DECRETO N. 13.536 – DE 9 DE ABRIL DE 1919
Approva o regulamento de gymnastica para a infantaria e tropas a pé
O Vice-Presidente da Republica dos Estado Unidos do Brasil, em exercicio, usando da attribuição que lhe confere o art. 48, n. 1 da Constituição, resolve approvar o regulamento de gymnastica para a infantaria e tropas a pé, que com este baixa, assignado pelo general de brigada Alberto Cardoso de Aguiar, ministro de Estado da Guerra.
Rio de Janeiro, 9 de abril de 1919, 98º da Independencia e 31º da Republica.
Delfim Moreira da costa ribeiro.
Alberto Cardoso de Aguiar.
Regulamento de gymnastica para a infantaria e tropas a pé
I – GENERALIDADES
1. A gymnastica militar comprehende:
a) exercicios sem armas e com armas;
b) exercicios em apparelhos;
c) gymnastica applicada;
d) corridas e jogos sportivos.
2. Estes exercicios devem ser um valioso meio auxiliar para a educação e instrucção militar do soldado, elles devem corrigir ou atenuar defeitos de seu desenvolvimento physico, despertar e desenvolver-lhe a força e a agilidade, o porte militar, a coragem, a confiança em si a abnegação. Entretanto, esse objectivo só poderá ser attingido por meio de uma habil distribuição do serviço, com a qual, sem se perder de vista as condições atmosphericas e os outros serviços, se desperte o gosto, a sã emulação e o constante e espontaneo interesse de cada um.
3. O bom exito da gymnastica depende essencialmente da competencia do pessoal instructor. Por essa razão deve merecer o maximo cuidado a preparação gymnastica dos alumnos nas escolas militares, fornecendo jovens officiaes particularmente aptos nessa especialidade.
Os commandantes de regimentos e batalhões terão o cuidado de aproveitar taes officiaes para fazerem anualmente um curso para sargentos ou graduados, destinados a auxiliar a respectiva instrucção dos soldados, especialmente a preparação dos monitores das companhias, contribuindo assim para a conformidade do ensino.
Nos mezes de inverno terá logar, uma vez por semana, em cada corpo, uma aula de gymnastica e esgrima, obrigatoria para os segundos tenentes e aspirantes e facultativa para os demais officiaes.
O commandante da companhia é responsavel pela instrucção de gymnastica em sua unidade. Elle deverá cuidar especialmente da perfeição dos graduados auxiliares dessa instrucção, entre os quaes dividirá a companhia em turmas. (Vd. R. I. S. G. ).
Com esse fim póde elle consentir que seus soldados participem em exercicios nas sociedades particulares de gymnastica, o que deverá ser considerado como – serviço –, fazendo acompanhar o pessoal por um inferior.
E’ conveniente que o official tome parte activa na gymnastica, porque assim desenvolverá o goso e o estimulo entre os soldados.
O official instructor providenciará para que a gymnastica seja variada e, tanto quanto o permitta a disciplina, não exigirá a firmeza necessaria aos outros exercicios.
Assim não descuidará de ordenar frequentes altos e descançar, fazendo, em compensação, que reine a maxima animação durante o trabalho.
Elle deverá tambem observar as condições physicas individuaes afim de reconhecer qual o caminho para chegar ao objectivo da gymnastica – maxima capacidade para vencer todas as difficuldades de uma campanha. O plano do curso deve progredir do facil para o difficil.
Os instructores das turmas de gymnastica executam em primeiro logar cada exercicio; póde convir fazel-o auxiliar por soldados da primeira classe de gymnastica. Convém que os exercicios de cada dia se estendam ao desenvolvimento de todas as partes do corpo. São prohibidas a duração e a repetição excessiva dos exercicios.
4. os exercicios de gymnastica devem ter logar durante todo o tempo de serviço. Elles são de especial importancia durante a instrucção dos recrutas. Favorece-se muito o progresso da instrucção geral, começando cedo com a gymnastica applicada. Especialmente nas primeiras semanas da instrucção, os jogos sportivos contribuirão para desenvolver nos recrutas desfreza e agilidade. São necessarios frequentes exercicios de corrida e percursos rapidos de grandes distancias para fortificar os pulmões.
E, certos jogos, no começo, só serão admittidos os homens mais espertos. Mesmo nesses jogos poder-se-ha estimular os homens, elogiando os mais dextros.
5. Os homens de uma companhia, inclusive recrutas são divididos em duas classes de gymnastica. Com os recrutas se executam além dos exercicios dos capitulos II e III, em primeira linha, os designados no capitulo IV, como especialmente adequados.
A transferencia pata a primeira classe é deita pelo commandante da companhia, assim que o soldado satisfaça as exigencias da Segunda classe.
6. Para julgamento do serviço de gymnastica será criterio essencial: que a companhia mais bem instruida nesse ramo é aquella cujos homens, a par da segurança e agilidade nos exercicios deste regulamento, se distingem no serviço e fóra delle pelo porte impeccavel, que resistam ás mais penosas marchas e exercicios de combate, sejam capazes de vencer obstaculos naturaes e artificiaes e, em patrulhas, se conduzam habilmente.
7. Apparecendo inesperadamente nos exercicios de gymnastica o superior fará facilmente idéa do funccionamento desse serviço nas companhias. Só no fim da instrucção dos recrutas e no do periodo de companhia (gymnastica applicada) é necessario fazer uma revista de exame.
Além disso os superiores exercerão uma influencia benefica estabelecendo concursos ou revelando seu interesse, com sua presença nos jogos sportivos.
8. E’ permittido aos soldados o exercicio voluntario da gymnastica nas horas vagas. Os exercicios nos apparelhos, os jogos e mais exercicios congeneres são considerados – serviço – desde que se realizem em horas marcadas pelo commandante da companhia e com assistencia de um official ou interior.
9. Devem ser apresentados ao medico os homens que na gymnastica se queixarem de alguma perturbação, como sejam: enjôo, affluxo de sangue á cabeça, dôr no peito, nas virilhas, etc., e a juizo delle, isentados de certos exercicios.
10. Para a gymnastica serve qualquer fardamento que não constranja os livros movimentos do corpo. O instructor póde mandar desabotoar a golla e os tres botões inferiores da tunica, e essa providencia é imprescindivel si o estado atmospherico exige que se faça a gymnastica com uniforme de panno (de lã).
II – EXERCICIOS SEM ARMA E COM ARMA
GENERALIDADES
11. Esses exercicios constituem os fundamento da instrucção individual e comprehendem:
A. Exercicios sem arma e sem voz de commando.
B. Exercicios sem arma e a voz de commando.
C. Exercicio com arma.
A – Exercicios sem arma e sem voz de commando
12. Estes exercicios destinam-se a tornar flexiveis as juntas e dar elasticidade aos membros, tendões e musculos, e dilatar o peito. Assim se prepara e auxilia a instrucção das outras partes da gymnastica, da esgrima, do tiro r dos demais exercicios proprios á infantaria.
O emprego acertado e a repetição espontanea e frequente de certos exercicios ou séries de exercicios constituem um bom meio para corrigir ou attenuar consideravelmente defeitos ou franquezas individuaes.
13. Para estes exercicios não se precisa exigir formação especial; basta que cada homem tenha liberdade de movimento em seu logar e que o instructor possa inspeccionar a todos. Estes exercicios não devem durar muito, podér executar-se-hão com frequencia, como breve intercalação em exercicios de outras natureza, de maneira a não fatigar demasiadamente os homens com a permanencia na mesma ordem de exercicios. Nas quatro primeiras semanas devem ser diarios e podem durar até uma hora. O instructor faz primeiramente os exercicios dando apenas as indicações indispensaveis e manda executal-os sem vez de commando. Quando preciso podem os homens se segurar em algum apoio ou mesmo uns nos outros.
14. Não é necessario que todos os homens executem todos estes exercicios; elles devem ser escolhidos segundo as necessidades particulares de cada um. E’ tambem permittido fazer outros exercicios gymnasticos além dos do n. 15.
Todos os exercicios gymnasticos devem ser feitos ao ar livre, e’ preciso, nos exercicios que activam especialmente a respiração, todo o cuidado para que os homens conservem a bocca fechada.
Todo exercicio comprehendendo só membros de um lado do corpo será immediatamente seguido por movimentos identicos do outro lado; assim como todo exercicio em um sentido deve ser feito, em seguida, no sentido opposto.
A’ voz – alto ! cessa o exercicio, tomando o soldado a posição preparatoria. A’ voz – sentido ! executa-se o disposto no R. E. I.
15. Recommendam-se especialmente, como exercicios sem armas e sem voz de commando:
a) Movimento giratorio da cabeça – Calcanhares unidos, mãos espalmadas no quadris (pollegar para traz), girar a cabeça lentamente e com a maxima amplitude possivel, sem mover o resto do corpo.
b) Movimento giratorio do tronco – pernas abertas, mãos nos quadris ou braços parallelos estendidos para cima, girar lentamente o tronco acima dos quadris, com a maxima amplitude possivel, curvas as pernas.
c) Movimento giratorio dos braços – calcanhares unidos, punhos, cerrados, girar com vivacidade os braços, isolada ou simultaneamente, para a frente e especialmente para traz.
d) Movimento horizontal dos braços – Calcanhares unidos, braços estendidos horizontalmente para a frente, mãos abertas, as palmas defrontando-se, levar os braços estendidos para os lados até ficarem na linha dos hombros, as palmas da mãos voltadas para baixo e voltar com os braços é posição primitiva. Combinar esses movimentos com a respiração. O movimento de abrir os braços deve ser lento e marcar a duração de uma inspiração. O movimento contrario é rapido e coincide com uma expiração.
e) movimento lateral dos braços – Posição de sentido, levantar os braços lateralmente até á vertical, girando ao mesmo tempo as mãos de modo a se defrontarem as palmas na posição final. Este movimento é lento e coincide com uma inspiração; faz-se uma pequena pausa e volta-se, por movimentos contrarios e rapidos, é posição primitiva, marcando uma expiração.
f) Oscillação da perna – Mãos nos quadris, levar a perna esticada para a frente e para traz, repetidamente, á maior altura possivel.
g) Abertura das pernas para a frente (para os lados) – Mãos nos quadris, tronco aprumado, abrir o mais possivel as pernas.
h) Movimento giratorio da perna – Levantar a perna distendida para a frente e descrever com ella um arco para a retaguarda, leval-a diretamente para a frente e refazer o movimento ou, descripto o arco, desfazel-o em sentido opposto. Este exercicio será feito, a principio, apoiando-se os homens dous a dous, um ao lado do outro, do lado externo a mão no quadril, no interno o braço estendido e apoiado no hombro um do outro; depois o exercicio será feito individualmente, braços estendidos para o lado.
i) Flexão das pernas – Pés parallelos e afastados cerca de um decimetro, mãos nos quadris, baixar lentamente o tronco a prumo avançando os joelhos para a frente e levantar ao mesmo tempo os calcanhares. Pausa nessa posição. Desfazel-a levantando o tronco e assentando os calcanhares no chão. Póde-se tambem, ao baixar o tronco, levantar os braços parallelos á frente do corpo até á horizontal, baixando-os ao levantar o tronco.
j) Contractação da perna – Posição de sentido, levantar a perna dobrando-a, puxal-a fortemente, com as duas mãos, contra o corpo, apoiando-as abaixo do joelho ou na sola do pé, na altura do joanete.
k) Movimento giratorio e flexão do pé – Perna estendida obliquamente para a frente e para baixo.
l) Flexão de uma das mãos com auxilio da outra – Braço estendido; pulso seguro pela mão auxiliar.
m) Movimento dos dedos – Assental-os estendidos e abertos sobre uma mesa ou parede, ou apoiando uma mão contra outra.
n) Flexão dos dedos – Assental-os estendidos e abertos sobre uma mesa ou parede, ou apoiando uma mão contra outra.
Nota – Ver os erros principaes no fim. (Exemplos de séries de exercicios.)
Exercicios com o corpo deitado
o) Flexão dos braços – Ventre para baixo, corpo esticado, mãos abertas e apoiadas no terreno, na altura dos hombros, dedos para a frente, cotovellos unidos ao corpo, levantar e baixar o corpo lentamente conservando-o esticado, de modo a fazer charneira nas pontas dos pés.
p) Flexão do tronco – Ventre para cima, as pontas dos pés seguras por um auxiliar, erguer o tronco sem mover as pernas, até sentar. Este exercicio comporta a seguinte gradação:
1) braços estendidos ao longo do corpo;
2) mãos cruzadas debaixo da cabeça;
3) braços estendidos no prolongamento do corpo.
Para os exercicios o) e p), quando feitos no chão descoberto, convém estender préviamente uma esteira no chão.
Nesta parte da gymnastica tambem se podem exercitar as posições e saltos da esgrima de baioneta.
B – Exercicios sem arma á voz de commando
16. Estes exercicios teem especialmente o effeito de dar firmeza ao corpo e dominio consciente sobre os musculos.
Elles são feitos primeiramente pelo instructor, depois, imitados individualmente e finalmente executados sob voz de commando, por tempos e em turmas, finalmente algumas vezes na escola inteira, a commando do instructor.
Deve-se agrupar estes exercicios de maneira a trabalhar todos os membros e articulações. Podem ser aqui applicados os exercicios do n. 15.
17. Formatura.
Voz de commando: Para a direito (esquerda)! Estender.
A’ voz preparatoria, a primeira fileira dá tres passos em frente, o chefe de fila do flanco esquerdo (direito) fica firme, os restantes volvem á direita (esquerda); á voz de execução ganham o intervallo de dous passos, voltam todos á frente e se alinham.
Desejando-se intervallo maior ou menor, será preciso designal-o na voz de commando. Para marcar o inicio da contagem dos passos, cada um, a partir da cauda, avisa o camarada que o procede, tocando-o com a mão direita no hombro. O ultimo cerra-fila dá um passo só; desta fórma ficam os homens da 2ª fileira nos intervallos dos da primeira.
A’ voz de unir á direita! (esquerda!) marche! (marche-marche!), volta-se pelo caminho mais curto, á formação em duas fileiras unidas, ficando firme o chefe de fila da direita (esquerda).
Póde-se estender ou unir sobre qualquer dos homens da primeira fileira, designando-o pelo numero de ordem ou pelo seu nome enunciado antes das vozes acima; por exemplo: Sobre o n. 5, estender aos lados! Marche!
Sobre fulano (ou n. tal) unir! Marche!
Si fôr preciso, póde se mandar volver á direita ou á esquerda, quando estendida a escola com um passo de intervallo.
POSIÇÕES DOS PÉS
a) Calcanhares unidos
18. Voz de commando: Sentido!
Desfaz-se essa posição á voz de descançar!
b) Pés afastados lateralmente
Voz de commando: Afastar o pé direito! (esquerdo!) marche! (Fig. 1.)
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 349 Figura 1.
Afasta-se o pé direito (esquerdo), intervallo da grandeza de dous pés, sem sahir do alinhamento, os pés formando o mesmo angulo da posição a, sem curvar os joelhos, o resto do corpo perfilado. Desfaz-se essa posição á voz de sentido!
c) Pé recuado (fig. 2)
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 350 Figura 2.
Voz de commando: Recuar o pé direito! (esquerdo!) marche!
Leva-se o pé direito (esquerdo) directamente para trás até que a distancia de calcanhar a calcanhar seja igual a dous pés, estes formando o mesmo angulo da posição a, sem curvar os joelhos, o resto do corpo perfilado. Desfaz-se a posição á voz de sentido!
Estas posições e a de «quadris firmes» não devem constituir objecto de exercicio especial; são apenas posições preparatorias.
MOVIMENTOS
19. Os exercicios decomponiveis executam-se por tempos. A voz de commando deverá indicar essa circumstancia; por exemplo: Por tempos, flexão dos braços acima! – Um! Dous!
A voz de execução será breve ou demorada, conforme a execução tenha de ser rapida ou lenta.
MOVIMENTOS DE CABEÇA
a) Curvar a cabeça
20. Voz de commando: Por tempos, flexão da cabeça, preparar! – Uum! doous!
Mãos nos quadris (posição n. 21 a): á voz – Uum! – baixar lentamente a cabeça, o mais possivel, sem mover o resto do corpo; á voz – Doous! – levantar a cabeça e leval-a para trás o mais possivel.
b) Voltar a cabeça
Voz de commando: Quadris firmes! Olhar á direi-ta! (á esquer-da!).
Mãos nos quadris (posição n. 21 a): voltar lentamente a cabeça, ao lado indicado, sem baixal-a; o olhar acompanhando-a em seu movimento.
Desfaz-se o movimento á voz de olhar fren-te! ou alto!
MOVIMENTOS DOS BRAÇOS
a) Levar as mãos aos quadris
21. Tomar-se esta posição para dar maior firmeza ao corpo ou para os casos em que os braços não participam do movimento.
Neste caso, após a voz preparatoria de um exercicio, mandar-se-ha: preparar!
Voz de commando: Quadris firmes!
Levar pelo caminho mais curto as mãos aos quadris, ficando o pollegar para trás, os dedos restantes unidos, para a frente, a raiz dos dedos sobre o illiaco. Os cotovellos, ligeiramente recuados da linha dos hombros.
b) Flexão dos braços (fig. 3)
Voz de commandos: Por tempos, braços á frente! (acima! – dos lados!) Um! dous! Um! dous!...
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 351 Figura 3.
Cada flexão decompõe-se em dous tempos:
Um! – Levantar os antebraços, sem mover os braços, mão abertas, as palmas voltadas para o corpo, pontas dos dedos tocando nos hombros.
Dous! – Estender energicamente todo o braço na direcção commandada. Na flexão – á frente! – a posição final é horizontal, palmas das mãos se defrontando; braços parallelos; na flexão – acima! – os braços ficam no prolongamento do corpo, parallelos e as palmas das mãos se defrontando; na flexão – aos lados! – os braços ficam na linha dos hombros, palmas das mãos para baixo.
Desfaz-se o movimento á voz de sentido! que se executa passando pela posição do tempo – Um!
FLEXÃO DO TRONCO, FIGS. 4 E 5
22. Voz de commando: Afastar o pé direito! marche! (vide 18 b), quando não se queira partir da posição 18 a). Quadris firmes! (ou braços acima!) Por tempos, flexão do tronco! Uum! doous!
A’ voz – Uum! – curvar a cabeça para frente (20), em seguida o tronco, baixando o mais possivel; á voz – Doous! Desfazer o movimento até á posição inicial, curvar a cabeça e, em seguida, o tronco para traz, tanto quanto possivel.
Os movimentos devem se lentos, ficando as pernas firmes. Continuar a respirar normalmente estando a cabeça baixa, afim de evitar affluxo de sangue á cabeça.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 352 Figuras 4 e 5.
Este movimento póde tambem ser feito para os lados.
MOVIMENTOS DE PERNAS E PÉS
a) Flexão das pernas (fig. 6)
23. Voz de commando: Quadris firmes! (ou braços á frente! acima!). Por tempos, flexão das pernas! Uum! doous!
A’ voz – Uum! – baixar lentamente os joelhos, na direcção indicada pelo pé, levantando ao mesmo tempo lentamente os calcanhares. Parar quanto as pernas formarem angulo recto com as coxas. Doous! – desfazer lentamente a posição.
b) Elevação de uma perna
Voz de commando; Levantar a perna direita (esquerda) – á frente! (ao lado).
Erguer a perna na direcção indicada até onde for possivel, sem deslocar o resto do corpo. Póde-se, préviamente, commandar: Quadris firmes! Logo que a perna abandonar o sólo, distender o pé.
c) flexão dos pés
Voz de commando: Por tempos, flexão dos pés! Um! A posição inicial póde ser qualquer das do n. 18.
A' voz – Um! – erguer todo o corpo sem desaprurmal-o, os calcanhares abandonando o terreno, ficando o peso supportado pela parte anterior do pé. Póde-se mandar na posição – Um! – (partindó de 18 a) ou 18 b) : Tantos passos á frente! marche! ou tantos passos á retaguarda! marche!
Póde-se tambem préviamente commandar: Quadris firmes! A’ voz – Dous! – arreiam-se os calcanhares.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 353 Figura 6.
SALTOS
24. Os saltos devem, attingir a, maior altura (largura) que a força, individual perrnittir.
A impulsão do corpo tem logar mediante uma ligeira flexão das pernas, seguida da distensão energica dos musculos destas e dos pés. No voltar ao chão, as pernas cabem em ligeira flexão; em primeiro logar as pontas dos pés tocam o solo, depois os calcanhares descem e os joelhos sobem, a, parte superior do corpo ligeiramente inclinada para a frente. Os braços reforçam o movimento do corpo para cima com um impulso vigoroso. No salto de calcanhares unidos fazer flexão preparatoria das pernas e levar os braços, punhos cerrados, ligeiramente para traz; o impulso dá-se pela frente para cima; no voltar ao chão os braços auxiliam o restabelecimento do equilibrio. No salto á frente (pernas na posição 18 c), o auxilio dos braços consiste em leval-os um pouco á frente.
a) Salto de calcanhares unidos
Voz de commando: Salto altura! Marche!
Só se faz da posição de – sentido! E’ um salto no mesmo terreno. Póde-se antes da voz de execução mandar – preparar – fazendo-se então ligeira flexão das pernas, cerrando os punhos e levando os braços distendidos um pouco para trás.
b) Salto em frente (á retaguarda)
Voz de commando: Recuar o pé direito! (esquerdo!) marche! – Salto á frente! ( á retaguarda!) marche!
Feita a flexão preparatoria e dado o impulso com as pernas e braços, perna recuada( avançada) passa á frente (á retaguarda) da outra e assenta em primeiro logar; findo o salto a posição das pernas é a inicial.
C – EXERCICIOS COM ARMA
25. Estes exercicios fortalecem os braços e as costas e servem especialmente como preparação ao manejo da arma e ás posições de pontaria.
As exigencias devem augmentar gradualmente, sem entretanto fatigar demasiadamente os homens pela permanencia exagerada na mesma posição.
O limite será determinado pela capacidade dos mais fracos.
FORMATURA
26. Depois das vozes do n. 17, á voz – gymnastica com arma! Todos tomam a posição 18 b), trazendo a arma á frete do corpo e assentando-a verticalmente no solo, na altura da linha de botões da tunica, o cano voltado para a direita e em pouco para o corpo, o braço direito estendido.
Para os exercicios com ambos os braços dá-se a voz complementar: com ambos os braços! (fig.7). Neste posição a arma fica atravessada na frente do corpo, a coronha para a direita, guarda-matto para baixo, braço estendidos, unhas para baixo, intervallo das mãos igual ao dos hombros, centro de gravidade da arma correspondendo ao meio desse intervallo.
MOVIMENTO COM AMBOS OS BRAÇOS
a) Levantar e baixar os braços
27. Voz de commando: Levantar – ar-ma! (baixar – ur-ma!).
Levantar os braços até for possivel, sem curval-os e sem deslocar o resto do corpo.
Tanto o baixar o levantar devem ser feitos com lentidão. Póde-se tambem commandar: Levantar (baixar) á frente, – ar-ma! Cessando o movimento na altura dos hombros.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 355 Figura 7.
b) Flexão dos braços (fig. 8)
Voz de commando: Por tempos, á frente ( acima), arma! Um ! dous!
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 355 Figura 8.
A’ voz – Um! – levar energicamente os antebraços á horizontal. A’ voz – Dous! – distender os braços na direcção commandada. Na distenção – á frente! – a posição final dos braços é horizontal. Na distenção – acima! – A posição dos braços é vertical, sem curvar a espinha.
c) Flexão do tronco
Applicar o exercicio do n. 22, com – arma acima!
MOVIMENTOS COM UM SÓ BRAÇO
28. Si precedeu a gymnastica com ambos os braços, commanda-se: Com um braço! A esta voz toma-se a posição preparatoria descripta no n. 26.
a) Empunhar e descançar a arma (fig. 9)
Voz de commando: Mão direita (esquerda!), arma !
A mão direita ( esquerda) leva a arma para a frente, segurando-a com o auxilio da outra na altura do centro de gravidade. O ante-braço fica na horizontal, perpendicular ao plano dos hombros e formando com os braços ligeiramente unidos ao corpo, um angulo pouco maior que 90 gráos; o cano da arma vertical, voltado para o corpo, e a mão esquerda ( direita) no quadril.
A’ voz de descançar arma! Tomar a posição no R. E. I.
Muda-se a arma da mão direita para a esquerda e vice-versa, depois da voz de alto, ao commando – mão esquerda! (direita!), atirando-a lateralmente de uma para outra mão.
b) Flexão do braço
Voz de commando: Por tempos, á frente ( ao lado) arma! Um! Dous!
A’ voz – Um! – estender o braço até á horizontal, na direcção commandada, conservando o cano vertical; á voz – Dous! – voltar á posição de partida.
c) Movimento horizontal dos braços
Da posição – Um!
Voz de commando: Ao lado! ( á frente, arma!), ou vice-versa. Levar a rama de um aposição á outra por meio de um movimento lento e horizontal do braça.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 356 Figura 9.
d) Molinete
Empunhada a arma pela mão direita (esquerda) na altura do centro de gravidade, a esquerda (direita) no quadril, estendendo o braço para a frente, descrever arcos de circulo alternativamente pela direita e esquerda, tratando de conservar o braço estendido e os dedos unidos á arma e approximar os arcos descriptos, tanto quanto possivel, do corpo.
GYMNASTICA COM A ARMA APONTADA
29. Estes exercicios se fazem á vontade e sem voz de commando, e sua execução obedece ao que prescrevem os R. T. e R. E. I. o dedo indicador da mão direita fica estendido; não se faz visada nem se curva a cabeça.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 357 Figura 10.
30. Recommendam-se especialmente:
a) Movimentos giratorios dos braços
Levantar um pouco que empunha o delgado, fazer a outra abandonar a arma e descrever com o braço destendido grandes circulos para a frente( n. 15 c).
b) Baixar a bocca da arma (fig. 10)
Levantar a arma, em pontaria para cima, tanto quanto seja possivel, sem curvar a espinham a mão mais avançada Abandona o fuste e vae ao quadril; a outra aperta a couce da arma contra o corpo e deixa cahir lentamente a bocca da arma até á horizontal, apoiando-a então pela mão que abandona o quadril.
Fortifica-se o pulso fazendo intervir a mão livre o mais tarde possivel.
III – GYMNASTICA EM APPARELHOS
31. A gymnastica em apparelhos e particularmente apropriada augmentar a força ,a agilidade, a confiança do soldado em si mesmo e a coragem.
Para cada classe de gymnastica os exercicios são differentes. Os exercicios especialmente convenientes á instrucção dos recrutas acham-se assignados por uma ( – | – ) neste regulamento.
Os seguintes exercicios teem especial importancia para desenvolver a potencia de tracção e de repulsão dos braços, a agilidade nos saltos, a força de elevação das pernas e a energia muscular dos dedos: subir em cordas, hastes, escadas, etc., com e sem auxilio das pernas, e passar dessa posição ao apoio.
Os exercicios musculos dos dedos e da mão, flexibilidade de suas articulações, concordando efficazmente para a firmeza na pontaria e no accionar o gatilho.
GENERALIDADES
a) Altura dos apparelhos
32. A altura nos apparelhos susceptivos de graduação regula-se pela natureza do exercicio e adiantamento dos homens.
Na barra fixa as alturas devem corresponder ás estaturas médias e são designadas por: altura de quadril de peito, de hombros, de cabeça, de braços e de salto.
Na “altura de braços” é preciso que os homens de estaturas média possam ainda abarcar a barra com as mãos, tendo os braços estendidos para cima; na “altura de salto” é preciso um salto para o homem poder pendura-se.
b) Utilização do trampolim
O trampolim designa o ponto de partida do salto, apoia o impulso quando o sólo não é bem firme e augmenta a potencia do salto. Qualquer salto póde ser feito sem trampolim e com ponto de partida á discrição.
c) Medidas precentivas de segurança
Para prevenir accidentes deve attender-se ao seguinte: cada classe só executa os exercicios para ella prescriptos; os recrutas pertencem á segunda classe de gymnastica.
Póde permittir-se aos homens exercicios por elles escolhidos, exigindo-se, porém, uma constante fiscalização e o auxilio de bons guardas, evitando-se qualquer constrangimento.
No começo, a altura da barra não deve ser demasiada, nem se deve exceder o limite marcado em cada exercicio.
Antes dos exercicios principaes devem os respectivos exercicios parciaes ser conhecidos e executados com segurança.
O instructor deve attender á collocação do trampolim e observar quem para evitar luxações, as pontas dos pés fiquem distantes de sua aresta anterior, pelo menos da largura de uma mão. Além disso é preciso que o ponto de partida do salto seja firme e resistente, que ao voltar ao chão os pés caiam em terreno plano e macio – aterro de areia grossa ou pó de serra, colchões de crina ou maravalhas – e que os exercicios sujeitos a acidentes sejam feitos sob a guarda de um ou dous homens, collocados juntos ao apparelho e promptos a amparar os que se sercitam.
Os exercicios na caixa de saltos só podem ser iniciados depois que houver segurança nos saltos ao cordel, por isso que, ahi, exigencias conduzem a accidentes.
As dimensões estabelecidas para a caixa não devem ser excedidas. No salto livre, por cima da caixa, a altura desta deve ser inferior pelo menos de 0m,15 ao que cada homem tenha já saltado no cordel.
Os guardas de segurança devem agir com este duplo fim: impedir accidentes e accelerar a aprendizagem. Isto exige que elles comprehendam bem o exercicio. Por isso, no começo de cada exercicio novo, é o proprio instructor quem deve fazer a guarda, sendo mais tarde substituido por homens aptos. Sua posição sem estovar o gymnasta, deve ser tão proxima do apparelho que permitta sua intervenção a tempo. Para isso elles devem collocar de pernas abertas, o que não só dá mais firmeza ao corpo, como permitte acompanhar o gymnasta curvando-se nos joelhos.
O auxilio aos homens, no exercicio, não lhes deve embarcar as articulações e por isso as mãos devem ser applicadas acima ou abaixo dellas. E’ preciso evitar segurar-lhes a cabeça, o pescoço ou o ventre.
Para não pertubal-os com a applicação repentina das mãos, pode-se, no começo, applical-as antes de se iniciar o exercicio.
Os homens designados para guardas devem acompanhar os gymnastas com a maxima attenção e, sendo necessario, intervir energicamente.
E’ preciso evitar a intervenção desnecessaria, pois isso produziria falta de independencia nos homens.
Os e exercicios de livre e escolha devem ser préviamente enunciados.
Os apparelhos devem ser examinados varias vezes por anno, quanto á resistencia e á constituição regulamentares; o instructor deve tambem examinal-os antes de cada exercicio.
Elle é responsavel pela firmeza dos apparelhos susceptiveis de graduação e pelo deslisamento do cordel de saltos
FORMATURA
33. Os homens são dispostos de fórma a verem o executante e a poderem ouvir as observações do instructor. Em geral consegue-se isso pela disposição em duas fileiras, abertas o voltadas uma para a outra; na barra oscillante a formatura será em uma só fileira.
Conduz-se a turma com um flanco para o apparelho e dá-se a voz: formatura na barra, fixa (etc.), marche!
A primeira fileira dá então tres passos em frente e volve á retaguarda.
Desfaz-se essa formatura á voz de unir fileiras! marche! dando a segunda fileira tres passos em frente e fazendo a primeira – meia volta.
SEGUNDA CLASSE DE GYMNASTICA
A – BARRA FIXA
Suspensão inclinada
34. Altura, da barra: de peito.
O corpo afastado da barra o comprimento dos antebraços: empenhar a barra com as unhas para a frente; deixar cair para trás o corpo, estirado, distendendo completamente os braços e fazendo escorregar os calcanhares sobre o terreno até que os braços venham a ficar perpendiculares ao corpo.
a) Levantamento de uma perna
Nessa posição levantar o mais possivel uma das pernas bem estendida, o pé em flexão para baixo; baixal-a depois lentamente até á posição primitiva.
b) Flexão dos braços
Approximar e afastar o corpo do apparelho, fazendo charneira nos calcanhares.
c) Levantamento da perna com flexão dos braços
Execução simultanea das duas lettras precedentes.
SUSPENSÃO ALONGADA
Unhas para fóra, unhas para dentro
35. Altura da barra: de braços ou de salto.
Para alcançar a barra, unhas para fóra (unhas para dentro), collocar-se abaixo della com a testa na altura da geratriz anterior (posterior); ao dar o salto levantar os braços. As mãos separadas por intervallo igual ao dos hombros, dedos unidos; o corpo pendente e estirado.
Para saltar em terra, suspender ligeiramente o corpo, saltar as mãos e cahir em terra como num salto de calcanhares unidos (24 a).
FLEXÃO DOS BRAÇOS EM SUSPENSÃO ALONGADA
35. Um: da suspensão levantar energicamente o corpo pela flexão dos braços. Forçar os cotovellos para trás; suspender os hombros acima da barra.
Doous: após breve pausa arrear lentamente o corpo. Não deve haver outro movimento além do dos braços. Este exercicio deve ser muito praticado.
36. Levantamento e baixamento das pernas em suspensão alongada. (Unhas para fóra).
Levantar, tanto quanto possivel, as pernas unidas e estendidas. Deve-se conseguir gradativamente levantal-as até tocarem na barra um pouco abaixo dos joelhos, mesmo que para isso seja um pouco abaixo dos joelhos, mesmo que para isso seja necessario o auxilio de um impulso. O abaixamento é lento. Este exercicio deve ser frequente.
PASSAGEM DA SUSPENSÃO AO APOIO E VICE-VERSA
a T) Com as unhas para dentro
37. Altura da barra: de cabeça.
Collocar-se o mais afastado possivel da barra, mas de modo a poder ainda alcançal-a. Suspensão alongada.
Um: levantar as pernas (como em 36) jogando-as para cima da barra, com o auxilio da flexão dos braços ficando o corpo apoiado na altura das virilhas.
Dous: erguer o tronco e esticar os braços ficando em apoio (39).
ABAIXAMENTO
Dobrar os braços inclinar a cabeça e o busto para a frente, apoiando o ventre a barra e, guardando o contracto com ella, deslizar o corpo até á suspensão alongada.
Após breve pausa assentar os pés em terra, soltar a barra, ficar firme.
b) Com unhas para fóra
Altura da barra: de braços.
Execução identica a do numero anterior.
Antes do abaixamento mudar as mãos; primeiro, a direita, de modo a ficarem de unhas para dentro.
38. Apoio com unhas para fóra, assentar, pendurar-se pelos joelhos e saltar da barra.
Altura da barra: de cabeça ou de braços.
Proceder como em 37 b). Assentar-se seguida como em 43 a). Inclinar o busto para a frente, aproximar os calcanhares do assento e arrear lentamente o corpo para traz até ficar pendurado pelos joelhos. Esticar as pernas, jogando-as para traz e saltar ao chão soltando a barra.
TOMAR O APOIO POR SALTO
39. Altura da barra: de quadris, mais tarde de peito.
Approximar-se da barra á distancia do antebraço, segural-a com as mãos separadas por um intervallo igual á largura dos hombros, pollegar para traz; os outros dedos á frente, unidos.
Em seguida tomar o apoio por salto de calcanhares unidos, como em 24 a), e distender energicamente e os braços. O corpo erguido de modo a ficarem os hombros inclinados; o peito saliente, os quadris junto á barra, o tronco ligeiramente inclinado para a frente e as pernas em seu prolongamento, calcanhares unidos e os pés em meia flexão para baixo, cabeça levantada e olhar para a frente.
FLEXÃO DOS BRAÇOS EM APOIO
40. Altura da barra: de peito. Figura 11.
Baixar lenta e igualmente os dous braços, forçando os cotovelos para a frente; o limite do abaixamento deve ser tal que permitta restabelecer o apoio: as pernas deslocam-se para a frente.
Para restabelecer o apoio é preciso deslocar vigorosamente as pernas para traz avançar o peito e estender os braços, deixando cahir os hombros.
Convém repetir esta flexão.
PASSAR DO APOIO Á SUSPENSÃO ALONGADA
41. Altura da barra: de braços ou de salto.
a) Com abaixamento simultaneo dos braços
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 362 Figura 11.
Arrear simultaneamente os dous braços, recuando os cotovellos e apertando fortemente a barra; continuar lentamente a descida do corpo até completar a suspensão alongada.
b) Com abaixamento sucessivo dos braços
Um: flexão de ambos os braços até ao angulo recto.
Dous: arrear lentamente um cotovello, oitavar o corpo, estendendo-o e ficando a linha dos hombros perpendicular á barra. (Fig. 12.)
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 363 Figuras 12 e 13.
Tres: arrear o outro cotovello passando immediatamente a suspensão alongada.
Os tres tempos se succedem sem pausa.
CAVALGAR A BARR
42. Altura da barra: de peito.
Partindo do apoio levantar lateralmente a perna direita (esquerda) estendida e, volvendo o corpo á esquerda (direita), arreal-a do outro lado da barra. Fig. 13.
Baixar lentamente o corpo até assental-o; levar ambas as mãos para traz, o tronco ligeiramente inclinado nesse sentido, as pernas distendidas em seu prolongamento, musculos tensos. Volta-se á posição primitiva pelos mesmos movimentos em ordem inversa.
DO APOIO ASSENTAR NA BARRA E SALTAR NO CHÃO
(Figs. 14 a e 14 b)
43. Altura da barra: de peito ou de hombros.
a) Pela frente
Um: levantar lateralmente a perna direita estendida, até acima da barra.
Dous: transpôr com ella a barra, curvando-a immediatamente e assental-a ao lado da mão direita.
Tres: mudar a mão direita 0m,50 para a direita, inclinando o corpo para esse lado.
Quatro: levar a mão esquerda para junto da perna direita. Procede-se agora com a perna esquerda.
Um: levantal-a estendida até acima da barra.
Dous: transpôr com ella a barra curvando-a immediatamente e assental-a junto á mão esquerda; unir os calcanhares.
Tres: mudar a mão de entre as pernas, para fóra, junto á esquerda.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 364 Figuras 14 a e 14 b.
Quatro: mudar a mão direita para junto da perna direita. O assento fica mais alto que os joelhos; estes com o intervallo de duas mãos, as pontas dos pés levantadas.
b) Pela retaguarda
Um: torcer o corpo para a esquerda (direita) de modo que inclinando ligeiramente o tronco para baixo e levantando o joelho direito (esquerdo se possa assentar a perna entre as duas mãos. A outra perna fica estendida e mantem o equilibrio.
Dous: levantar o joelho esquerdo (direito) e, completando a volta do corpo, levar a perna esquerda sobre a barra.
O mais como em a).
VOLTAR AO APOIO
a) e b) Proceder em ordem inversa.
c) Em torno de um braço.
Um: mudar a mão direita (esquerda), unhas para dentro e distender o braço como no apoio.
Dous: apoiado nesse braço arrear a perna esquerda (direita) e volver o corpo á retaguarda mudando rapidamente o braço esquerdo (direito) para o outro lado.
SALTAR DA POSIÇÃO ASSENTADA
Recuar ligeiramente os calcanhares e em seguida estender as pernas unidas obliquamente para baixo, ao mesmo tempo que as mãos impellem o tronco para a frente. É errado atirar as pernas muito para a frente ou inclinar o trono muito para trás.
I - SALTO DE CALCANHARES UNIDOS
44. Altura da barra: de quadris. Fig. 15.
a) A pé firme
Saltar energicamente ao apoio e atirar as pernas unidas para a direita (esquerda). Inclinar fortemente o corpo para a frente e girar para a esquerda (direita), tomando o apoio principalmente no braço esquerdo (direito). Na posição mais elevada as pernas devem ser parallelas a barra. O salto termina na altura da mão direita (esquerda). A outra mão auxilia o impulso e abandona a barra.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 365 Figura 15.
Ao tocarem os pés em terra, os joelhos se acham em flexão; ao desfazer essa flexão a mão abandona a barra, o homem perfila-se.
b) Avançando (um a tres passos)
Collocar-se á distancia de um a tres passos da barra, approximar-se della com vivacidade e executar o salto como em a).
c) De pernas abertas
Altura da barra: de quadris.
Collocar-se de lado para a barra e de modo que avançando um a tres passos em frente, se venha a ficar com o flanco junto a ella. Ao dar o ultimo passo a mão mais proxima da barra vão segural-a e a perna exterior dá o impulso ao corpo.
Na posição mais elevada, as pernas são parallelas á barra. O ponto de quéda fica a um passo da barra.
B – CORDEL DE SALTOS
45. Distingue-se o salto em largura e em altura, e o salto composto.
Ao passo que os saltos em largura são executados de pernas estendidas, os saltos em altura exigem energica contracção das pernas.
Tanto ao dar o impulso como ao voltar ao chão, a parte superior do corpo deve estar inclinada para a frente; ao terminar o salto estão os joelhos em flexão e immediatamente se toma a posição de – sentido. E‘ errado desequilibrar o corpo para traz, ao voltar ao terreno.
Nos saltos em altura o ponto de partida deve distar de tal modo do cordel que executado o salto com correcção, os pés nelle não toquem.
O essencial é desenvolver a capacidade para o salto pelo augmento racional de sua grandeza. Quanto mais alto ou mais largo elle fôr, tanto mais liberdade se deve deixar na maneira de executal-o.
A firmeza e correcção do corpo na phase final do salto, juntamente com a habilidade adquirida, dão o criterio para o desenvolvimento da instrucção.
SALTOS PRECEDIDOS DE CORRIDAS
46. Posição inicial: 18 c).
O numero de passos a que se fica do apparelho e á vontade, devendo crescer com a grandeza do salto; a distancia excessiva reduz a capacidade de saltar, mormente em altura. A velocidade da corrida é crescente. E' indifferente qual o pé que dá o impulso.
a) Salto em largura (sem cordel)
47. Após o ultimo passo da corrida saltar para a frente, dando em seguida ainda outro salto como em 24 b).
b) Salto em altura
1 – Calcanhares unidos
Dar o impulso como em 24 a), encolhendo immediatamente as pernas com energia; no periodo descendente do salto, estender novamente as pernas até á posição da flexão de joelhos, necessaria para voltar ao chão.
2 – Precedido de corrida
Posição e corrida como em 47 a); encolher e estender as pernas como no caso precedente: a perna que dá o impulso deve ser rapidamente encolhida. Voltar ao terreno como no caso precedente.
c) Salto composto
E' uma combinação dos saltos em largura e em altura.
O ponto de partida neste salto deve ser mais distante do que no salto simplesmente em altura.
C– CAIXA DE SALTOS
A caixa é empregada para saltos livres e salto com as mãos apoiadas.
Não se fazem outros exercicios além dos prescriptos neste regulamento.
Para galgar a caixa se collocam sobre ella as mãos espalmadas, dedos unidos voltados para a frente.
Para saltar apoiando um só braço, volta-se a mão para o lado exterior, segurando com as pontas dos dedos o canto da caixa do mesmo lado.
Para galgar a caixa de frente se deve tomal-a por uma cabeceira; nos outros exercicios ella fica de travez. Si fôr necessario, podem ser reduzidas para os recrutas as exigencias da classe II.
EXERCICIOS
49. a) Saltos de calcanhares unidos como em 47 b) 1.
b) Salto precedido de corrida como em 47 b) 2.
Em ambos se applica, quanto á altura, a restricção do n. 32 e).
c) Salto na caixa com apoio de um só braço, como em 44 b).
d) Salto de cocoras sobre a caixa precedido de corrida.
Apoiar as mãos no meio da caixa, com impulso curto e forte, e rapida flexão das pernas, saltar sobre ella de cocoras, erguendo-se depois.
Saltar abaixo, segundo 87.
D – CORDA PENSIL E HASTE VERTICAL
50. Pendurar-se.
Um pouco afastado das cordas, segural-as de lado na altura da bocca e dar um salto em altura com calcanhares unidos, deixando deslizar as cordas por entre as mãos, estendendo ao mesmo tempo os braços para cima. Segurar novamente as cordas no ponto mais elevado do salto.
Para saltar ao chão, suspender o corpo por ligeira flexão dos braços e soltar as cordas, que deslizam por entre as mãos; ao tocarem os pés no chão, as mãos tornam a pegar as cordas, só as soltando quando restabelecida a firmeza.
FLEXÃO DOS BRAÇOS
51. Como na barra, com a differença que, pela torção dos pulsos para dentro, as cordas tocam os hombros, os que facilita a descida dos cotovellos.
SUBIR NAS CORDAS
52. Mudar as mãos para cima (para baixo) por meio de flexões successivas dos braços. As pernas ficam estendidas e unidas.
Só se deve subir até o ponto donde se possa descer com movimentos naturaes, sem esgotamento das forças. Antes de começar a descida e no momento de saltar ao chão, as mãos devem se achar na mesma altura, ficando os braços em flexão. O salto ao chão faz-se da posição pendurada (50).
a) FLEXÃO LATERAL ALTERNATIVA DOS BRAÇOS
53. Da posição de braços em flexão estender alternativa e lentamente os braços para os lados. O braço que fica em flexão tem o pulso fortemente torcido para dentro e o cotovello recuado.
b) CORDA SIMPLES
Suspensão para subir (Fig. 16)
54. Pendurar o corpo como em 50, as mãos, porém, sobrepostas, e segurar a corda tambem com as pernas. Uma das pernas fica, desde o peito do pé até ao joelho, atrás da corda; a outra, desde o calcanhar ao angulo da perna, pela frente della.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 368 Figuras 16 e 17.
Salta-se em terra após ficar pendurado como em 50.
Subir (Fig. 17)
55. A principio, partindo da suspensão; depois, com salto inicial.
Suspender as pernas até tocar com os joelhos nas mãos, apertar a corda firmemente entre as pernas e os pés e, sem escorregar, estender as pernas e mudar as mãos para cima. As mãos devem ficar unidas.
A descida faz-se com movimentos inversos; saltar ao chão depois de ficar em suspensão alongada.
Subir de pernas estendidas
56. Como em 52. A mão inferior é a que se muda em primeiro logar.
A corda deslisa por entre os pés, voltados para fóra.
HASTE VERTICAL
Suspensão para subir
57. Subir como na corda simples, com a differença que na ascenção o levantamento dos joelhos é acompanhado de uma forte flexão dos braços e não chega até ás mãos. A’ dupla mudança das mãos deve seguir-se rapidamente a flexão dos braços.
A descida faz-se por escorregamento, mãos sobrepostas, ou abarcando a haste com um braço.
E – POSTE COM DEGRÁOS, ESCADA VERTICAL E OBLIQUA
Subir
58. Approximar-se do apparelho á distancia do antebraço e segurar um degráo, na altura dos hombros ou dos olhos, o pollegar para baixo. Na escada obliqua collocar-se por fóra, entre seus dous banzos, segural-os na altura dos hombros e pelos lados, de modo a ficar com o pollegar pela frente e os outros dedos por detraz. Subir sem constrangimento e com rapidez crescente, na medida da segurança adquirida. Os pés assentam nos degráos pelo terço anterior; ao parar na subida, os pés e as mãos ficam na mesma altura.
No poste de degráos mantém-se o corpo aprumado; na escada obliqua, inclinado para a frente.
A descida faz-se por movimentos inversos.
As fórmas acima dadas servem apenas para guiar a instrucção, não devendo prejudicar a destreza, segurança e rapidez, que deverão desenvolver-se com a frequencia desse exercicio.
Subir a braços na escada obliqua
59. Collocar-se debaixo da escada, voltado para ella, e subir como em 52. Pode-se segurar nos banzos ou nos degráos, ou ainda com uma das mãos num banzo e a outra num degráo; neste caso, a subida é feita de degráo em degráo.
PRIMEIRA CLASSE DE GYMNASTICA
A – BARRA FIXA
a) Subida e descida com impulso
60. Altura da barra: de braços ou de salto.
Collocar-se um pouco distante da barra, saltar e segural-a; proseguir como em 35.
Antes de descer mudar as mãos: o impulso é dado para a frente e para baixo, atirando as pernas para a frente até ficar o corpo todo estendido, os braços ligeiramente curvos. Voltar ao chão no ponto de partida.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 370 Figuras 18a e 18b.
b) Subir á barra na altura do salto
Executa-se como em 37 b).
MONTAR NA BARRA COM UMA PERNA
61. Só com unhas para fóra. Suspensão alongada.
Um: atirar para a frente as pernas unidas, levantar uma dellas estendidas, passal-a, por baixo da barra, para cima, encolhel-a engatando-a junto á mão correspondente. (Fig. 18 a.)
Dous: com impulso da perna estendida, repetido, si preciso fôr, e auxiliado pelo levantar do corpo, assentar na barra sobre a perna engatada. (Fig. 18 b.)
A descida faz-se com movimentos inversos:
Um: deixar cahir o corpo para trás, pendurando-o pela perna engatada, sem desprender as mãos.
Dous: desengatar a perna, estendel-a, unil-a á outra de modo a ficar o corpo em suspensão alongada.
PASSAR DA SUSPENSÃO ALONGADA AO APOIO SOBRE A BARRA
62. Um: energica flexão dos braços, oitavar o corpo e passar um cotovello acima da barra (fig. 12).
Dous: ligeiro impulso das pernas, desfazer o oitavo e levar o outro cotovello acima da barra.
Tres: distender os dous braços, forçando para traz as pernas unidas: cabeça levantada.
Não deve haver pausa entre os tempos um e dous.
B – Cordel de saltos
63. Augmentar a largura e a altura dos saltos.
Saltar frequentemente sem trampolim.
C – Caixa de saltos
64. Repetição e desenvolvimento dos exercicios da segunda classe.
Exercitar principalmente os saltos livres, pois, como obstaculo fixo, exige a caixa de saltos mais coragem e decisão do que o cordel.
SALTO SOBRE A CAIXA CAHINDO EM FLEXÃO DAS PERNAS
65. Correr alguns passos, apoiar fortemente as duas mãos no meio da caixa e com um impulso energico levantar o corpo para cima e para a frente, cahindo de cocoras sobre ella; distender o tronco e as pernas; perfilar-se.
SALTO APOIANDO UM BRAÇO
66. Dar um até tres passos e executar o prescripto em 14,2.
A aresta anterior do trampolim toca a caixa junto á cabeceira mais proxima do gymnasta.
D – Corda e haste vertical
67. Os respectivos exercicios podem ser ampliados fazendo-se passar durante a descida ou subida da corda para a haste e vice-versa. Póde-se estimular os homens por frequentes concursos.
E – Poste com degráos, escada obliqua e vertical
68. Augmentar a rapidez da subida.
SUBIR A ESCADA OBLIQUA A BRAÇOS PELA FRENTE
69. Collocar-se de pernas abertas pela frente e por fóra dos banzos da escada; empunhar um degráo na altura do peito e saltar ao apoio sobre elle; o concavo dos pés toca lateralmente os banzos da escada. Mudar alternativamente as mãos levando o corpo para cima mediante flexão do braço apoiado mais alto.
A descida faz-se por movimentos inversos.
EXERCICIOS VOLUNTARIOS
70. Galgar a barra com balanço do corpo. (Unhas para fóra ou para dentro.)
Descer da barra pela frente, baixando successivamente a cabeça, o tronco e as pernas. (Unhas para fóra ou para dentro.)
Girar o corpo passando as pernas por entre os braços.
Flexão dos braços tendo a barra nas costas.
Da suspensão alongada galgar a barra de costas com impulso.
Descer da barra de costas.
Da suspensão alongada passar ao apoio pela subida simultanea dos cotovellos.
Prancha de frente e de costas. (Equilibrio do corpo atravessado sobre a barra.)
Giro do corpo de costas para a barra, braços em flexão.
Giro de gigante. (Rotação do corpo em suspensão alongada.)
Assentar na barra passando as pernas por entre os dous braços.
71. E’ permittida a acquisição de outros apparelhos para exercicios voluntarios.
IV – GYMNASTICA APPLICADA
GENERALIDADES
72. A gymnastica applicada tem por fim tornar o homem habil e esperto em vencer obstaculos de toda sorte. Ella deve ser exercitada intensamente durante todo o tempo de serviço. O Regulamento de Exercicios para Infantaria em sua parte II – o combate – estabelece o objectivo da gymnastica applicada:
“O infante deve poder combater em todos os terrenos praticaveis para um homem robusto e vencer mesmo grandes obstaculos completamente equipado.”
73. Na aprendizagem dos exercicios de gynnastica deve-se ter em vista menos a regularidade da execução, que a segurança, a rapidez e o silencio.
A instrucção individual é fundamental para os exercicios collectivos ulteriores. As dificuldades devem ser augmentadas gradativamente. A principio a gymnastica é feita em uniforme de caserna e sem arma; bem depressa se exige o armamento e, mais tarde, o equipamento completo, como para o assalto.
Ao transpôr obstaculos em grupo (turma), é preciso, a par da necessaria rapidez, evitar precipitações que podem conduzir a accidentes.
Nas pistas de obstaculos naturaes ou adrede preparadas, convém que cada um delles tenha grande frente, afim de poder ser atacado de cada vez por turmas numerosas (esquadras), para que o exercicio não seja moroso.
Julga-se o gráo de instrucção dos homens pela ordem, silencio e segurança com que são vencidos os obstaculos naturaes e artificiaes.
Para a transposição dos obstaculos não ha vozes de commando; a principio serão dadas as ordens necessarias, em voz baixa; depois recorrer-se-ha simplesmente a gestos: finalmente, mesmo estes serão dispensados.
E’ preciso tomar as medidas de segurança contra accidentes, tal como na gymnastica de apparelhos.
E' admittido todo auxilio mutuo que importe em economia de força e que seja de realização possivel na guerra.
74. A gymnastica applicada comprehende:
A – Exercicios de equilibrio.
B – Andar de rasto.
C – Saltar obstaculos.
D – Galgar e transpôr obstaculos.
A – EXERCICIOS DE EQUILIBRIO
75. † Caminhar sobre a barra oscillante.
Este exercicio é feito na barra oscillante ou em qualquer viga ou trave apoiada, de maneira a oscillar com o deslocamento do peso do corpo. A barra ou trave fica a principio parallela ao solo e na altura dos quadris. Augmenta-se a difficuldade inclinando-a e dando-lhe maior altura. A posição dos braços e, mais tarde, a da arma ficam á vontade do soldado.
Transpor uma trave cavalgando-a
76. † Approximar-se de um extremo da trave e cavalgal-a de frente ou de costas. Arma a tiracollo. Na transposição de frente, as mãos vão sendo mudadas á distancia de um a dous palmos, o corpo approximando-se dellas por movimentos elevatorios de pequena extensão, auxiliados pelas coxas. Conservam sem os braços estendidos.
Na transposição de costas as mãos tambem ficam pela frente; unem-se ao corpo, imprime-se a este um impulso com as pernas para traz, levantando-o nos braços e deixando-o cahir na nova posição.
B – ANDAR DE RASTO
77. Por meio de traves, barras de madeira ou escadas cobertas de taboas prepara-se um estrado parallelo ao terreno; o soldado deve mover-se de rasto, por baixo deste obstaculo, o que é tanto mais difficil quanto maior o seu comprimento e menor sua altura.
Este exercicio, intercalado em corridas, é muito apto a desembaraçar o soldado para o serviço de companha.
E’ preciso exercitar tambem o rastejar para traz.
C – SALTAR OBSTACULOS
Salto em corrida
(No cordel, numa sebe baixa, num fosso estreito ou num tronco de arvore deitado)
78. † O salto em corrida é appliado em obstaculos de pequena altura, que possam ser vencidos sem preceder grande numero de passos. O saldado approxima-se em accelerado, dá o impulso com um pé, transpõe o obstaculo completando o passo e prosegue na corrida. A arma é conduzida como no passo accelerado.
Saltos livres com a arma
79. Approximar-se em accelerado e a sete ou nove passos do ponto de partida do salto tirar a arma do hombro e passar á carreira, si fôr necessario. Em regra, conduz-se a arma como na linha de atiradores, segurando-a durante o salto, de modo que a coronha não bata no chão.
80. Como nos saltos ao cordel, os saltos com arma comprehendem:
Saltos em altura (cordel, barra, caixa de saltos, sébe ou cerca).
Saltos em largura (cordel, fossos).
Saltos compostos. (associando cordel e fosso).
Em sua execução não se exigem as fórmas prescriptas para o salto no cordel.
81. Além destes exercitam-se os saltos em profundidade, (Trincheiras ou fossos.) Dá-se o salto estendendo uma perna para a frente e para baixo, curvando o joelho da outra e arreando o corpo sem dar impulso para cima nem para a frente. Mantém-se a arma na mão sem que a coronha bata no chão.
Em corrida é preciso diminuir a velocidade antes do salto, para que este não venha a ter largura exagerada.
82. Sendo a profundidade maior que a altura de um homem e o solo não sendo firme no ponto de partida, proceder da seguinte fórma:
Pendurar-se pelas duas mãos na aresta superior da trincheira ou fosso; soltar a mão esquerda encostando-a no talude ou escapa, na altura de peito, pontas dos dedos para cima, dando ao mesmo tempo ao corpo um oitavo á esquerda; impulso com a mão esquerda, soltar a mão direita, abrir a perna esquerda de modo a cahir no chão de pernas abertas, a um passo de distancia da parede. A mão direita auxilia o equilibrio.
D – SUBIR E TRANSPOR OBSTACULOS
PALIÇADA, MURO BAIXO
(Altura de hombros)
83. † Galgar o obstaculo por salto ao apoio (39), com ou sem corrida; transpor a perna direita montando no obstaculo; transpôr a perna esquerda pela retaguarda, ficando em apoio do outro lado, saltar ao chão como em 82, meia volta.
A arma é conduzida a tiracolo, coronha para a esquerda, ou fica encostada á com a bocca junto á mão esquerda e é passada para o outro lado quando está cavalgado o obstaculo.
Si o obstaculo é muito alto e a transposição é colletiva, a passagem das armas é feita pelas fileiras posteriores que as entregam aos homens que já estão do outro lado.
PAREDE OU MURO COM ALTURA DE HOMEM (Figs. 19 a e 19 b)
84. Corrida, salto de calcanhares unidos alcançando com as mãos a parte superior do obstaculo, galgal-o e proseguir como em 83.
Si a parte superior é larga de mais para ser cavalgada, proceder do seguinte modo: tomado o apoio virar o corpo, assentando-o entre as duas mãos, girar para a direita sobre o assento, levantando as pernas, assentar do outro lado e virar o corpo de modo a ficar em apoio, saltar ao chão como em 82.
PAREDE OU MURO MAIS ALTO QUE UM HOMEM (Figs. 19 a 19 b)
85. Para galgar o obstaculo é preciso o auxilio de um outro homem; depois procede-se como em 82. As duas figuras são apenas illustrativas; qualquer outra fórma é admissivel.
O soldado que fica por ultimo tem que ser auxiliado por uma corda que lhe será atirada do outro lado.
Elle sóbe por essa corda, os pés apoiados contra a parede, ou si a corda tem uma alça, no extremo, ahi enfia o pé e deixa-se guindar.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 376 Figura 19 a.
PALIÇADA PARA SALTO
a) Do lado aberto
86. Subir por meio de cordas e hastes de ferro inclinadas (nestas, pelo lado interno) dando um salto inicial tão alto quanto possivel e tomar o apoio sobre a paliçada. Dessa posição assentar-se e proseguir como em 84. Auxilia-se o homem que sóbe puxando energicamente a corda, de cima ou de baixo. A esquadra galga a paliçada por fileiras; uma vez em cima a primeira fileira passam-se todas as armas da esquadra; quando a segunda fileira estiver em cima, passa-se á primeira, que já tem transposto o obstaculo.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 377 Figura. 19b.
O instructor póde tambem determinar que se formem uma ou duas cadeias de homens para, sem substituil-os, fazer passar por elles todas as armas sem interrupção. Assim vence-se mais rapidamente o obstaculo.
b) Do lado fechado (Fig. 20)
Encostar escadas á paliçada, de modo que ultrapassem sua aresta superior de uma altura de quadril. Para descer do outro lado, utilizar uma corda presa em triangulo na escada, na altura do segundo degráo de cima. O triangulo deve ser approximadamente equilatero e a amarração se faz nos banzos. Essa corda serve tambem para fixar a escada.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 378 Figura 20.
Deve-se tambem exercitar a descida por escorregamento pelas hastes de ferro, ou descendo em escadas e em postos com degráos.
Na falta de escada sufficientemente alta para subir a uma parede vertical, de tres a quatro metros de altura, recorre-se á dupla ajuda, que consiste no seguinte:
Dois homens auxiliam a subida de uma terceiro collocando-se voltados um para o outro, distantes cerca de meio metro da parede, separados entre si de dous passos: do lado externo os pés ficam um ao lado do outro e os joelhos e pernas mutuamente apoiados; do lado interno, os homens ajoelham. (Fig. 21.) Os ante-braços externos descançam sobre as coxas, a mão de um abarcando o pulso do outro. Os antebraços internos apoiam-se á parede.
O homem que vae subir pisa sobre os antebraços dos outros dous, proximo aos cotovellos, ergue-se com os braços estendidos para cima, endurece os joelhos para deixar-se levantar. Os dous auxiliares levantam-se lenta e igualmente: uma vez de pé levam a mão interna abaixo da sola do pé do homem que sóbe, auxiliando assim a flexão do braço externo, para cima: logo que começa essa flexão mudam o braço, segurando a mão externa o calcanhar: assim completam a ascenção segurando cada pé com as duas mãos. O homem é elevado com ligeiro impulso, pelo menos até a altura que lhe permitta alcançar a aresta superior da parede. Conseguida permitta alcançar a aresta superior da parede. Conseguido isso trata de tomar o apoio; depois vira o corpo para a esquerda, afim de assentar-se entre as duas mãos; afasta-se dous palmos para a direita e dahi auxilia a subida dos seguintes.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 379 Figura 21.
Para que o homem que sobe não caia de lado ou de costas, os auxiliares não se devem approximar demais da parede; póde-se recorrer a um terceiro auxiliar que o segurará acima dos tornozellos.
Si tal obstaculo tiver de ser tomado por uma força, elle formará em columna de marcha; cada fileira, a partir da segunda constituirá dous pares de auxiliares que levantarão a fileira precedente; assim, cada homem, á excepção dos da primeira fileira, procede como no final de 85 ou serve-se do laço de corda. (Fig. 22.)
O processo do laço é o seguinte: Passa-se uma corda por cima da paliçada, prendendo-a do lado aberto (mesmo segura á mão); um auxiliar deitado de ventre para baixo, em cima da paliçada, segura a outra ponta da corda, de modo que do lado fechado fica pendente um laço. Para galgar a
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 380 Figura.
Paliçada, saltar ao ramo maior do laço, dar uma flexão nos braços, levantar o joelho mais proximo do ramo menor o auxiliar passa rapidamente o laço por baixo do pé do que sóbe e puxa a corda, firmando-a para que o outro se levante sobre ella; assim successivamente.
Cada esquerda encosta suas armas na paliçada, passando-as para cima logo que tenham subido dous homens; assim que estejam dous homens do outro lado descem-se as armas. Póde-se tambem empregar as cadeias de homens para a transposição das armas.
FOSSOS DE FORTIFICAÇÃO
Sua transposição póde ter logar:
a) Lançando pontes
(Largura de 50 a 60 cm.)
87. A travessia faz-se em fila singela, os homens separados por distancias duplas, em accelerado, sem cadencia, supportando-se nos joelhos frouxos as oscillações da ponte.
Não se deve passal-a em carreira nem parar no meio della. Faz-se um homem transpôl-a, em primeiro logar, levando a ponta de uma corda.
Elle colloca-se de pé ou acocorado na margem opposta, e no lado de cá, outro homem estica a mesma corda, de modo a ficar formado um corrimão, para dar mais segurança aos timidos; mais tarde supprime-se essa corda.
b) Descendo ao fosso e subindo do lado opposto por meio de escadas ou hastes
As hastes ou escadas devem ficar inclinadas e ultrapassar o fosso de uma altura de quadril. Impede-se que esse apparelhos caiam, amarrando-os por uma corda que se mantem presa. A descida ou escorregamento succede com vivacidade, mas sem precipitação; da mesma fórma a subida do outro lado, onde tambem se póde guindar os homens com cabos. A arma póde ser conduzida a tiracollo ou suspensa na mão.
88. Os apparelhos e exercicios de gymnastica applicada podem ser augmentados á vontade, além dos descriptos neste regulamento.
E’ muito recommendavel aproveitar os exercicios de campo para vencer obstaculos naturaes, taes como se apresentem na guerra, e exercitar a corrida em terreno variado.
V – CORRIDAS E JOGOS SPORTIVOS
A – CORRIDAS
89. E’ prohibida a corrida contra vento forte.
A corrida é o meio mais poderoso de desenvolver a respiração; ella augmenta ao mesmo tempo a resistencia do organismo e habitua o soldado aos esforços violentos que delle póde reclamar o serviço de guerra. Elle age de um modo muito intenso ao mesmo tempo sobre os pulmões, o coração, os musculos das pernas e o systema nervoso.
Todos os effeitos beneficos que se tem o direito de esperar da pratica da corrida são anniquilados si o exercicio é mal dirigido, a velocidade excessiva ou a gradação mal comprehendida. A corrida se executa segundo os principios seguintes:
Um graduado collocado na testa do grupo (turma) regula a velocidade. A corrida é precedida de alguns minutos de marcha cadenciada, tomando-se depois o marche-marche com velocidade crescente, que se torna a diminuir gradativamente no fim da corrida. Para evitar que os homens fiquem esbaforidos, é preciso recommendar-lhes que façam durante a corrida os movimentos expiratorios tão completos quanto possivel Para acabar de acalmar o organismo, a corrida e seguida de alguns minutos de marcha durante os quaes devem ser feitos exercicios respiratorios. O treinamento deve seguir o anno todo, pelo menos duas vezes por semana.
Chama-se corrida de velocidade aquella em que se desenvolver toda a velocidade de que se é capaz. Esta especie de corrida, exigindo um trabalho violento, deve ser exercitada com a maxima prudencia. No ponto de chegada não deve haver nenhum obstaculo. Começa-se com a extensão de 30 metros e não se ultrapassará 100 metros, vencidos no minimo em 16 segundos.
Chama-se corrida de resistencia a que se faz em grandes percursos, que se vencem alternando a corrida com a marcha sem cadencia. Nella procura-se, em logar da velocidade, desenvolver a duração da corrida.
O limite a attingir é a duração de 10 minutos de corrida, sem equipamento e em terreno plano. E’ preciso que ao attingir o objectivo os homens não tenham gasto toda a sua energia.
Póde-se dar maior variedade ao exercicio intercalando obstaculos no percurso e determinando diversas posições para o corpo na partida e na chegada.
B – JOGOS SPORTIVOS
90. Como em toda gymnastica, especialmente nos jogos, é da maior importancia que seu director lhe imprima um caracter attrahente, tirando aos homens todo constrangimento, sem esquecer as necessarias medidas hygienicas.
Os jogos aqui descriptos são apenas exemplos, podendo ser alterados e completados segundo as condições do logar e do serviço.
Corridas de estafetas (Fig. 23)
91. Dous ou mais partidos com o mesmo numero de homens, formam ao lado uns dos outros, em duas fileiras ou em fila singela, cada partido dividido em duas metades separadas de 30 a 50 metros.
Póde-se dispersar essa divisão de cada partido ao meio, convencionando uma linha de chegada, e pódem-se intercalar obstaculos na pista.
A idéa do jogo é a transmissão rapida de uma noticia ou ordem, que se póde figurar por meio de um lenço ou gorro.
Esse objecto é conduzido successivamente por um homem de cada partido, de um lado ao outro, de modo que cada partido só tenha um estafeta a correr, partindo o seguinte quando lhe for entregue «a noticia» ou «ordem». Ganhará o partido que tiver feito em primeiro logar correrem todos os seus homens. Convencionando não subdividir os partidos, cada um expedirá novo estafeta assim que o anterior alcançar o fim da pista.
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 383 Figura 23.
Barra (Fig. 24)
Dous partidos de 10 a 15 homens defrontam-se em uma pista rectangular de 20 a 30 passos de largura por 30 a 40 de comprimento.
Traçam-se no terreno as duas barras – lados maiores do rectangulo – atrás das quaes se estabelecem os partidos, em uma fileira. A tres passos de distancia do extremo direito de cada barra fica o poste dos prisioneiros; o primeiro preso fica firme no poste, os seguintes ligam-se successivamente, dando-se as mãos e podem deslocar-se de modo a facilitar sua liberação por algum companheiro de partido, que para isso deverá tocar um dos prisioneiros.
Procede-se ao aprisionamento batendo com a mão no corpo do adversario, só tendo direito a isso quem tiver transporto a barra depois delle. Readquire-se o direito de
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 384 Figura 24.
aprisionar regressando á respectiva barra. E’ permittida a permuta de prisioneiros. Ganhará o partido que delles fizer o maior numero e o jogo cessará desde que um dos partidos fique reduzido a tres homens. Tambem é considerado prisioneiro quem transpuzer os lados do rectangulo; pode-se porém transpôr a barra inimiga e regressar por fóra della ao sue campo.
Puxar a corda
93. Dá-se um nó para marcar o meio da corda. Os homens dividem-se em dous partidos, collocando-se de modo a poderem puxar sem se perturbarem mutuamente.
Substituindo a corda por uma haste rigida póde-se, em vez da tracção, fazer um exercicio ou jogo de repulsão.
Bola de mão
94. O campo do jogo é um rectangulo de 150 por 30 passos; os lados menores constituem a fronteira de cada partido. Vence o partido que atirar a bola por cima da fronteira inimiga. No começo do jogo os dous partidos distribuem seus homens dentro do campo, á mesma distancia da fronteira. Designa-se á sorte o partido que atira primeiro a bola ao adversario, o qual trata de apanhal-a conseguindo isso o jogador tem o direito de dar tres passos de salto á frente para atirar a bola. Não sendo apanhada no ar, ella é atirada ao logar onde tiver cahido.
Bola de pé (Foot-ball) (Fig. 25)
95. O campo é constituido por um rectangulo de cerca de 70 por 100 metros, dividido ao meio por uma linha que fórma a fronteira dos partidos. No meio de cada um dos lados menores há um portão de 7m,30 de largura e 2m,40 de altura.
Cada partido compõe-se em geral de onze homens: um guarda-portão (A), dous defensores (B), tres estafetas (C), cinco assaltantes (D).
No inicio do jogo a bola fica no meio da fronteira e o objectivo é fazel-a passar o portão inimigo. A primeira jogada toca por sorte e nenhum jogador póde tornar a tocar á bola emquanto todos os outros do partido não tiverem tido sua vez. No começo do jogo ninguem póde estar a menos de nove metros da bola, nem transpôr a fronteira.
A funcção dos assaltantes é impellir a bola ao objectivo; os estafetas acompanham-nos na offensiva e constitue a primeira linha de defesa, devendo sempre re-
CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 385 Figura 25.
pellir a bola para os assaltantes, quando ella transpuzer a linha delles. O guarda-portão fórma a ultima defesa e é o único que póde tocar a bola com as mãos e os braços; os defensores são seus auxiliares.
A bola transpondo um lado do campo, um jogador do partido que está vez fal-a voltar ao campo na direcção que quizer.
Passando a bola por cima do portão ou á sua direita ou esquerda, um dos jogadores do partido a que esse portão pertence, vae collocal-a cerca de cinco metros á frente do portão e recomeça o jogo. Si, porém, essa transposição for causada por um defensor do portão é o adversario quem recomeça o jogo, de um dos extremos da fronteira.
A partida deve ser a tempo limitado e, decorrida a metade desse tempo, os partidos trocam de lado. Ganha o partido que fizer a bola passar maior numero de vezes o portão inimigo.
ANNEXO
DESCRIPÇÃO DOS APPARELHOS E OBSTACULOS
Todos os apparelhos de madeira expostos ao ar livre devem ser fortemente oleados ou pintados a oleo e assim conservados permanentemente; as partes enterradas no sólo devem ser pintadas a carbolineum, alcatroadas ou queimadas.
a) Barra fixa (Trapezio) (Fig. 26)
A barra fixa consiste em uma viga de madeira forte, com cerca de tres metros de comprimento e esquadria de 0m,08 a 0m,10 por 0m,055 a 0m,070. A superficie superior é redonda, a inferior tem sómente as arestas arredondadas. As extremidades terminam por uma mécha de meia largura da barra.
Para maior resistencia essa mécha é chapeada de ferro.
Os supportes das barras teem em diversas alturas encaixes para as méchas; sua altura é de quatro metros, sendo cerca de tres metros, acima do sólo; elles são apoiados, presos e escorados em um dormente.
Para fixar a barra em qualquer altura tem ella em cada extremidade uma chaveta, presa por uma corrente. A chaveta atravessa um olha da mécha e do supporte e tem por sua vez um escatél onde passa uma travinca; para evitar que esta estrague os supportes, são elles reforçados desse lado por uma chapa de ferro. Para facilitar a fixação da barra nos encaixes mais altos (altura de braços ou de salto) convém applicar um peso no lado exterior dos supportes, na altura do joelho.
Trapezio
Consiste em uma barra cylindrica de ferro com cerca de 30 millimetros de diametro, tendo em suas extremidades cabeças correspondentes aos encaixes dos supportes da barra fixa. Esta barra não deve ter fendas nem falhas e póde ser revestida de madeira.
b) Cordel de saltos (Fig. 27 a e b)
Este apparelho comprehende dous supportes e um cordel. Os supportes são madeira, com 1m,80 de altura e 66 millimetros por 50 de esquadria, arestas arredondadas, armados e escorados sobre uma cruz de madeira.
O cordel tem cerca de 2m,50 de comprimento e 10 a 15 millimetros de espessura, e é distendido pelo peso de dous pequenos saccos cheios de terra.
Para fixal-o em alturas variaveis dispõem os supportes de uma série de orificios nos quaes se introduz uma cravelha de madeira ou um gancho de ferro. A distancia de um orificio a outro é de cinco millimetros e em cada um delles está marcada a altura.
A cruz em que assenta cada supporte é disposta de modo que seus dous braços fiquem obliquos á direcção do cordel e ás faces verticaes dos supportes.
c) Trampolin (Fig. 28)
Seu comprimento é de 0m,85 a 0m,90; sua largura de 0m,70 a 0m,72; as taboas que o constituem teem a espessura de 0m,03. A inclinação é dada por uma travessa de 0m,10 de altura, collocada por baixo de um dos extremos.
d) Caixa de saltos (Fig. 29)
E’ uma forte caixa de madeira, sem fundo, formada de quatro secções perfeitamente superponiveis. Para impedir o deslocamento das secções uma sobre outras, as tres inferiores teem internamente nas duas faces maiores travessas com 0m,15 de saliencia para cima; além disto os quatro cantos internos das secções são munidos de calços salientes para cima com a esquadria de 0m,045 por 0m,045 e com a altura de 0m,119 na ultima de baixo e de 0m,100 nas duas seguintes. A secção superior ou tampa da caixa póde ser reforçada internamente por meio de travessas e de uma divisão no sentido longitudinal. Externamente a tampa é acolchoada.
Nas testas das secções – lados menores – existem vasados para a introdução da mão no seu transporte. Todas as arestas exteriores são arredondadas e as faces da tampa são obliquas na metade superior, para que o acolchoamento não exagere a largura.
O acolchoamento (estopa, crina vegetal ou animal) tem a altura de 0m,05, reduzida a 0m,03 sobre as faces maiores e diminuindo para baixo de modo a adaptar-se á fórma da tampa. Para que o enchimento não se desloque, convém preparal-o como um colchão, fixo depois nas quatro faces da tampa; elle deve ser revestido de aniagem, lona ou couro. A secção inferior assenta sobre sapatas de madeira, formadas por travessas parallellas ás testas da caixa, distantes dellas 0m,105 e tendo 0m,078 de comprimento, e 0m,26 por 0m,105 de esquadria.
As sapatas sobressaem 0m,140 das faces; debaixo de seus extremos adaptam-se soleiras que podem ser inteiriças com as travessas e teem 0m,105 por 0m,105 de secção horizontal 0m,05 de espessura.
As sapatas com as soleiras permittem dar firmeza á caixa, mesmo em terreno não plano. As dimensões da caixa são:
Comprimento sem o acolchoamento, 1m,50 a 1m,55;
Largura, cerca de 0m,50; na parte superior (em vista do truncamento) 0m,47 e com o acolchomento 0m,53;
Altura sem o acolchoamento, 1m,05 a 1m,10;
Altura das secções a contar de cima;
1ª secção (tampa) sem acolchoamento, 0m,20;
2ª secção, 0m,25 a 0m,30;
3ª secção e 4ª, 0m,30.
Espessura das taboas, 0m,026.
Obstaculos
Os obstaculos devem ser preparados em uma pista, de modo a poderem ser galgados successivamente; sua largura deve ser tal que cada um possa ser transposto por diversos homens simultaneamente. As dimensões aqui dadas são apenas exemplos.
a) Armação com postes de degráos, cordas e escadas verticaes e obliquas (Fig. 30, a, b, c)
Havendo postes com degráos são dispensaveis as escadas verticaes.
A armação é formada por dous ou tres supportes verticaes de madeira com 0m,21 de secção, sobremontados por uma trave da mesma esquadria.
A distancia dos supportes entre si e o comprimento da trave dependem do numero de postes, cordas e escadas a estabelecer. Sua altura acima do solo é de 5m,50. Os supportes podem ser aproveitados para barra fixa ou para postes de degráos; elles ficam enterrados de 1m,50 a 1m,70, repousando sobre um dormente a que se acham solidamente presos e escorados. A juncção das peças faz-se por encaixe na propria madeira ou por meio de grampos e parafusos de ferro.
Na trave superior fixam-se as hastes de ferro para subir e a corda dupla. As cordas teem 0m,04 de espessura e distam entre si de 0m,55, presas por meio de ganchos e olhaes de ferro. As hastes de ferro teem o diametro de 0m,06, e podem ser fixas na trave e no chão ou pender como as cordas; neste caso convém que sua extremidade inferior penetre em uma cavidade de 0m,30 de diametro, para limitar seu balanço. O intervallo entre a corda e as hastes deve ser pelo menos de 0m,85 a 1m,15, conforme o exigirem as proporções e segundo os supportes forem ou não munidos de degráos.
Onde o terreno fôr exiguo ou por economia póde-se aproveitar um dos supportes da armação para a barra fixa, montando-a perpendicularmente á armação ou em seu prolongamento. Em um dos supportes existem degráos, de arestas arredondadas, de 0m,60 a 0m,65 de comprimento e 0m,05 de largura. A distancia de um degráo ao outro é de 0m,33, e são encaixados por seu meio em cauda de andorinha e presos por parafusos.
Existe ainda na armação uma escada vertical e uma obliqua.
Os banzos da escada teem a secção de 0m,06 por 0m,10 e são separados de 0m,40; suas arestas são arredondadas, ao passo que as dos degráos são vivas. Os degráos teem a secção de 0m,04 por 0m,025 e a distancia entre elles é de 0m,33. A escada vertical fixa-se e é fincada no chão: si este fôr assoalhado a fixação terá logar por meio de cantoneiras de ferro.
A escada obliqua é apoiada contra o supporte de degráos e a elle presa por ganchos. Póde tambem ser apoiada á trave e não deve excedel-a em altura.
b) Barra oscillante (Fig. 31)
E’ constituida por uma viga tronco conica circular de 7 a 8 metros de comprimento, a superficie superior não aplainada, o diametro de uma das extremidades sendo de 0m,20 e o da outra de 0m,15.
A barra prende-se por sua extremidade mais grossa entre dous esteios de um metro de altura: as cabeças desses esteios são ligadas por uma travessa Elles são atravessados por um parafuso de ferro com porca, o qual atravessa tambem a barra ou serve-lhe sómente de apoio: neste caso impede-se o deslocamento da barra para cima, por meio de uma correia ou corda. A barra tem um segundo ponto de apoio, constituido por um cavallete movel, com 0m,90 a um metro de altura.
g) Fosso para salto em largura (Fig. 32)
Sua largura é de quatro metros, sua secção é triangular; na margem de partida a profundidade é de um metro. O fundo tem um revestimento de areia grossa ou pó de serra, com uma espessura de 0m,20, pelo menos.
A escarpa e a berma são revestidas de taboas.
h) Fosso ou trincheira para salto em profundidade (Fig. 34)
O talude da trincheira ou escarpa do fosso deve ter a altura de 1m,50 a 1m,70 e a inclinação de 4:1. O chão deante do talude ou o fundo do fosso deve ter um revestimento como em g).
j) Cerca viva ou sebe (Fig. 33)
Altura 0m,75 a 0m,85. A sebe póde ser feita de fachinas entrançadas ou de sapé, macega ou varas dispostas verticalmente, e póde ser fixa ou transportavel.
k) Cerca de madeira ou muro baixo (Fig. 35)
Altura 1m,65. A cerca é constituida por tres esteios enterrados no chão de 0m,80, ligados por duas travessas horizontaes. A travessa superior limita a cerca. Sobre as duas travessas pregam-se as taboas.
l) Cerca de madeira ou muro alto (Fig. 36)
Altura 1m,80 a 2m,20. Construcção semelhante á anterior. Os esteios devem penetrar sufficientemente no chão para impedir a oscillação.
m) Fosso de fortificação (Fig. 37)
Secção trapezoidal, largura da bocca sete metros. O fosso é atravessado por traves ou pranchas de 0m,50 a 0m,60 de largura, com a superficie superior plana, e guardando intervallos taes que um homem cahindo não toque á trave ou prancha visinha.
Caso ellas não offereçam sufficiente resistencia á flexão, dever-se-ha reforçal-as por meio de uma trave ou prancha de 0m,08 de largura, collocada por baixo, de cutello e presa por parafusos. Em seu logar podem ser empregados pontilhões. (Fig. 38 a e b.)
Os pontilhões são formados por duas lengarians de oito metros de comprimento, 0m,125 de altura a 0m,075 de largura, collocadas de cutello, com o intervallo de 0m,50, coberas de taboas espaçadas de 0m,01.
As longarinas são ligadas pela parte inferior por quatro barras de ferro equidistantes, as quaes são, por sua vez, ligadas por dous pares de varões de ferro; cada par de varões é ligado no meio por uma dupla porca, que permitte graduar a oscillação do pontilhão.
n) Escadas portateis (Fig. 39)
Sua altura é variavel e está comprehendida entre quatro e cinco metros ou sete e oito.
As outras dimensões são as estabelecidas na lettra c).
A madeira não deve ter nós e deve resistir ao peso de dous ou tres homens; ao mesmo tempo deve ser bastante leve para poder ser transportada por dous homens.
Para impedir que os banzos se separem, desencaixando os degráos, convém ligal-os por meio de dous ou mais parafusos com porcas, collocadas por baixo dos degráos.
o) Cordas para corrimãos
Teem a espessura de cerca de 0m,02 e o comprimento varia segundo a necessidade.
Observações finaes
A acquisição dos apparelhos e construcções dos obstaculos, dependem dos recursos disponiveis, e podem ser dispensados, uma vez que se disponha de outros objectos apropriados aos respectivos exercicios.
Os fossos de fortificação podem ter dimensões menores do que as estabelecidas neste regulamento.
Podem se fazer exercicios de escalada em uma cerca de madeira, como representa a figura 36, ou em um muro da mesma altura, ou ainda na escarpa do fosso de fortificação.
EXEMPLOS DE SERIES DE EXERCICIOS
I
Por tempos ! Flexão dos pés ! Um ! dous ! ...Alto !
Quadris firmes ! Por tempos ! Flexão das pernas ! Um ! dous ! ... Alto !
Afastar o pé direito – marche ! Por tempos ! Flexão do tronco ! Um ! dous ! ... Alto ! Sentido !
Por tempos ! Braços acima ! Um ! dous ! ... Alto !
A’ frente ! Um ! dous ! ... Alto !
Quadris firmes ! Por tempos ! Flexão da cabeça ! Um ! dous ! ... Alto !
Salto em altura – preparar ! Marche ! Preparar ! marche !... Descançar !
ERROS PRINCIPAES
1. Separar os calcanhares e joelhos na flexão do pés.
2. Separar os calcanhares na flexão das pernas.
3. Inclinar o tronco para traz no levantar as pernas.
4. Recuar o assento na flexão do tronco á frente.
5. Não baixar a cabeça na flexão do tronco.
6. Avançar ou recuar os cotovellos no tempo – um da flexão dos braços á frente (acima).
7. Curvar as mãos ao distender os braços.
8. Mover o tronco na flexão da cabeça.
9. Separar os joelhos e calcanhares no salto em altura.
II
Quadris firmes! Afastar o pé esquerdo – marche! Por tempos! Flexão dos pés! Um! dous! Alto! Sentido!
Avançar o pé direito – marche! Salto em frente – marche! A’ retaguarda – marche! Sentido!
Avançar o pé esquerdo – marche! Salto á retaguarda – marche! Em frente – marche! Sentido!
Por tempos! Braços aos lados! Um! dous! Sentido!
Quadris firmes! Olhar á direita ! Olhar á esquerda ! Olhar frente! Sentido!
Salto em altura – preparar! marche! Descançar!
ERROS PRINCIPAES
1. Ao afastar o pé leval-o á frente ou á retaguarda do alinhamento.
2. Ao avançar o pé inclinar o tronco á frente ou á retaguarda.
3. No olhar ao lado, baixar ou inclinar a cabeça.
III
Quadris firmes! Por tempos! Flexão dos pés! Um! Quatro passos em frente – marche! Alto!
Levantar a perna direita ao lado – marche! Alto! (Levantar a perna) esquerda (ao lado) – marche! Alto!
Afastar o pé direito – marche! Por tempos! Movimento giratorio do tronco! Um! dous! Sentido!
Por tempos! Movimento giratorio do braço direito – preparar! Um!... dous!... Alto! Do braço esquerdo – preparar! um!... dous!... Sentido!
Por tempos! Movimento giratorio da cabeça – preparar! Um! dous! Alto! Sentido!
Avançar o pé direito – marche! Salto em frente – marche! (Salto) em frente – marche!
Avançar o pé esquerdo – marche! Salto em frente – marche! (Salto) em frente – marche! Sentido! Descançar!
ERROS PRINCIPAES
1. Inclinar o corpo para o lado opposto á perna levantada.
2. Levantar um calcanhar ou curvar uma perna no movimento giratorio do tronco.
3. Não conservar o tronco firme no movimento giratorio da cabeça.
4. Inclinar-se para trás no salto em frente.
IV
Quadris firmes! Por tempos! Flexão lateral da cabeça! Um! Dous!... Alto!
Por tempos! Braços á frente! Um! Dous!... Movimento horizontal dos braços, respirando á vontade! Alto! Sentido!
Por tempos! Flexão do pé direito – preparar! Um! dous!... Alto!
Movimento giratorio! Um! dous!... Alto!
Do pé esquerdo – preparar! Um! dous! Alto!
Movimento giratorio! Um!... dous!... Alto! Sentido!
Por tempos! Movimento giratorio da mão direita – preparar! Um!... dous!... Alto!
Da mão esquerda – preparar! Um!... dous!... Alto! Descançar!
ERROS PRINCIPAES
1. Girar a cabeça na flexão lateral.
2. Não fechar a bocca nos movimentos dos braços respirando a não fazer ouvir a inspiração.
3. Inclinar o corpo na flexão do pé ou da mão.
Rio de Janeiro, 9 de abril de 1919. – Alberto Cardoso de Aguiar.