julgar o que é possivel obter com um dado numero de projectis, em determinadas circumstancias. Com este fim convém pôl-os frequetemente em situação de resolverem si se justifica ou não o tiro contra um novo objectivo; a resolução póde depender da significação delle relativamente á situação de combate, ou da questão de saber si a munição a empregar será compensada pelo effeito possivel. O director decidirá si tal objectivo deve effectivamente ser batido.
O commandante do tiro deve sempre ter um juizo formado sobre a efficacia alcançada.
Logo que um commandante de bateria julgue haver desempenhado sua missão for cessar o fogo e participa ao director, si o exercicio for de bateria, ao official que estiver commandando o grupo, si de unidades maiores.
249. A tropa que tiver de fazer exercicio de tiro de combate formará equipada em completa ordem de marcha.
2. Na bateria
250. A instrucção da bateria no tiro de combate é a condição fundamental de sua boa efficacia na guerra. Por isso, estes exercicios merecem a maior parte do tempo e da munição consagrados á campanha annual de tiro (216).
251. Na organização dos themas deve em geral haver a supposição de que a bateria faz parte de um grupo.
Os themas devem ser gradativos, desenvolvendo-se a instrucção mediante a diversidade de objectivos e de condições em que elles teem de ser batidos.
O tiro e a mudança de objectivo contra alvos que appareçam inesperadamente, que se apresentem em movimento ou que surjam a pequenas distancias, offerecem opportunidade para se fortalecer a capacidade de resolução e a calma dos commandantes de bateria, bem como a disciplina de fogo da tropa.
As circustancias decidirão si a mesma situação tactica póde servir de base á série dos themas de um mesmo dia de tiro.
3. No grupo
252. O director de tiro (222) terá um delegado (267) em cada bateria, e, si não for commandante de grupo ou regimento, terá tambem um official de ordens.
253. A dotação de munição consagrada a estes exercicios deve ser a menor possivel, attendendo-se, porém, a que a conducção dos fogos só póde ser de todo desenvolvida quando o tiro durar o tempo bastante. Por isso, será preferivel reduzir o numero de exercicios de grupo a tornar problematica sua utilidade pela insufficiencia de munição para cada um.
254. Em geral, o thema proposto ao commandante do grupo não permittirá representar a execução completa de um combate e sim apenas a de determinada phase, p. ex., contrabater a artilharia em offensiva ou defensiva, preparar ou repellir um ataque de infantaria, perseguição, apoio na retirada, combate de artilharia a cavallo em ligação com a cavallaria, etc.
Si no mesmo dia de tiro o exercicio comprehende duas dessas phases que no caso real não seriam successivas é preciso que, terminada a primeira phase, o director interrompa o exercicio pelo tempo indispensavel para fazer ao officiaes reunidos uma exposição succinta dos acontecimentos intercorridos por hypothese. Essa occasião póde ser aproveitada para a mudança de commando do grupo.
O director do tiro dever trazer o commandante da unidade sempre ao corrente da situação de combate, informando-o sobre a direcção e efficacia da artilharia inimiga, conducta da infantaria amiga e a da inimiga, efficacia alcançada (quando observavel), munição restante, baixas soffridas, etc.
Um exercicio especialmente instructivo resulta da hypothese de que o grupo está destacado para cooperar com uma força de infantaria cujo commandante lhe manda por telephone, em croqueis, etc., ordens ou informações que sirvam de base para o tiro.
O director do tiro póde, estando os objectivos propositalmente dispostos, agir de tal modo que o commandante do grupo seja posto em situação de intervir no tiro de suas baterias segundo os ns. 181, 182, 186.
255. Na organização dos themas e na execução dos exercicios não deve haver a preoccupação de faciltar a observação nos objectivos, muito mais difficil no tiro de grupo, ou de separar com uma nitidez artificial os tiros de cada bateria dos das outras.
4. Em maiores unidades
256. Os exercicios de tiro de regimento podem ser organizados como os de combate no grupo, desde que haja munição sufficiente.
Para realizal-os, assim como os exercicios de tiro de brigada, ainda mesmo com pequena dotação de munição, é preferivel recorrer ao tiro de quadros. Então será preciso esboçar simplesmente com poucos disparos o tiro contra os diversos objectivos, fazendo só a regulação. Si ainda restar munição para o tiro de efficacia, convém executal-o empregando o fogo por peça com grandes pausas afim de prolongar a duração do exercicio.
A installação dos objectivos deve ser subordinada exclusivamente ao ponto de vista tactico: não é preciso contar que sejam contemplados nos themas todos os que forem installados. E como neste caso, muito secundaria póde ser a importancia ligada á efficacia, não é necessario observar as disposições regulamentares para construcção de alvos; bastará figurar a artilharia e as metralhadoras por quadros de téla, os atiradores deitados por monticulos de terra.
A escolha da posição não deve ser influencia pela intenção de poder a artilharia bater determinados objectivos. E’ preciso, porém, verificar si a installação das baterias foi tal que se possa embargar o desenvolvimento do inimigo na zona em questão e se providencias tomadas permittem aos commandantes disporem de suas baterias com presteza e segurança. Verficar-se-ha tambem em taes exercicios si foram satisfactorias a constituição dos commandos de grupo para cima) e a divisão dos trabalhos em cada um, a disposição dos observatorios e as ligações, si os commandantes de grupos estavam sufficientemente informados sobre as zonas dominadas pelas baterias, si os desenhos estavam perfeitos e foram bem utilizados, si os pontos principaes de orientação foram bem escolhidos, si as providencias para a concentração dos fogos foram acertadas, etc.
Em cada regimento, grupo, bateria, haverá um delegado do director de tiro que examinará a direcção sobre cada objectivo.
Esses delegados, que devem ter conhecimento da situação dos objectivos e da projectada marcha do exercicio (conducta do inimigo, direcção e efficacia de seus fogos, conducta da infantaria amiga, efficacia obtida, munição disponivel, etc.), intervirão opportunamente junto aos commandantes para lhes reproduzir a figuração do combate e fornecer-lhes motivos para medidas dependentes de sua iniciativa e para o importante serviço de ligação.
Elles evitarão intervenções contrarias á realidade da guerra, a não ser que razões de segurança os obriguem a isso.
Officiaes de outras armas podem servir como delegados do director do tiro.
E’ conveniente estabelecer uma ligação telephonica especial entre o director e seus delegados.
Para avisar aos delegados que começou uma nova situação e que devem ser levados em conta objectivos até então considerados inexistentes, convém o emprego de signaes, bandeirolas, etc., nas proximidades dos objectivos.
Dispensa-se a observação junto aos objectivos.
Não se empregará granada de alto explosivo.
III – BOLETINS E RELATORIOS DE TIRO
257. Os boletins de tiro constituem a base para o julgamento dos tiros reaes de bateria. Elles proporcionam um meio estatistico de reunir elementos para o estudo do comportamento do material e da munição, da conveniencia do processo de tiro empregado, assim como para o da efficacia.
E’, portanto, indispensavel que elles sejam absolutamente fidedignos.
258. Em cada exercicio de tiro de bateria, de ensaio ou de combate, organiza-se um boletim, segundo o modelo annexo 1, baseado nas notas tomadas na bateria e no objectivo.
Na bateria haverá junto ao respectivo commandante um registrador (sargento designado pelo capitão) que annotará os commandos á proporção que forem emittidos, assim como as observações do tiro, que esse commandante é obrigado a dictar-lhe á medida que as fizer.
Ao commandante de bateria não é licito recorrer a essas notas durante o tiro; si elle precisa de notas especiaes da observação póde encarregar o servente da luneta de tomal-as. Estes, sendo possivel, fiscaliza e auxilia o registrador.
Junto ao objectivo as notas são tomadas pela turma de levantamento (297).
259. Após cada exercicio de tiro, o commandante de bateria designa um official subalterno para dirigir e fiscalizar o lançamento dos boletins no quadro negro, (*) serviço este por cuja exactidão será esse official o responsavel.
A director fal-os completar sob suas vistas com o lançamento das observações junto ao objectivo, e o da efficacia obtida (308). Dahi tiram-se duas cópias para serem encaminhadas ao inspector da arma. Ambas recebem a critica das autoridades da arma (268) e uma dellas vae ao Estado Maior do Exercito, de onde volta á bateria pelos mesmos tramites.
260. Registrando as notas no boletim póde-se fazer toda abreviação que não dê logar as duvidas sobre as significação da palavra abreviada. Para os vocabulos empregados com mais frequencia serão usadas as abreviações exemplificadas nos modelos annexos.
261. Registram-se de maneira succinta como «observações» logo abaixo do boletim as necessrias explicações de algum facto singular occorrido no tiro, p. ex.. o motivo pelo qual alguma peça tenha deixado de atirar.
_________________
(*) Cada bateria deve possuir um quadro de madeira, de pelo menos 2m X 1m,50, negro de ambos os lados com os riscos do modelo de boletins, traçados a tinta branca ou vermelha.
Casa não tenha sido executada uma correcção commandada ou tenha havido engano, registram-se os elementos com que o tiro realmente foi feito, lançando-se quando necessario uma explicação nas «observação».
262. Annotações. Tiro longo: +; tiro curto: –; tiro não observado ou duvida na observação: ?; tiro no objectivo (percussão): ...: junto ao objectivo: j (tempo): pouco longo ou pouco curto (percussão): p + ou p –; impacto cheio: i; não houve arrebentamento n. a.: arrebentamento prematuro: pre.; arrebentamento retardado: ret.; ricochete: ric.
Os arrebentamentos de tempo registram-se em fórma de fracção com traço obliquo: no numerador a observação referente á distancia de arrebentamento, no denominador a que se refere á altura de arrebentamento (73).
Na observação dos grupos de tiros e no fogo rapido registra-se a distancia e altura predominantes, pondo-se abaixo daquella, entre parenthesis, as que destoaram. (V. mod. I).
Sublinham-se com um traço vermelho as observações feitas na bateria que differirem das tomadas no objectivo.
263. A observação no objectivo é registrada na lista de observação (299).
Si não tiver sido possivel a observação segura de cada tiro o official do levantamento registrará seu julgamento de conjunto sobre os tiros contra cada objectivo.
264. No caso de objectivos em movimento registram-se por meio de flechas a direcção e a duração do movimento (V 3ª pag. do mod. 1).
265. Quando a rapidez do tiro tiver sido influenciada pelas considerações de paz, por baixas figuradas no pessoal, pelas avarias no material, reaes ou suppostas, annotar-se-há isso na columna «observações» da primeira pagina do boletim (summario).
Nos exercicios de tiro de ensaio não se fazem annotações concernentes a tempos de duração.
266. Os boletins são coordenados por anno e archivados nas baterias juntamente com os originaes do levantamento no objectivo, com os croquis ou esboços planimetricos ou perspectivos ou de aviadores e com as informações de observadores auxiliares.
267. Com relação aos tiros de grupo, de regimento, etc., fazem-se relatorios de tiro segundo o modelo 2, em duas vias, a encaminhar como dispõe o art. 259 para os boletins.
Os delegados do director de tiro acertam previamente seus relogios pelo daquella autoridade.
Os delegados nas baterias tomam nota: das ordens recebidas do commandante do grupo e das participações que chegarem, com as respectivas horas de recebimento; das participações expedidas e horas de sua expedição; dos objectivos, com distancia e situação approximadas; da hora exacta do primeiro e do ultimo disparos de regulação contra cada objectivo, assim como do tiro de efficacia quando houver.
Os commandos e a observação serão registrados como nos boletins de tiro.
A execução material do relatorio compete ao ajudante ou ao official de ordens (252) do director de tiro, ao qual este fornecerá um croquis ou esboço dos objectivos.
Para reunir os elementos necessarios ao estudo do decurso do exercicio de tiro, o commandante do grupo designa um official idoneo – encarregado dos boletins – ao qual os registradores das baterias entregam logo após o exercicio, uma nota com indicação dos garfos e das alças de efficacia; os delegados do director também lhe dão suas notas.
O ajudante do grupo, ou quem tiver exercido essa funcção junto ao official que commandou o grupo no exercicio, organiza o desenho da repartição dos objectivos e coordena as ordens desse commandante.
O relatorio assim preparado é entregue ao director de tiro, que o completa com os dados fornecidos pelos encarregados do levantamento.
A columna “juizo do director” só é preenchida depois da critica do tiro.
Nas criticas podem ser illustrados detalhes interessantes com as notas originaes dos registradores acima referidas, dos quaes, porém, não se exigirão limpas dos commandos e observação na bateria.
Identicas disposições para o registro das ordens do commando do regimento, etc.
Não se organiza relatorio dos exercicios de tiro de quadros; basta um desenho da repartição dos objectivos, o registro das ordens dos commandantes de grupo, etc, e annotações sobre o comportamento, especie e quantidade da munição.
Os relatorios devem ser polygraphados para que fique uma cópia em cada uma das baterias que tomaram parte no exercicio.
As baterias não deixam de fazer os respectivos boletins.
268. Nos boletins e relatorios de tiro de combate o director tem que lançar em termos laconicos seu julgamento, pronunciando-se sobre si a missão foi ou não cumprida. Deve-se consideral-a cumprida, mesmo quando não houver efficacia desde que a regulação tenha sido levada ao termo e o tiro ahi tenha cessado. Em caso de não cumprimento da missão é preciso indicar as causas do insuccesso; para isso é preciso levar em conta as notas dos registradores e dos delegados do director e inquirir o commandante da bateria e o do grupo.
Cada um dos commandantes superiores tem que definir no mesmo boletim ou relatorio sua opinião sobre o julgamento do director do tiro.
Mappa dos exercicios de tiro real
269. Cada corpo organiza um mappa de accôrdo com o modelo n. 7, encaminhado ao Ministerio da Guerra pelos devidos tramites. Junta-se-lhe um relatorio summario quando se quizer fundamentar algum desejo sobre o assumpto, expor observações importantes ou factos anormaes occorridos nos tiros. Uma via desse relatorio summario é encaminhada ao Estado-Maior.
IV – CRITICAS
270. Os exercicios de tiro dão logar a uma critica sob o ponto de vista táctico e outra sobre a technica do tiro. A ellas devem comparecer todos os officiaes, do grupo pelo menos.
271. A primeira será feita na posição de tiro immediatamente após a terminação do fogo, em primeiro logar pelo director, e depois successivamente na ordem crescente de graduação, pelos commandantes superiores da arma, aos quaes a unidade é subordinada. Versará sobre: reconhecimento e escolha da posição, medidas para a occupação e sahida da posição, escolha e installação do observatorio assim como todas as providencias tomadas para a exploração, observação do terreno e do objectivo, ligações, etc.; igualmente sobre as circunstancias do terreno e do estado atmospherico que tenham influido no tiro.
272. A segunda (critica do tiro) feita em vista dos boletins e relatorios (quadros negros) tem por fim esclarecer as questões referentes á conducção do fogo e ao processo de tiro, promovendo a exacta comprehensão do regulamento. Ella é, pois, um dos meios mais importantes para desenvolver a instrucção de tiro.
Esta critica realiza-se logo que estiverem promptos os boletins e relatorios. Devem fazel-a as mesmas autoridades referidas no numero precedente.
273. As criticas devem ser estimulantes, detalhadas e instructivas sem que , entretanto, se alonguem demasiadamente.
274. O official que commandou a bateria expõe o seu tiro (no tiro de grupo, etc., o respectivo commandante expõe primeiramente suas medidas sobre a conducção do fogo). Em seguida passa-se á critica. Exposição e critica não invadam domínios, conforme se tratar da táctica ou do tiro. (270)
275. Na critica dos tiros de ensaio o commandante de bateria deve examinar e discutir toda e qualquer correcção ou commando á luz do R. T. e do R. E. e comparar as observações feitas na bateria com as que se fizerem nos objectivos.
276. Na critica dos tiros de combate é preciso dizer si as baterias cumpriram sua missão e si o fizeram pelo processo mais simples.
No julgamento da efficacia é preciso levar em conta o objectivo, o tempo gasto (si não tiver dependido de circunstancias de paz) e a quantidade de munição. E’ preciso tambem examinar quando começou a efficacia e qual a sua repartição pelo objectivo.
No caso de não ter sido cumprida a missão, deve a critica pôr em relevo as causas do insuccesso e expôr as medidas que o teriam evitado.
As observações no objectivo em geral só devem ser tomadas como certas si foram feitas de um ponto situado no prolongamento da frente do objectivo, si este não era fortemente escalonado em profundidade e si não cabiam tiros de outras baterias nas proximidades do objectivo. Essas observações são tanto menos seguras quanto mais afastado o observatorio, quer lateralmente, quer para a frente o retaguarda do objectivo. Nesses casos os erros são tanto mais sensíveis quanto mais próximos do objectivo os arrebentamentos.
As distancias de arrebentamento estimadas pelos observadores junto ao objectivo apenas servirão para uma ideia approximada sobre as verdadeiras distancias. Esses observadores difficilmente distinguirão si um arrebentamento foi percutente ou de tempo, baixo. E’ impossivel julgar com muita approximação a grandeza das alturas de arrebentamento.
277. A critica dos tiros de grupo e unidades maiores obedece principalmente ao ponto de vista tactico. Examinam-se detidamente as ordens dos commandantes de unidades. Reduz-se ao minimo a critica do tiro de cada uma das baterias respectivas, accentuando os erros mais freqüentes ou muito graves.
278. Os exercicios de tiro tambem devem aproveitar aos sargentos, mediante critica realizada nas respectivas baterias em face dos mesmos boletins e segundo pontos de vista idênticos aos acima estabelecidos.
A essa critica devem assistir os artilheiros, aos quaes se mostrarão os erros do serviço das peças e suas conseqüências sobre o conjunto do tiro. Os tiros realizados fornecem além disso occasião favoravel para serem exemplificadas aos artilheiros as noções theoricas que receberam.
V – SERVIÇOS DE SEGURANÇA
Medidas preliminares
279. Escolhido o terreno onde se deve realizar o tiro (221), o general inspector da região faz as devidas communicações á autoridade civil do logar, informando-a dos dias e da duração diaria provavel dos exercicios, assim como da extensão da zona impedida ao transito publico, com indicação das posições de tiro e das dos objectivos.
280. Estabelecido o accôrdo entre as autoridades militar e civil, o general inspector solicita a esta providencias para que a população do logar tenha conhecimento das referidas condições de tempo e de logar dos exercicios de tiro projectados e de que, por perigo de vida é prohibido penetrar na zona impedida, devendo todos os transeuntes obedecer ás intimações das sentinellas da linha de segurança. E’ preciso na mesma occasião elucidar aos habitantes que é prohibido apanhar projectis, espoletas, fragmentos de uns ou outros, mesmo que pareçam inoffensivos. Quem achar espoletas soltas ou projectis inteiros com ou sem espoleta, deve assignalar o logar e participal-o á autoridade mais próxima, civil ou militar, para que esta providencie sobre a remoção do achado.
281. O commandante do corpo deve fazer indentica publicação pela imprensa diaria oito dias antes do começo dos exercicios.
Medidas de segurança durante o tiro
1. No perimetro da zona
282. O commandante do grupo, regimento, brigada, segundo o caso, ordena as medidas de segurança e fiscaliza sua execução.
283. para cada dia de exercicio é escalado de vespera um subalterno para official de segurança, a cuja disposição fica o numero necessario de praças montadas para o estabelecimento de sentinellas duplas nos pontos convenientes do perimetro da zona impedida.
284. Antes do inicio do tiro o official de segurança fará este seu pessoal certifica-se de que todo o campo de tiro está livre de quaesquer pessoas (e de criação) e postar-se em seguida nos pontos designados. Cada posto deve saber a situação dos dous postos visinhos, antecedentes e seguintes, e, si possivel, ter com elles ligação á vista (signaleiros).
285. O tiro só poderá começar depois que o official de segurança pessoalmente participar ao director do tiro: «segurança feita!»
286. os limites lateraes das direcções de tiro admissiveis devem ser assignalados em cada lado por bandeirolas vermelhas bem visiveis da posição de tiro.
2. Junto á tropa em exercicio
287. Este serviço compete ao director do tiro. Elle deve intervir immediatamente quando reconhecer:
a) que uma ordem dada á tropa vae de encontro ás medidas de segurança;
b) que foi commandado algum elemento de tiro que ponha em risco o pessoal de segurança ou de observação, ou que dê logar a que os projectis saiam dos limites da zona (erro grosseiro de alça e angulo de sitio ou de deriva).
288. Os officiaes das baterias e os sargentos que exercerem funcção de official devem estar bem informados dos limites admissiveis para a direcção dos tiros e intervir immediatamente quando, na esphera de seu commando, perceberem qualquer infracção.
289. Quando tenham de atirar diversas baterias ao mesmo tempo em posições escalonadas, é preciso, para evitar accidentes em consequencia de arrebatamentos prematuros, que ellas guardem entre si os seguintes intervallos:
a) no tiro de sh, ou gr, ordinaria do canhão: intervallo igual á distancia;
b) no tiro de gr, explosiva do canhão;
Distancia até | Intervallo |
50m | 200m |
100m | 300m |
200m | 400m |
250m | 450m |
500m | 500m |
c) no tiro do obuz;
Distancia até | Intervallo |
25m | 200m |
50m | 300m |
100m | 400m |
200m | 500m |
300m | 600m |
450m | 700m |
750m | 750m |
O intervallo sendo menor de 200m as baterias de obuzes não podem ficar escalonadas.
3. Juntos aos objectivos
290. O serviço de segurança junto aos objectivos incumbe aos officiaes do levantamento.
Uma vez concluido o serviço de que trata o n. 301, o pessoal do levantamento e os serventes do objectivo recolhem-se ao observatorio designado. O official depois de verificar que o campo dos objectivos está livre de pessoas (e de criação) participa ao director por telephone ou signal: «observatorio tem segurança».
Na falta de observatorio á prova de estilhaços ou de batins é preciso que o pessoal do levantamento fique installado á distancia de, pelo menos, 500m da direcção do tiro, si de canhão, 750m si de obuz.
Sendo necessária uma interrupção do tiro a bem da segurança, o official do levantamento participa-o ao director do tiro içando uma bandeira branca, que para isto deve estar prompta, em um mastro adrede installado.
291. Terminado o exercicio, compete ao director mandar cessar todo o serviço de segurança durante o tiro.
Medidas de segurança depois do tiro
292 . A tropa não deve retirar-se do campo dos exercicios sem ter procedido á remoção dos objectos que possam causar accidentes a homens ou animaes, a saber: projectis não arrebentados, pedaços de projetil podendo ainda conter carga, espoletas inteiras ou pedaços, estilhaços grandes de projectis, restos ou fragmentos de alvos (arames, pregos, etc.).
Este serviço deve ser fiscalizado poe um official em cada campo de objectivos. O pessoal escalado par esse serviço executa-o dispondo-se em linha dispersa com intervallos de 3 a 6 passos; assim avança essa linha para os objectivos na direcção do tiro. Nenhum homem deve alterar a direcção de sua marcha; quando não puder mais conduzir os objectos que tenha apanhado, deposita-os no chão. Esses monticulos vão sendo apanhados por outros homens que seguem á retaguarda da linha acompanhados de uma carroça.
VI – LEVANTAMENTO DO TIRO
293. Em qualquer exercicio de tiro real se fez o levantamento do tiro (v. excepção 256 fim). Elle comprehende a observação no objectivo e o registro da efficacia.
294. Aquella tem por fim registrar as distancias e alturas de arrebentamento. Em circumstancias favoraveis (276) póde-se deste modo julgar as observações feitas na bateria e colher dados sobre o comportamento da munição.
E’ preciso todo o empenho em obter uma observação perfeita, especialmente nos tiros de ensaio. E’ condição essencial para isto que o observatorio fique sensivelmente no prolongamento da frente do objectivo. Caso a situação topographica, as condições de luz ou o tiro de outra bateria não permittam uma perfeita observação, é preciso participal-o immediatamente ao director do tiro.
295. O registro da efficacia mostra o resultado do tiro no objectivo; por elle se avalia a influencia do processo de tiro e adquire-se base para ajuizar do effeito que é de esperar em determinadas circumstancias.
296. O levantamento do tiro deve ser feito com absoluta fidelidade. Isto constitue ponto de honra para o official encarregado do serviço.
297. O levantamento do tiro incumbe ás turmas de levantamento, cada uma composta de um official subalterno, um sargento, ambos munidos de binoculo, uma ordenança, um telephonista ou signaleiro e do pessoal necessario ao serviço dos alvos.
Deve ser designado uma turma para cada objectivo ou série de objectivos a observar do mesmo posto e a bater successivamente.
298. Os sargentos e as praças para o serviço de levantamento devem ser cuidadosamente escolhidos. Aquelles devem ser exercitados na observação e na respectiva escripturação. E’ preciso chamar-lhes especialmente a attenção para a gravidade de qualquer erro commettido nesse boletim.
299. Cada turma deve ser provida de boletins de observação, listas de efficacia (v. modelos), assim como de tinta de côr e pincel para assignalar os impactos.
300. Cada official de levantamento receberá antes do tiro instrucções sobre: posto para sua turma, objectivos a observar, si os objectivos teem petardos. E’ preciso tambem informal-o da ordem em que seus objectivos serão batidos, do momento em que os de eclipse devem apparecer e si sobre algum delles haverá tiro simultaneo de mais de uma bateria. Quando não haver registro de efficacia será prevenido.
301. O official de levantamento deve verificar antes do tiro si os objectivos estão em ordem, especialmente si os vestigios de impactos anteriores estão cobertos ou assignalados a tinta de côr, si existem os marcos de observação (*), si foram aterrados os buracos feitos pelos projectis no terreno, em uma zona de 25 metros aquem e 25 metros além dos alvos.
302. Antes da abertura do fogo relativo a cada thema, o director previne o official do levantamento qual o objectivo a observar, quando devem funccionar os petardos ou os alvos moveis ou apparecer os de eclipse.
E’ conveniente que o director tambem dê aviso do ultimo tiro contra cada objectivo.
303. Regras para a observação no objectivo, no tiro de uma só bateria.
O official mantém a vista sobre o objectivo e o terreno, na frente e á retaguarda deste, e, utilizando-se dos marcos de observação dita summariamente suas observações ao sargento, que as lança no caderno de boletins, p. ex., «mais 40 baixo», «mais ou menos zéro não arrebentou», «menos 15 parenthese mais 5 baixo fecha o parenthese, ricochete».
Na observação deve-se apanhar o fogo ou a nuvem de fumo no momento de sua producção e levar em consideração a intensidade e o sentido do vento.
As distancias de arrebentamento são avaliadas em multiplos de 5 metros.
Pelo conhecimento que o official de levantamento deve ter da distancia d bateria ao objectivo elle calcula em metros as alturas correspondentes a 2 e a 4 millesimos e a
_________________
(*) Os marcos da observação destinados a facilitar ao official de levantamento a avaliação mais precisa das distancias de arrebentamento são signaes quaesquer installados no terreno de 25 metros em 25 metros na direcção do tiro, desde 200 metros aquem até 200 metros além dos alvos. Devem ser bem visiveis do posto de levantamento e não reconheciveis da posição de tiro; p. ex. discos de madeira pintados de branco com a face voltada para o posto.
ellas reportando a altura de cada arrebentamento classifica-o de accôrdo com o n.73.
Nos ricochetes deve-se registrar o primeiro ponto de quéda e o arrebentamento, como no exemplo acima: – 15( ) ric.
Não se podendo observar com segurança si um tiro foi curto ou longo, ou quando de todo não fôr observado, deve-se registral-o como duvidoso. (?)
Si a duvida é sómente quanto á distancia de arrebentamento (não quanto ao sentido), registra-se + ? ou - ? e accrescenta-se, p. ex.« 200».
Nos grupos de tiros ou no fogo rapido registra-se a impressão de conjuncto, p. ex. :
– 120 | /b | – 50 | /b | – 100 |
até | /até | até | /e | Até |
– 20 | /a | + 10/ | /n | + 10 |
|
| (2+)/ |
| (3+) |
Deve-se definir a linha em relação á qual se faz a observação. O processo mais seguro consiste em fazer um desenho abrangendo a frente do objectivo, a posição do observatorio e a direcção do tiro.
No tiro de obuz contra obras de fortificação é preciso indicar ao official do levantamento o ponto em relação ao qual a bateria fará a observação, afim de que a sua seja referida a esse mesmo ponto.
304. Regras para o registro da efficacia.
Os modelos annexos dão as indicações sobre o modo de registrar a efficacia. As expressões direita e esquerda referem-se á direcção do tiro.
Cessada a segurança a turma de levantamento dirige-se para o objectivo, com excepção do telephonista ou signaleiro e mas um servente que ficam no posto de observação. O sargento conta os impactos e marca-os na lista de efficacia; um servente assigna immediatamente com tinta, de ambos os lados, os pontos de impacto contados.
Os pontos de quéda nas proximidades de objectivo, dentro de uma zona de 25m aquem e 25m além, tambem são registrados.
O official inspecciona todo este serviço especialmente o do sargento.
305. Só os impactos mortaes podem pôr fóra de combate. Como impactos leves devem ser considerados os produzidos por estilhaços e balins que apenas causam móssas ou que podem ser arrancados das taboas dos alvos com os dedos. Contra baterias de escudos, só se consideram como mortaes os impactos que atravessam o alvo deixando o orificio de uma pollegada de diametro pelo menos.
Impactos cheios sobre um abrigo ou immediatamente junto a elle, podem, pelo deslocamento do ar, fumaça, etc., pôr fóra de combate homens que não sejam directamente attingidos. Os homens figurados nessas condições devem ser consignados na columna 4 do modelo, entre parentheses, abaixo do numero de homens attingidos.
306. Grande efficacia no material, que comprometta seriamente a capacidade de fogo ou do movimento de uma peça, ou que reduza de modo notavel a protecção dada por um abrigo, deve ser mencionada na casa “observações”.
307. Para os tiros de granada do obuz contra obras de fortificação, só excepcionalmente e por ordem expressa, serão empregados os croquis exemplificados na 2ª pag. Do mod.. Em geral basta um simples croquis ou esboço planimetrio para se registrarem os impactos sobre a obra e em sua vizinhança immediata.
Menciona-se summariamente a distribuição das guarnições nos abrigos e a espessura e natureza das coberturas.
308. As listas de observações e de efficacia, bem como os respectivos croquis, são assignados pelo official do levantamento e mandados ao director do tiro em um enveloppe fechado.
309. E’ expressamente prohibido que, terminado o exercicio, quem quer que seja se dirija ao campo dos objectivos, antes da hora fixada pelo director.
ANNEXO
Instrucções para construcção de alvos
PRELIMINARES
1. A instrucção de tiro exige a figuração dos objectivos consoante á guerra.
2. A figuração dos objectivos só preencherá seu fim, si elles por sua apparencia, especie e sua velocidade de movimento derem uma idéia approximada da realidade e si sua installação obedecer aos preceitos tacticos para o aproveitamento do terreno.
3. As dimensões aqui estabelecidas para os alvos devem ser rigorosamente observadas.
4. Aos commandantes de corpos cumpre velar por que a construcção dos alvos necessarios aos exercicios de sua unidade seja feita a termo e de accôrdo com estas instrucções.
FÓRMAS E DIMENSÕES DOS ALVOS
5. Distiguem-se os alvos planos e os alvos a tres dimensões.
Aquelles correspondem approximadamente á projecção vertical e ás dimensões da superficie vulneravel que o homem, o cavallo e o material apresentam de frente ou de perfil.
Os alvos a tres dimensões representam o corpo para a efficacia por todos os lados e são constituidos de alvos planos completados com taboas transversaes.
6. Para os objectivos que tenham de ser batidos com sharapnell só pela frente ou com granada ordinaria empregam-se alvos planos.
Nos outros casos empregam-se alvos a tres dimensões.
Nas baterias de escudos e para quaesquer objectivos contra os quaes se deva atirar com granada explosiva empregam-se os alvos a tres dimensões.
7. Nos objectivos comprehendendo guarnições inteiramente desenfiadas á vista podem ser empregadas paredes de taboas sobre as quaes se desenham os contornos dos alvos correspondentes (figuras 17e 25).
8. Alvos planos para objectivos fixos ou de eclipse:
Numero da figura |
Nome do alvo |
Significação |
1 | Corpo inteiro ................................................ | Homem em pé, frente ao inimigo. |
2 | De joelhos ................................................... | Artilheiro ajoelhado, frente ao inimigo. |
3 | Busto ........................................................... | Atirador deitado, apontando. |
4 | Cabeça......................................................... | Atirador entrincheirado, atirando. |
5 | Cavalleiro..................................................... | Homem a cavallo, visto de frente. |
6 | Cavallo......................................................... | Cavallo visto de frente. |
7 | Perfil de cavalleiro........................................ | Cavalleiro visto de lado. |
8 | Perfil de cavallo............................................ | Cavallo visto de lado. |
9 | Peça............................................................. | Peça de artilharia com escudo, vista do frente. |
10 | Carro............................................................ | Retrotem da v. m. com escudo, visto de frente. |
Nota – A metralhadora quando tenha de ser batida a sh. Será figurada por um alvo busto (fig. 3), correspondente ao seu atirador; da mesma fórma figurar-se-há o commandante da secção. O resto da guarnição representar-se-há por alvos cabeças (fig. 4).
9. Alvos planos para objectivos em movimento.
As figuras 1, 5, 6, 7 e 8 tambem servem para objectivos em movimento.
A figura 11 (viatura) representa uma v.-peça ou v.-munição u ainda v.-metralhadora em movimento, vista de lado.
Os cargueiros serão representados segundo a figura 8.
10. Alvos a tres dimensões (sómente para objectivos fixos).
Numero da figura |
Nome do alvo |
Significação |
12 | Corpo inteiro................................................ | Homem em pé, frente ao inimigo. |
13 | De joelhos................................................... | Artilheiro ajoelhado, frente ao inimigo. |
14 | Busto........................................................... | Atirador deitado, apontando. |
15 | Cabeça........................................................ | Atirador entrincheirado, atirando. |
16 | Sentado....................................................... | Homem sentado na banqueta. |
17 | Taboada...................................................... | Fileira de homens sentados na banqueta. |
Nota 1 – As metralhadoras quando devam ser batidas a granada serão figuradas como indica a nota do n. 8, substituidas as figuras 3 e 4 respectivamente por 14 e 15.
11. Artilharia em accionamento representa-se por alvos peça e carro (figuras 9 e 10), alvos corpo inteiro (fig. 12), alguns installados fóra da protecção dos escudos e alvos cavalleiros e cavallos (figs. 5 e 6 ou 7 e 80). Convém variar na bateria objectivo a figuração de uma peça para outra.
12. Objectivos de alvenaria serão representados em madeira, a menos que haja todas as facilidades em construil-os nas mesmas condições e com os mesmos materiaes empregados na realidade, p. ex., muros aproveitados como parapeito de atiradores, cercas de pedra secca, etc.
13. A preparação dos objectivos de eclipse e dos objectivos moveis, dependente de recursos especiaes proporcionados pelo Ministerio da Guerra compete aos commandantes de “Campos de instrucção”.
MATERIAES E CONSTRUCÇÃO
14. Em objectivos fixos empregam-se alvos de madeira; em objectivos moveis papelão de 3 a 5 mm. de espessura ou téla.
Nos de eclipse póde-se empregar qualquer desses materiaes.
Os alvos peça e carro (figs. 9 e 10) são revestidos de folha de ferro de 3 mm. de espessura na extensão correspondente aos escudos.
Para o julgamento rigoroso da efficacia é preciso distinguir os impactos mortaes e os impactos leves (305); nessas condições não se empregará papelão nem téla, a madeira empregada nos alvos deve ter a espessura de 20 mm.
Nos alvos 9 e 10 a madeira deve ter 25 mm. de espessura.
Os alvos de eclipse quando feitos de madeira podem ter espessura inferior a 20 mm;.
15. A fórma dos alvos é tal que permitte o maximo aproveitamento do material de construcção. A firma 18 representa um molde para a confecção dos alvos 1, 2, 12, e 13; a figura 19 para os alvos 3, 4, 14 e 15, com a vantagem de que, cada córte dá as duas metades invertidas de um alvo.
16. Para a installação dos alvos 1 e 2 o melhor dispositivo e o que mostra a figura 20; olha de ferro a meia altura de vergalhão de 15 mm. de diametro e 1m,20 de altura. As figuras 22 e 23 mostram uma outra solução para o caso: grampo de ferro prendendo alvo pela travessa inferior.
Em terreno molle póde-se, em vez desses dispositivos, prolongar uma das metades do alvo, fazendo-a terminar em ponta.
A figura 21 mostra o dispositivo para a installação dos alvos 3 e 4.
17. Convém para conservação dos alvos de madeira, pintal-os com tinta a oleo, de côr adequada do mesmo modo os de papelão, e o revestimento de ferro do alvos 9 e 10.
18. Para os alvos figura 17 preparam-se perfis de sarrafos de 65X40 mm. (fig. 25) reforçados em uma das faces por uma chapa de ferro parafusada. Bastam quatro desses perfis para tres metros de taboado. Pregadas as taboas e pintadas na face externa, sobre ellas esboçam-se os contornos dos homens.
Rio de Janeiro, 9 de abril de 1919. – Alberto Cardoso de Aguiar.